Esta é uma questão ainda em aberto. Há várias hipóteses. O
bipedismo (que permitiu a marcha e uma visão mais vasta do horizonte) e
posteriormente a linguagem originaram transformações radicais nas sociedades
primitivas. Isto originou saltos qualitativos na evolução. Vários autores
destacam a linguagem como o fator determinante para a inteligência humana. Há
cerca de 5 ou 6 milhões de anos, o aparecimento da cultura dos australopitecus
originou algumas estruturas sociais essenciais, nomeadamente a ligação entre
casais para reforçar a proteção, aumentar a cooperação na obtenção de alimento
e assegurar a sobrevivência da espécie através de uma maior proteção das
crianças.
Outra mudança extraordinária e vital deu-se há cerca de 2
milhões de anos quando, gradualmente, o tamanho do cérebro começou a
expandir-se e tornou possível aumentar a capacidade de memória e de
aprendizagem.
Para Edgar Morin (2000) a caça foi a grande impulsionadora
da inteligência humana fazendo dos homens primitivos intérpretes de um grande
número de estímulos sensoriais ambíguos e fracos que passaram a constituir
sinais, indicações, mensagens, espevitando a inteligência, e "fazendo-a
lutar por aquilo que há de mais hábil e de mais manhoso na natureza, o animal
presa e o animal predador, pois ambos dissimulam, esquivam e enganam".
Já o professor Jonathan H. Turner (2003) defende que foram
as emoções , ou seja, o amplo leque de emoções de que o ser humano dispõe, que
lhe permitiram desenvolver competências sociais, nomeadamente formas arcaicas
de linguagem e, posteriormente, a fala, aumentando dessa forma a inteligência.
Com efeito, a capacidade cognitiva necessária para se viver
em grande grupos é considerável pois estes são instáveis, exigentes, feitos de
indivíduos heterogéneos e, por conseguinte, exigindo de cada um várias aptidões
como a memória, a capacidade de interpretar, compreender e prever as reacções
dos outros, e a comunicação interpessoal. Ao longo de muitos milhares de
gerações o cérebro foi acumulando novas estruturas e desenvolvendo novas
capacidades à medida que os humanos primitivos procuravam adaptar-se ao mundo
hostil que os rodeava e para o qual tinham permanentemente de estar preparados
para se defenderem.
A evolução da mente terá partido, por conseguinte, dos
centros operacionais arcaicos (apenas necessários à sobrevivência) chegando
lentamente às atuais estruturas cognitivas responsáveis pelo pensamento e a
auto-consciência.
Muitas perguntas persistem. Na verdade,
onde apareceu a nossa espécie? De quem descendemos, efetivamente? Como nos
tornamos tão inteligentes ao ponto de transformarmos radicalmente a superfície
do planeta Terra comoo nenhum outro ser vivo o fez?
Nelson S Lima