As emoções são frequentemente entendidas como os
produtos menos disciplinados e lúcidos da mente humana. Na verdade, esse
entendimento constitui um erro. As emoções são um dos mais inteligentes
sistemas adaptativos de que dispomos (e que também servem muitas outras
espécies animais). Elas existem para cumprir vários papéis, um dos quais é a
sobrevivência.
Estudar e compreender as emoções e as suas
nuances deve ser uma preocupação de todos aqueles que buscam o prazer de viver
e a felicidade. Infelizmente, não é matéria escolar e isso constitui um dos
pontos fracos do sistema de ensino. As crianças aprendem a usar o intelecto
para registar muita informação mas nada lhes é fornecido para aprenderem a
conhecer-se melhor a si mesmas e aos outros. Quando muito, têm aulas de
educação cívica, moral e ética que pouco mais informam do que umas quantas
regras básicas de comportamento.
O papel do prazer
Um dos sentimentos mais curiosos do nosso mundo
emocional é o prazer. O prazer é decididamente um instrumento de sobrevivência
que também está presente num largo número de espécies animais, mesmo entre
aqueles que nos parecem menos dotados de racionalidade como são os répteis.
Buscando o prazer sensorial, os animais partem à
procura de situações que os façam sentir bem. Com isso diminuem o stress,
melhoram suas defesas imunitárias e sentem prazer de viver pois dá-lhes uma
sensação de bem-estar. Podem não raciocinar sobre isso, como nós fazemos, mas
está provado que o prazer altera as suas reações e comportamentos.
As animais também amam ou são meras respostas adaptativas?
Um dos fenómenos que está sendo estudado é a
aliestesia, isto é, a capacidade que os animais têm de perceber o que é
agradável e o que é desagradável fazendo-os mudar de ambiente para procurar
sentirem-se melhor. Poderá ser instintivo mas isso acontece.
Outro aspeto interessante é que muitos animais,
tidos como "menores", como muitos mamíferos e as aves, podem
demonstrar comportamentos afetuosos, amor entre si mesmos e até com os humanos
que os tratem bem. É conhecido o caso dos corvos que acasalam com o mesmo
parceiro ao longo da vida. Para muitos cientistas este comportamento reflecte
alguma forma de prazer partilhado, ou seja, um reflexo afetivo, talvez não
percebido pelos próprios mas que seus cérebros denunciam quando examinados em
laboratório.