A propósito deste tema, Harold S. Kushner, autor do livro
best-seller "Quando Acontecem Coisas Más às Pessoas Boas" escreveu,
num outro livro, mais recente, "Saber Viver Num Mundo Incerto", o
seguinte: "o desaparecimento dos seres humanos do nosso planeta implicaria
o desaparecimento de Deus" (pág.104). Kushner é um rabino, um
famoso homem da Igreja.
Ver as coisas deste modo, obriga-nos a ter uma mente aberta. Sejamos crentes, ateus ou agnósticos.
Também a propósito de um outro livro fantástico, de Alan
Weisman, "O Mundo Sem Nós" (2007), Kushner diz que "num certo
sentido, a questão não é se Deus salvará os seres humanos da extinção, mas se
os seres humanos salvarão Deus de desaparecer em resultado da sua
autodestruição (pág.105).
Finalmente, Kushner, que foi premiado pela Igreja Católica,
afirma: "Se retirarmos os seres humanos do planeta, também retiramos
Deus" e "um mundo sem pessoas seria um mundo sem Deus".
Como é óbvio, Kushner fala do Deus criado pelo Homem, aquele
em que as pessoas crêem porque precisam de acreditar para se sentirem mais
seguras. É o resultado da nossa pequenez perante os grandes medos da Humanidade
como a doença e a morte (ver nota que escrevi sobre o assunto) que levaram os
antigos a procurar deuses e depois um Deus Superior e único.
Eu creio que as pessoas estão de boa fé ao acreditarem e
seguirem o "seu" Deus. Mas penso (reparem que não digo
"acredito") que o "Deus" de que os crentes falam é uma
outra instância que está para além de tudo quanto possamos imaginar, para além
da minha compreensão.
Autores como Deepak Chopra defendem um conceito de Deus que
é mais próximo do meu. Para aquele autor, Deus é algo mais do que o Deus
popular que as pessoas adoram com alguma idolatria ingênua pelo meio. Deus é a
inteligência que está por todo o Universo, por todo o mundo conhecido e
desconhecido. É a essência da Vida. É imaterial. É pura energia e informação.
Atrevo-me a dizer que quando os estudiosos observam as
estrelas mais afastadas do Universo ou quando investigam os processos que
ocorrem em cada célula dos organismos vivos eles estão muito mais próximos de
"ver Deus" do que aqueles que a ele rezam todos os dias.
Por isso é que cada vez mais pessoas dizem, sem complexos,
que a Ciência e a Espiritualidade andam de mãos dadas (ainda que os seus
agentes teimem em dizer que não).
Ora, a meu ver, não há oposição. A VIDA, como eu a entendo,
tem os dois "campos de ação" entrelaçados: o espiritual (imaterial) e
o científico (material). É por isso que há, muitas vezes, "milagres"
e outros eventos que não entendemos ainda. E muitas mais horizontes que
desconhecemos por enquanto.
Ver as coisas deste modo, obriga-nos a ter uma mente aberta. Sejamos crentes, ateus ou agnósticos.
Nelson S Lima