Tem havido uma verdadeira euforia no que respeita ao tema
"empreendedorismo". É um dos temas da atualidade que, sobretudo nas
áreas dos "novos negócios", tem merecido grande destaque na imprensa
e em programas de TV.
Na generalidade, a ideia é fomentar iniciativas que visem a
criação de empresas de "grande potencial". Os jovens têm sido
aliciados a entrar na onda quer através de algumas organizações que nasceram
para isso mesmo quer através dos Governos que desejam apostar em ideias
empreendedoras que agitem a economia (e façam baixar o desemprego).
O entusiasmo vai ao ponto de muitos jovens apostarem as suas
carreiras (abandonando empregos seguros ou desviando-se dos seus cursos
universitários) em negócios de todo o género e feitio, por vezes excessivamente
irrealistas e visivelmente utópicos.
Sabe-se há muito tempo que a probabilidade de sucesso de
novos negócios é muito baixa. E quando eles têm como ponto de partida ideias
que pouco ou nenhum aproveitamento garantem aos seus promotores (exceto na
cabeça deles) a fracasso é muito mais viável do que o desejado êxito.
GARANTIA DE SUCESSO? UMA INCÓGNITA
Felizmente, um dia destes um jornal português divulgou uma
iniciativa muito útil e oportuna: a de uma organização que coloca frente-a-frente
casos de "insucesso" e em que os intervenientes contam as suas
desventuras. E não são poucos, como seria de esperar.
É uma "chamada à realidade" para os mais jovens
que acreditam que basta ter uma boa ideia e capital para se lançarem na aventura
do empreendedorismo. Nada de mais errado. Lamentável é existirem organizações
que se aproveitam da ingenuidade de muitos para serem elas a ganharem dinheiro.
Os jovens que se cuidem porque o mercado, o mundo e a época
não permitem escorregadelas, algumas de consequências bem melindrosas. E não se
deixem levar por tentações fáceis sem estarem devidamente preparados e
informados.
Lembro, a título de exemplo, que mais de 90% das
"startups" (empreendimentos inovadores) tecnológicas fracassam nos
primeiros anos de funcionamento.
Muitos dos sonhos que ficam pelo caminho deixam marcas
dolorosas nos envolvidos (e nos bolsos dos investidores).
Sejam empreendedores, sim, mas com realismo quanto baste e
com a devida preparação e lucidez (que é coisa rara). Nos negócios não há
milagres. Há mais do que isso.