O saber fazer juizos é uma capacidade
inerente à inteligência. Significa julgar, formar opiniões, chegar a
conclusões.
A todo o momento produzimos juizos, isto é, apreciações seguidas de
conclusões. Com essa capacidade aprofundamos a nossa relação com o mundo.
Todavia, como muitos outros, é um processo mental muito subjetivo.
Existem dois tipos principais de juizos: juizos de valor
(que fazem a distinção de uma qualidade de outra qualidade de algo ou de
alguém) e juizos de existência (sobre a realidade objectiva ou subjectiva que
nos é dada observar e perceber).
Podemos falar ainda de "juizo crítico" como um
processo de avaliação e elaboração de algo ou situação particular comparando os
valores relativos dos diferentes aspectos envolvidos. Exige uma boa dose de
informação e de conhecimento a respeito do que ajuizamos (julgamos) e um bom
trabalho de gestão desses recursos.
A nossa capacidade julgar é afetada pela natureza da nossa
personalidade, das nossas capacidades intelectuais, dos estados emocionais, de
factores culturais e sociais, etc.
Mas aprofundemos mais o tema. Para se ter uma boa capacidade
de tecer juizos é necessário que, previamente, a pessoa tenha uma outra aptidão
intacta: é o chamado "insight" - capacidade de estar consciente de si
mesmo e do mundo externo. Inclui por conseguinte o auto-conhecimento e envolve
os sentidos, a perceção, o pensamento, as emoções, etc. O "insight" não é uma função
psíquica única sendo modelado pelos mecanismos de defesa, a personalidade, as
circunstâncias sociais, a educação, o estado de saúde, etc. (com efeito, um bom
"insight" pressupõe a integridade das funções cognitivas).
Uma pessoa com um bom "insight" utiliza o
conhecimento, integra-o e interpreta-o pelo que faz uso do chamado
"pensamento conceptual de alto nível". Sem um bom "insight"
não formulamos bons juizos, equilibrados e sensatos.
Num mundo cada vez mais complexo e em que a informação se
renova e amplia a todo o instante, a capacidade de tecer juizos e opiniões é
igualmente cada vez mais solicitada. Isso aumenta a nossa responsabilidade por
tudo aquilo que pensarmos e dissermos acerca das pessoas e dos acontecimentos.
Infelizmente, essa capacidade não está distribuida de forma
equilibrada na população. E num mundo em que toda a gente opina sobre tudo e
mais alguma coisa (veja-se o que se passa, por exemplo, na atividade política) convém
estarmos preparados para sermos bons "juizes".
Nelson S Lima