Documento integral da minha entrevista dada à jornalista Amanda Gomes (www.tematica-rs.com.br), Brasil.
O que significa ser inteligente no ramo empresarial?
Nelson S Lima: A complexidade das organizações empresariais exige
faculdades pessoais e competências profissionais que assegurem uma elevada
performance. Os mercados mostram-se crescentemente exigentes devido a fenômenos
como a globalização, a vertigem da mudança de paradigma nos negócios, a eclosão
de uma diversidade enorme de nichos de mercado, as flutuações e incertezas
próprias de uma economia fragilizada por sucessivas crises, tudo isto obriga os
profissionais a terem um preparo psicológico de alto rendimento e resistência
(física, emocional e intelectual).
- A inteligência está ligada ao sucesso? Por quê?
NSL:Neste cenário de complexidade, a inteligência se perfila
como uma faculdade que deve ser levada em consideração e trabalhada. Três tipos
de inteligência são requeridas no mundo dos negócios: a analítica, a executiva
e a inteligência de risco as quais, no seu conjunto, podem ser consideradas
como essenciais para o sucesso. Esta inteligência integral focalizada em três
grandes áreas não dispensa, naturalmente, habilidades como a regulação
emocional para uma boa gestão da ansiedade, do stress, dos relacionamentos
humanos e do equilíbrio corpo/mente. Na inteligência se destaca também a
necessidade de aprimorar o senso crítico e
uma boa organização mental que permita elaborar um eficaz mapeamento das
múltiplas tarefas e etapas de todos os processos empresariais e negociais.
- No momento de fechar um negócio, que ponderações são
consideradas inteligentes?
NSL: A ponderação é a mãe da boa tomada de decisões, sobretudo
tendo em consideração que no mundo dos negócios existe também muita
subjectividade. Essa subjectividade resulta de problemas vários que estão
sempre presentes nas atividades humanas como o acaso, a surpresa, a
falibilidade e o imprevisto. Assim sendo, a ponderação apela a nossa capacidade
de "juízo crítico" (competência intelectual para fazer boas
avaliações das situações), a reunião de informação considerada essencial, o
foco nos pontos críticos e decisivos e o distanciamento emocional (para evitar
decisões precipitadas e forçadas por emoções indesejáveis). Por fim, é
necessário assegurar uma outra aptidão que tem sido descurada: trabalhar dentro
de um horizonte de tempo que permita agir mentalmente num futuro
não-improvável. Que significa isto? O horizonte de tempo é a capacidade que nos
permite trabalhar com indicadores que nos forneçam elementos sobre o
"amanhã". Um bom exemplo de um indicador é a análise de tendências.
Outro é o "ciclo de vida" dos mercados em que trabalhamos (em que
ponto eles estão e qual a "esperança de vida" deles).
Esta atenção cuidada pode evitar ser-se apanhado de
surpresa, por exemplo, por um mercado em "fim de vida" apesar dos
bons desempenhos que ainda reflitam vitalidade, mas que dispensam novos
investimentos avultados. Uma boa "varredura" que ajude à elaboração
regular de análises estratégicas a mercados, produtos e outros elementos é
também uma ferramenta indispensável do decisor inteligente.
- Em momentos decisivos, que importância tem a inteligência?
NSL: É nos momentos decisivos que a inteligência (que é muito
mais do que a habilidade para resolver problemas) se mostra de crucial
importância. A pessoa menos dotada será mais lenta e indecisa em situações
críticas. Uma boa destreza e flexibilidade mental, uma abertura para o novo
(exigindo pensamento criativo) e uma capacidade de se focar no essencial
combinados com boa formação cívica e profissional, experiência significativa e
personalidade empreendedora fazem da inteligência um instrumento de sucesso. Ou
seja, a inteligência, pese embora a sua importância, deve ser sempre
acompanhada de mais atributos para um alto desempenho.
- As emoções podem atrapalhar a inteligência?
NSL: No capítulo das emoções, o ponto ideal é o equilíbrio.
Emoções extremas (positivas ou negativas) podem, sim, atrapalhar a afirmação de
comportamentos inteligentes, nomeadamente as tomadas de decisão.
O estado atual do universo dos negócios exige pessoas
qualificadas e com um perfil psicológico adequado às funções (analíticas,
executivas ou estratégicas) que lhes sejam atribuídas. Uma boa administração do
tempo, da saúde (com especial relevo para uma alimentação nutritiva) e das
relações humanos ajudam também a uma maior dinâmica profissional.
Todo o profissional deve pugnar por uma boa saúde emocional,
sendo preferível afastar-se do seu trabalho até se sentir capaz quando está
sofrendo de problemas que o tornem agitado, inseguro, ansioso ou desmotivado.
Pessoas carregando estresse crónico ou vivenciando sentimentos depressivos
podem tomar decisões erradas, por vezes com grandes perdas para a empresa e
gerando, depois, sentimentos de culpa e outras consequências mais ou menos
graves para elas.
Nelson S Lima