SOMOS UM TODO INTEGRADO NUM TODO MAIOR
Sob o atual paradigma holístico (isto é, na perspectiva de
que o mundo e a vida são um todo da qual tudo faz parte, tudo está integrado e
tudo se processa em interdependência e inter relação), a psique não mais se
pode apresentar como algo inseparável do corpo, do ambiente, da cultura, do
lugar, da época e de muitos outros elementos e processos.
Como o nosso corpo/organismo é o resultado da atividade de
vários sistemas interligados e interdependentes, convém perceber que a ideia de
separação corpo-mente está visivelmente ultrapassada (chama-se a essa visão
"dualista").
O nosso organismo não pode ser visto como independente das
faculdades e processos mentais nem estas separadas do organismo. Tudo é energia
e informação, ou seja, diferentes formas de energia e diferentes conteúdos de
informação.
Matéria, vida e psique são, elas próprias, energias subtis
que se manifestam de modo próprio. Servem-se de sistemas em atividade e mutação
constante. Podemos dizer que são acontecimentos transitórios em que
PROGRAMAÇÃO, INFORMAÇÃO, CONSCIÊNCIA e CONHECIMENTO se apresentam como seus
principais constituintes.
Os eventos mentais - de que se ocupa a Psicologia - não
estão isolados nem do resto do organismo nem do resto do mundo. A mente humana
(à escala individual) não tem fronteiras e não está aprisionada no crânio. Ela
faz parte do que hoje é conhecido como "consciência cósmica" (já
referido por William James há muitos anos).
Principais aspectos a considerar:
- mente/organismo são inseparáveis (por isso todas as
doenças são psicossomáticas e/ou somatopsíquicas, isto é, estão relacionadas:
corpo>>mente e/ou mente>>corpo); não há separação;
- tudo é subjetivo;
- a mente é feita (processa-se) de acontecimentos (eventos);
- a mente individual - que se exprime através da linguagem,
dos comportamentos, etc. - está ligada às outras mentes individuais;
- existem diferentes estados de consciência (e a realidade
objetiva em que nos sentimos viver é função do estado de consciência em que nos
encontramos);
- a psicologia não se confina às três dimensões do
espaço/tempo;
- a mente (ou os eventos mentais) vive num campo de
múltiplas possibilidades (quase infinitas);
- toda a nossa evolução pessoal não está confinada ao
intelecto e ao emocional mas também ao instintivo, ao intuitivo, ao
transpessoal e ao parapsicológico (fatores PSI e subfatores PES e PK de Rhine);
- possibilidade de vivências de realidades extra-sensoriais
que explicam determinados acontecimentos até agora tidos como
"milagres" (não há milagres mas transformações que resultam do campo
aberto e ilimitado em que a mente atua);
- abertura da medicina corpo-mente a terapias não
convencionais como a psicossíntese, a bioenergética, as terapias de transe, a
hipnoterapia, a filosofia clínica, a terapia transpessoal, a síntese
transacional, o yoga, o tai-chi, etc.);
- estudos sobre a cosmopsicologia (antiga astrologia)
tornam-se cada vez mais aceites pela ciência do novo paradigma holístico como
um campo de pesquisa a considerar.
Tudo isto reflete algo mais importante e revolucionário que
se está a verificar para bem de nós todos: a ciência vive, finalmente, um
mudança de paradigma, isto é, uma mudança dos princípios e axiomas básicos que
a tem sustentado. Hoje, os médicos (e os psicólogos) devem orientar-se pelo
princípio de que é mais fácil prevenir do que curar e também pela máxima de
que, mais importante do que a doença, é o doente!
Por isso, é o doente como um todo que deve ser tratado e não
apenas a sua doença, pois esta está relacionada até com a sua personalidade e
muitos outros fatores pessoais, ambientais, estilo de vida, visão do mundo,
etc.
Nelson S. Lima