É fácil de entender que milhares de memórias e conhecimentos
estejam fora do nosso alcance consciente e estejam algures espalhados no
cérebro. Basta lembrar-nos como, de repente, temos uma ideia ou uma solução que
buscávamos sem sucesso.
Ou então, o material dos sonhos. Onde está esse material que
alimenta os sonhos que ocupam uma boa parte do nosso sono? Mais ainda: aquilo
que se chama intuição - uma espécie de conhecimento difuso mas que muitas vezes
está certo. Onde se gera a intuição? E os pensamentos? De onde vêm os pensamentos? Já reparou que
estamos sempre a pensar em alguma coisa? Na verdade, eles são produzidos por
campos de energia psíquica de que não temos previamente consciência.
Podemos afirmar que o mundo inconsciente da psique é enorme,
intemporal e não ocupa espaço no cérebro. Está lá e não está. Há toda uma
actividade mental, incluindo emoções, que desconhecemos e que interferem na
nossa vida consciente.
Mais impressionante ainda: está demonstrado cientificamente
que tomamos as nossas decisões meio segundo antes de sabermos o que decidimos.
É como se uma inteligência inconsciente agisse em nosso nome pondo em causa a
ideia de que somos seres independentes e que mandamos nos nossos pensamentos.
Parece que não é bem assim que as coisas se passam.
Os processos inconscientes ajudam a automatizar gestos. Por
exemplo: depois de muito treino um atleta ou um artista executa as suas provas
de forma natural, sem necessidade de pensar o que fazer a não ser manter-se
concentrado. Mas o conteúdo da competência foi aprendido e depois age sob o
efeito do inconsciente cognitivo. Todos os dias os nossos sentidos captam
milhões de informações (imagens, sons, cheiros, etc).
A maior parte dessa informação nós não damos conta dela pois
é recolhida de forma não consciente. Ela fica guardada na memória. O registo é
automático, quer queiramos quer não. Depois, mais cedo ou mais tarde, esse
material vai alimentar ideias, pensamentos, intuições e sonhos. Ele dirige nossos
comportamentos e escolhas. Alimenta a nossa personalidade.
Nelson S Lima