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É difícil ser amado?

Um amor não correspondido dá origem a decepção e sofrimento. Isto não é novo. Sempre foi assim em todos os tempos.O problema actual é outro. Os humanos parecem estar a perder a capacidade de amar! Ou melhor, são capazes de amar mas dedicam-se menos ao amor.

Tenho reparado que as pessoas, hoje em dia, amam cada vez mais à distância....por telemóvel, por internet e em silêncio. Na verdade, correspondem-se uns com os outros, avidamente, teclando. Mas vão perdendo o sentido das prioridades. Muitas pessoas comunicam por necessidade de comunicar, mais para se fazerem ouvir (ou ler) do que para ouvirem e lerem os outros. No amor parece estar a acontecer o mesmo.

Nas famílias actuais as pessoas estão mais tempo a ver televisão, a teclar no computador ou a tagalerar ao telefone. Para além de que passam mais tempo com os colegas de trabalho do que com os filhos ou com o seu (sua) companheiro(a). O cenário é, neste capítulo, decepcionante.

Não é por acaso que as famílias estão a desestruturar-se, aumentam os divórcios e vive cada um para o seu mundo.O que é o amor?O amor é um sentimento multifocal. É, segundo a psicologia, uma confluência de paixão, intimidade e união. Está ligado a numerosas emoções e influencia os comportamentos. O amor, ele próprio, combina-se com sentimentos de fundo como a excitação, o bem-estar, o entusiasmo e a harmonia.

O amor influencia também o estado do nosso Eu (nas suas dimensões espiritual, psíquica e física) e pode contribuir para o enriquecimento da auto-estima. O que quer dizer que, na ausência do sentimento do amor, ou na sua falta de correspondência, o nosso psiquismo pode falhar, sofrer rupturas e provocar sentimentos de frustação, desânimo, tristeza e depressão.

O ser humano está predisposto geneticamente para amar e ser amado porque é um animal profundamente social, envolvido em múltiplas redes de relações (familiares, comunitárias, laborais, etc.). Os sentimentos têm servido ao Homem para o influenciar na sua percepção de si e do mundo e levá-lo a agir no e sobre o mundo. O amor, em particular, é um estimulante poderoso (motivador) da acção. Já a falta de amor conduz à inacção.O desenvolvimento da capacidade de amar depende de factores históricos, culturais e familiares.

O amor, hoje, é diferente de épocas passadas. Por exemplo, no período do Romantismo (final do século XVIII e grande parte do século XIX) o amor estava associado à paixão - um sentimento intenso, contemplativo e subversivo. Ele era sentido como emancipador mesmo que trágico como na história de Romeu e Julieta.Actualmente, o amor é mais dominado pela racionalidade. O amor já não provoca escravidão como antes da época do Romantismo.

O sofrimento é mais limitado nas suas consequências e não amar para toda a vida já não constitui um drama para a maioria das pessoas. O amor romântico, por exemplo, ainda que procurado por muitas pessoas, não passa actualmente de um mito. "A paixão de hoje é mercadoria de consumo. Não mais a ver com o destino, com os riscos, com o enfrentamento" - escreveu Renato Ribeiro, professor titular de Ética e Filosofia Política.

As transformações sociais modificaram um pouco a forma como o amor é percebido, sentido e gerido. O modo de amar depende muito das aprendizagens sociais nos primeiros anos de vida. Num mundo em que aumentam os divórcios entre casais os filhos ficam menos preparados para relacionamentos amorosos duradouros.Por outro lado, actualmente, ensina-se mais sobre as relações sexuais do que sobre as relações amorosas. Os jovens sabem mais sobre sexo do que sobre amor. E isto influencia o seu comportamento no mundo. É de prever que no futuro os divórcios tendam a aumentar e a própria instituição do casamento, tal como a conhecemos hoje, desapareça.
Nelson Lima