O exercício de viver é, para qualquer ser, seja uma jovem e inofensiva
bactéria ou a maior e mais vetusta sequóia da Califórnia, um desafio constante
e não livre de percalços. É claro que para uma animalzinho que só conseguimos
detectar com a ajuda de um bom microcóspio ou uma árvore volumosa que pode ter
mais de 100 metros de altura e 3 ou 4 mil anos de vida, a questão da
sobrevivência está dependente de mecanismos biológicos e factores ecológicos
que a Natureza se encarrega de gerir com maior ou menor sucesso.
No caso dos humanos, seres que se apresentam mais complexos do que uma
bactéria mas menos rijos do que uma sequóia (e, garantidamente, menos
duradouros) a esperança de uma vida bem-sucedida reclama outros predicados que
ultrapassam os oferecidos directa e exclusivamente pelo determinismo
biológico. Não quer isto dizer que uma bactéria ou uma sequóia não sejam seres
dotados de inteligência (ou até mesmo de alguma forma subtil de mente). Mas
certamente que os seus problemas – mesmo na ausência de um sentimento de si -
estão muito mais centrados em garantir a sua própria sobrevivência (e a da
espécie mais a dos reinos - animal e vegetal -
a que pertencem) do que em questões mais complexas e intrigantes como a
auto-confiança.
Se uma bactéria ou uma sequóia têm algum tipo de fé nas suas
capacidades de luta e resistência é algo que, muito provavelmente, a maioria
de nós rejeita porque estamos a falar de organismos que não são (tanto quanto
julgamos saber) auto-conscientes – condição necessária para que um tipo de
sentimento como a auto-confiança se produza (e se justifique).
Como organismos superiormente inteligentes que aparentamos ser (digo
isto com alguma cautela porque não sei bem qual a impressão que estaremos a dar
a uma qualquer civilização avançada que nos observe) a questão da
auto-confiança deve ser levada muito a sério.
Não parece, mas somos muito mais vulneráveis do que uma bactéria ou uma
sequóia (bem, se uma sequóia consegue viver até mais de 4 mil anos, estamos
falados quanto a capacidades de resistência e perseverança!). A questão também
não é de tamanho. Uma bactéria é minúscula quando comparada com qualquer um de
nós mas é sobejamente conhecida a sua competência para se adaptar aos
ambientes mais inóspitos e sobreviver com sucesso.
A vulnerabilidade humana é, sobretudo, de natureza psicológica (sim, eu
sei que se levarmos uma pancada na cabeça também podemos mudar de estado ou até
de condição de vida; uma pancada bem acertada e vigorosa pode atirar-nos para
dentro de uma daquelas embalagens a cuja venda as agências funerárias se
dedicam). Mas, tirando azares como aquele, o nosso organismo (sob a condição de
ser saudável) é bastante resistente, até ao ponto em que convive amigavelmente
com muitos milhões de bactérias que proliferam por todo o corpo (se bem que
tudo isto tem os seus limites pois há bactérias com espírito perigosamente
predador dispostas a engolir-nos a qualquer momento e com o maior dos
à-vontades).
É na psique que vamos encontrar, efectivamente, muitas dos nossos
pontos fracos (a começar pelos vícios, pela tentação de correr riscos estúpidos
e sem nexo, pela mania das grandezas, pelo consumismo desenfreado e por aí
fora) e a auto-confiança é um dos alvos preferidos para quem está em baixo de
forma (sobretudo emocional e espiritual). Assim, temos que a auto-confiança é
um ponto nevrálgico da nossa natureza e um dos suportes das nossas decisões e
comportamentos.
Ora, num mundo agressivamente competitivo e carregado de paradoxos como
é o nosso, precisamos de ter um nível de auto-confiança que não apenas nos
proteja contra as adversidades da existência como também nos ajude a avançar na
vida com o maior sucesso possível.
Ter auto-confiança é acreditar em si mesmo. É construir uma auto-estima saudável. É não ter
medo de arriscar. É gostar daquilo que
faz.
E os ingredientes secretos da auto-confiança
são a energia mental, a motivação e a força de vontade.