Embora voltado para o "futuro já" (o futuro que
enfrentamos a todo o instante) eu sou feito de passado: o meu organismo, os
meus pensamentos, as minhas memórias vêm de lá (se entendermos o passado como
algo que "aconteceu").
O "presente" é fugidio, acaba de imediato
conquistando uma fração do futuro e registando-se no arquivo
"passado". Mas o presente é também o que se conquistou no passado.
Aliás, recuso a ideia de que tudo o que aconteceu no passado
ficou no passado. Ou que apenas temos testemunhos ou memórias. Não. O passado
não acabou. O passado está mergulhado no presente e influencia constantemente o
presente e até o futuro.
No campo da saúde, toda a doença (como todo o bem-estar),
tem uma história. Tem um momento em que começa. E começa a uma escala
subatómica, invisível e que as análises médicas vulgares não captam. Por isso
(e apesar da sua importância) as análises clínicas que fazemos anualmente revelam
praticamente e apenas a "superfície" do estado do organismo
(colesterol, ureia, etc) no dia da análise. É arriscado e tonto dizer-se que
"ah, estou com a saúde a 100% pois as análises que fiz há um mês deram
tudo bem". Há um mês....(quantas mudanças se operaram, entretanto, no
organismo a um nível subatómico?).
As alterações orgânicas começam muito tempo antes de se
manifestarem ao ponto de não poderem ser analisadas pelos processos
convencionais. Um tumor começa por vezes 10 ou mais anos antes de se manifestar
e a um nível não detectável.
O psicólogo William G. Braud, da Fundação da Ciência da
Mente, estudou a possibilidade de se ir ao passado e alterar as reacções do
organismo perante um elemento preverso que despoletará uma doença. Não é uma
viagem de regresso ao passado (como nos filmes) que se pretende. Nem o processo
deve ser confundido com as práticas da hipnoterapia ou da psicanálise.
Objectivamente, a estratégia é mergulhar a mente mais fundo
no organismo e influenciar os átomos do corpo e, a partir daí, as células e em
especial as imunitárias e alterar a sua memória. Sem hipnose.
Da mesma forma que podemos alterar a nossa memória podemos
alterar a memória do corpo. Alterar a memória, neste contexto, é alterar a
percepção inicial e os processos seguintes que ficam registados na RAM (memória
de registo automático inconsciente).
Tudo isto está ainda em investigação mas já há muitos casos
conhecidos em que a mente agiu sobre a memória do corpo, alterando as etapas
seguintes e reconquistando a saúde.
À falta de melhor, têm-se chamado a esses acontecimentos
"milagres". Mas não é de milagres que se trata. É de vida e
conhecimento.
Nelson S Lima
Nelson S Lima