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EDUCAR A PERSONALIDADE

Em defesa de uma Teoria Educativa da Personalidade


Será que a personalidade pode ser educada? Eu respondo que sim. Aliás, é um dos temas mais importantes daquilo que eu defendo na educação das crianças. É uma responsabilidade da família e também da sociedade em geral.

A personalidade é um verdadeiro património privado que determina como somos e que se expressa através dos nossos comportamentos. E, assim sendo, é o que revelamos aos outros (se bem que, cada pessoa, interprete os nossos comportamentos - e a nossa personalidade - à sua maneira; isto é, cada pessoa desenvolve uma "teoria" a nosso respeito logo a partir do momento em que nos conheça).

Segundo a psicologia, a personalidade é um agrupamento permanente e peculiar de características pessoais que podem mudar conforme as circunstâncias. Ou seja, embora tenhamos um determinado perfil de personalidade, ela não é rígida e imutável. Essa mesma capacidade de adaptação às situações da vida diz muito sobre quem somos. A nossa maior ou menor flexibilidade para a mudança já traduz, em parte, a nossa própria personalidade.

Conhecem-se cerca de 300 adjetivos que podem ajudar a descrever a  personalidade de alguém tais como "sensível", "ambiciosa", "introvertida", "forte" ou "exigente". Hoje em dia existem muitos testes que permitem distinguir os nossos principais traços.

PERSONALIDADE APRENDIDA

Nós já nascemos com uma personalidade! Mas isso não significa que ela esteja completamente formada. Nos primeiros anos, a personalidade vai-se reforçando com novos atributos que encaixam na nossa matriz biológica. A época, o local, a família e a sociedade intervêm na formação da personalidade.

Os alicerces da personalidade, dos quais faz parte o temperamento, tem uma forte composição genética mas durante a vida vai-se modificando - se bem que, a partir do final da adolescência, os principais traços estejam construídos e dificilmente poderão ser removidos. Por exemplo, quem for introvertido, terá sempre alguma dificuldade em socializar-se pois tende a ser tímido, a recolher-se no seu "cantinho" e a ter um comportamento "fechado".

Os nossos recursos básicos, nomeadamente a inteligência, a determinação, a afetividade, o sentido de justiça e muitos outros elementos, fazem a personalidade. Assim, a forma como gerimos a nossa vida, as nossas escolhas e os nossos comportamentos revelam a pessoa que somos, ou seja, a nossa personalidade.

Um número considerável de atributos são aprendidos, especialmente através do contacto com os outros. É aí que entra a educação. A Teoria Educativa da Personalidade, do professor espanhol J. A. Marina (2004), defende que "aquilo que define uma personalidade é o modo como um indivíduo escolhe e realiza os seus planos pessoais, aplicando os seus recursos numa determinada situação". 

O modo como agiremos na vida dependerá de um conjunto de aptidões cognitivas, afetivas e executivas aprendidas. Essas aptidões incluem hábitos e competências adquiridas que iremos aplicar nas diferentes situações da vida conforme os interesses em jogo e também as expectativas (as nossas e as dos outros). 

Se, enquanto crianças, estamos um pouco ao sabor de funções básicas da nossa matriz biológica, já em adultos estamos mais libertos do determinismo genético e temos mais poder de opção, ainda que seremos sempre influenciados pelos grandes traços de personalidade (geralmente estáveis e presentes em todas as situações).

A educação poderá (deverá) despertar características não despertas ou abafadas e fornecer-nos igualmente novas competências, nomeadamente intelectuais, emocionais e culturais que usaremos ao longo da vida. 

Defendo que é responsabilidade da educação ajudar as crianças a desenvolverem uma personalidade sadia e inteligente que lhes forneça a sabedoria necessária para serem capazes de agir adequadamente ao longo da vida, pondo em jogo os seus recursos cognitivos, afetivos, volitivos e sociais.

J. A. Marina diz que a educação deve colaborar na ampliação dos recursos de cada criança para que ela atue em todos os setores da vida, nomeadamente nas "ações dirigidas à sua felicidade". Eu concordo.

Nelson S. Lima

Bibliografia:
Marina, J.A.(2004) "Aprender a Vivir", Ed. Empresas Filosóficas, Madrid.
Schultz, D. e Schultz, S.E. (2001) "Theories of Personality", Wadsworth Publishing Company, Belmont (Califórnia).