Segundo o jovem filósofo Markus Gabriel
(considerado uma revelação e um menino-prodígio), esta coisa da vida é mais
complicada porque... O MUNDO NÃO EXISTE. Ou talvez exista mas não como o
pensamos.
Não nos inquietemos. No seu livro "Porque o mundo não
existe" (2014), o autor apazigua-nos de qualquer sobressalto e declara,
afinal, que "o nosso planeta existe, tal como existem os meus sonhos, a
evolução, os autoclismos, a queda de cabelo, a esperança, as partículas
elementares e até mesmo os unicórnios na Lua, só para citar algumas
coisas". Ou seja, "o princípio de que o mundo não existe significa
que TUDO ISTO EXISTE MAS DE MANEIRA DIFERENTE".
Sem entrar em detalhes nem análises sobre o livro, aquilo
que resultou da minha leitura, é que nós vivemos em muito mundos e não apenas
num (aquele que julgamos ser "o mundo" que nos ensinaram a
"ver").
Ora o mundo, por exemplo, não é o Universo. O Universo é apenas
uma parte do mundo tal como eu e você, ou uma bactéria, ou uma poeira, somos
parte de um mundo qualquer.
O mundo, segundo o princípio defendido por Markus Gabriel, é
TUDO onde também cabe o dito universo onde brilham as estrelas. Mas este TUDO
(conceito que se aproxima do de Ken Wilber com o seu "Kosmos") inclui
até os nossos pensamentos mesmo que ninguém os veja (os pensamentos realizam-se
no mundo mental e, por isso, afastados da nossa capacidade de os olhar de
frente ainda que possamos pensar sobre eles - já ouviu falar em "pensar
sobre o pensar"? - é isso, e chama-se metacognição).
Se existem muitos mundos que fazem um mundo enorme em qual
deles vivemos? Vivemos num só ou vivemos em vários? Temos o mundo das ideias, o
mundo das emoções e sentimentos, o mundo das crenças, o mundo das políticas, o
mundo das coisas materiais, o mundo das coisas imateriais e por aí adiante. São
muitos os mundos que cruzamos ao longo da vida e que fazem de nós pessoas
únicas pois cada um desses mundos é vivido de forma particular. Nós mesmos
somos um mundo.
Hoje vivemos tempos atribulados e excitantes, feitos de
incertezas e contradições, o que traz para primeiro plano uma crescente
sensação de desorientação que tem como resultado, por exemplo, o
desenvolvimento de doenças como a depressão (considerada já a doença mais
disseminada nas sociedades industrializadas e urbanizadas com 2/3 da população
já afetada).
Parece-me que, à medida que avançamos no tempo, mais
complicado ele se apresenta e quando isso acontece temos problemas de
orientação. Já não sabemos o que é verdade ou o que é real pois as fronteiras
entre a mentira, a ilusão e a alucinação começam a esbater-se cada vez mais.
Por isso é que anda por aí cada vez mais gente confusa e enganada, tomando
decisões com base em quase nada mais do que emoções desencontradas da
inteligência (aqui entendida como discernimento).
Naveguemos (na vida) com cautela.
Nelson S Lima