Quando nos olhamos parecemos todos diferentes. E somos, de
facto, em pormenores. Não obstante, somos
todos iguais mesmo quando uns são mais altos, outros mais gordos, outros mais brancos ou mais negros do que nós, quer habitemos em
São Paulo ou façamos parte de uma tribo perdida da Austrália. Todos nos
reconhecemos como humanos pois há traços únicos que faz com que o cérebro nos
caracterize como tal. É que somos uma única espécie, a do "ser humano".
UM PASSO ATRÁS
Não obstante, se recuarmos na história não mil anos nem dez
mil anos ou até cem mil anos, há um momento, bem afastado no tempo, em que estamos
muito perto de nos assemelharmos a outros primatas de braços bem mais
comprimidos, com o corpo coberto de um emaranhado de pêlos e talvez saltando de
árvore em árvore comendo frutos silvestres.
MAIS PARA TRÁS
Se recuarmos mais começaremos a deixar de visualizar traços
hominídeos e já não nos reconheceríamos como humanos ou primos muito afastados
e primitivos. Continuando a viajar rumo a um tempo ainda mais afastado de hoje
vamos perdendo completamente vestígios de qualquer traço primata e, obviamente,
muito menos a possibilidade de nos deparamos com animais que, hoje, associamos
a nós.
MAIS LONGE AINDA
Saltemos bem longe, mais para trás e paremos num tempo
distante de nós cerca de 380 milhões de anos. O que vemos? Animais semelhantes
a peixes começando a sair da água, com a respetiva cabeça, olhos, cérebro e com
algo parecido com patas. Serão os primeiros animais vertebrados (dotados de
esqueleto) e com uma série de mecanismos, como os dos membros superiores, que
funcionavam como atualmente.
ATÉ AO PRINCÍPIO DA VIDA
Mas podemos viajar muito mais para trás, mais de 3 mil
milhões de anos e encontramos pequenos seres vivos conhecidos como protozoários
(que significa "primeiros animais") feitos de um amontoado de células
bem desenvolvidas. E se recuarmos mais vamos descobrir outros seres mais
pequenos dotados de uma só célula.
A nossa história como seres vivos começa decisivamente aí,
mais precisamente há 3,5 mil milhões. O que nos liga a eles? Muita coisa ao
nível celular e, por isso, também descendemos deles.
Uma grandiosa aventura que, convém lembrar, é bem mais
antiga se quisermos aprofundar o que havia antes dos primeiros microrganismos
unicelulares.
Em rigor, descendemos da energia que deu origem à vida e ao nosso
universo.
ATÉ ANTES DA MATÉRIA
É por isso que, embora tanto tempo passado, continuamos ligados à energia que provém do universo apesar de tão diferentes sermos das
milhões de espécies animais que nos precederam, incluindo répteis e peixes
muito antigos (e de quem herdámos estruturas cerebrais onde se processam os
instintos e funções básicas de vida - como a regulação da temperatura do corpo
- e que um cientista, muito oportunamente, chamou de "cérebro
reptiliano").
Estamos pois todos conectados ao mundo vivo, ao mundo
animal, ao mundo vegetal e ao passado onde tivemos, algures no tempo, uma
"semente de energia" que deu origem a tudo. Estamos já no território
do KOSMOS (palavra de origem grega que significa TUDO).
Nelson S Lima