Como diz a letra de uma canção portuguesa "o mundo pula
e avança". E aqui temos um salto civilizacional: os "direitos" das
máquinas inteligentes!
Surpreendido? Não fique. Já estão a ser preparados por
entidades como a Sociedade Americana para a Prevenção de Violência contra
Robots (ASPCR) e também por governos como o da Coreia do Sul que espera ter uma
lei já em vigor em 2020 onde atesta que "os robots têm o direito de existir
livremente e de serem protegidos contra violência e abusos" (suponho que
por parte dos humanos e de outros robots).
Não me surpreende que já tenham sido constituídas sociedades
de amigos dos robots da mesma forma que existem sociedades amigas dos animais
tal como existem clubes de admiradores e colecionadores de automóveis, aviões e
outros aparelhos.
Tudo isto resulta do facto de estarmos cada vez mais perto
de uma sociedade servida por "robots sociais" que nos ajudarão na
medicina, na segurança, na educação, na gestão de edifícios inteligentes, no
tráfego urbano, etc.
Para a investigadora Kate Darling, do conceituado
Massachusetts Institute de Technology (MIT), "importa estabelecer regras
que protejam as máquinas inteligentes pois elas estarão cada vez mais presentes
na nossa vida".
Convém recordar que o nosso futuro estará cada vez mais
associado a máquinas "inteligentes" e isso parece-me irreversível.
Por exemplo, no Japão, há robots que sabem cozinhar e que trabalham em restaurantes.
Também existem robots músicos e robots que executam trabalhos domésticos.
Mas o mundo das máquinas inteligentes não se reduz aos
robots. Estão a ser construídos olhos artificiais que restituirão a visão a
pessoas cegas bem como próteses destinadas a substituir órgãos ou partes de
órgãos (como o cérebro) através de pequeníssimas máquinas inteligentes.
Poderá levar um século até que a inteligência dos robots se
aproxime e até ultrapasse a inteligência de muitos humanos. O futuro
está em aberto. Tudo pode acontecer!
Nelson S. Lima
Nota:
Recordo que a palavra "robot" deriva da antiga
palavra checa para "trabalhador" tendo sido aplicada pela primeira
vez em 1920 na peça de teatro "Robots Universais Rossun", de Karel
Capek, que conta a história de uma raça de seres mecânicos de aspecto humano.
Nessa história, os seres humanos passaram a menosprezá-los e
a tratá-los violentamente, o que levou à sua revolta e à consequente destruição
da raça humana. Os robots tomaram então conta da Terra mas foram envelhecendo e
desaparecendo sem se reproduzirem. No final da peça, porém, dois robots
apaixonam-se e fica em aberto a possibilidade de um novo mundo.