Todas as doenças são psicossomáticas visto que envolvem
funções orgânicas e estados e processos mentais. No seu estudo está a Medicina
Psicossomática propriamente dita e que representa um novo paradigma médico.
Ela relaciona-se, por
exemplo, com a Medicina Integral, em que corpo e mente não mais são entendidas
como entidades separadas mas integradas num todo que é o Kosmos (toda a unidade
total do Universo, das coisas espirituais aos objectos inanimados e às matérias
científicas).
Sabemos que a saúde e
a doença são resultantes de múltiplas linhas de força, biológicas,
psicológicas, culturais e sociais. Uma mesma doença desenvolve-se de forma
particular em cada caso, em cada pessoa, em cada época, em cada lugar, em cada
contexto. Não obstante, o contexto psicológico e emocional têm, na saúde, uma
importância extraordinária.
A palavra
“psicossomático” vem do médico Heinroth, em 1818. Ele sabia que as emoções
influenciavam as doenças. Também criou o termo “somatopsíquico” para dizer que
o corpo também modifica a psique. Em 1876, outro autor, Maudsley, escrevia que
“se uma emoção não se libertar, fixar-se-á nos órgãos e perturbará o seu
funcionamento”.
Actualmente, tem-se
consciência que os factores responsáveis pela saúde ou pela doença constituem
um SISTEMA no qual os factores psíquicos e comportamentais assumem valores
diferentes na origem (patogénese) das diferentes doenças.
Já as perturbações
somatoformes (as doenças que afectam o estado psíquico) são consideradas
plurifactoriais onde interagem factores genéticos, emocionais, as crenças de
saúde e de doença de cada pessoa, certas características da personalidade assim
como acontecimentos da vida. Na maior parte dos casos, os pacientes apresentam
uma mistura de factores orgânicos e psicológicos em qualquer doença,
influenciando-se uns aos outros.
A verdade é que a mente (a sua natureza, a personalidade, os
conteúdos de pensamento, os estados emocionais e outros factores) afecta a
susceptibilidade de cada um a qualquer doença e pode até ter uma influência
substancial no seu envelhecimento e na natureza e no momento da sua eventual
morte.
Nelson S. Lima