Sei que alguns dos meus amigos não vão ler esta nota. E não
o farão porque o envelhecimento ainda é coisa que não os preocupa. Aliás,
olhando para o comportamento de milhões de pessoas, parece que o número
daqueles que dão atenção ao seu envelhecimento é muito baixo.
Digo isto olhando para os números referentes a diversos
factores de risco e que nos dizem que muita gente arrisca todos os dias a
precipitação do seu envelhecimento (e a ficar doente ou até mesmo morrer
prematuramente) porque alimenta-se mal (dieta pobre em nutrientes saudáveis e
rica em açúcar, leite e sal) e come demais (só nos Estados Unidos mais de 70%
dos adultos já sofrem de obesidade e há muita gente que pesa mais 200 quilos),
bebe muito álcool, é muito sedentária, ingere drogas e medicamentos de forma
excessiva (ou seja, para além do necessário), etc,.
Existem hoje alternativas ao estilo de vida que até aqui tem
prevalecido nas sociedades industrializadas e que é responsável pela
prevalência de certas doenças (cardiovasculares, gastro-intestinais, mentais,
etc.) e também responsáveis pela fragilidade e envelhecimento do organismo.
O NOSSO CORPO ENVELHECE POR PARTES
O nosso corpo não envelhece por todo de forma igual. Muitos
de nós já viram pessoas que revelam sinais de envelhecimento em algumas áreas
do organismo enquanto outras partes resistem mais gradualmente.
Isto reflete um aspecto muito interessante do
envelhecimento. É que não só cada um de nós envelhece de forma diferente dos
outros como nós próprios envelhecemos por partes. Por exemplo, o envelhecimento
do aparelho auditivo é francamente superior e mais rápido ao envelhecimento do
olfato ou do paladar.
Não simpatizo com o ponto de vista de certas pessoas que
dizem não se preocupar muito com o envelhecimento do organismo e os seus sinais
(rugas na pele, cabelos brancos, dores ósseas, etc.) pois o que lhes interessa
é manterem-se lúcidos e autónomos, ou seja, com uma mente jovem. Não
compartilho dessa postura que considero um tanto tonta. E por quê?
Porque embora o processo do envelhecimento não siga uma
trajetória perfeita (há avanços e recuos ao longo da vida) ele não pode
centrar-se no estado mental mas sim em todo o organismo pois, em última
instância, a saúde mental é também fruto da saúde do cérebro, que é o principal órgão que temos. E é a sua morte
que dita e confirma a morte total da pessoa (ou seja, é avaliando se há ou não
atividade mental que os médicos determinam a morte de alguém, sobretudo se
estiver em coma profundo ou com um prolongada paragem cardíaca). Saúde cerebral
fraca afeta a saúde de muitas partes do corpo.
Sendo difícil envelhecer por igual devemos, porém, procurar
fazer escolhas que levem o nosso organismo a retardar a entropia (a desarmonia
e o desequilíbrio dos sistemas orgânicos que levam à morte). E nisto incluo o
nosso próprio sentimento do EU pois também podemos optar pelo envelhecimento
senil ou pela maturidade inteligente.
É evidente que nem tudo depende das nossas escolhas pois os
fatores genéticos e os ambientais (entre outros) desempenham um importante
papel. Mas como não temos certezas absolutas nada melhor do que seguirmos um
estilo de vida preventivo. A verdadeira "fonte da juventude" reside
aí pois assim conseguiremos reduzir o número de riscos e agressões que todos os
dias (e a todo o instante) o nosso organismo enfrenta.
Vida melhor. Viva mais.
Nelson S Lima