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O futuro que estamos a construir




A complexidade do mundo actual e as profundas mudanças que se observam, permitem concluir que o futuro trará exigências cada vez maiores para as organizações humanas e as pessoas em geral.

Em poucos anos passámos de um mundo baseado na indústria e transporte para outro com base no conhecimento, na informação e na inteligência.

Como alertou o professor Keith Devlin, autor de Goodbye Descartes, "essa pesada dependência do conhecimento e da informação aumentará nos próximos anos". E chama a atenção para o facto de, na nossa Era, nenhum cidadão conseguir funcionar devidamente sem uma compreensão básica da informação e avaliação do que é necessário para tornar esta última em conhecimento. Como veremos, isto exigirá uma nova política de Educação e novos modelos de Ensino.

Thomas Stewart acentua a importância das novas ferramentas da sociedade. "O conhecimento - diz - tem muito mais valor e é mais poderoso do que os recursos naturais, as grandes fábricas ou as chorudas contas bancárias". Nasceu, por conseguinte, um novo "capital": o capital intelectual. Este é constituído por material intelectual: conhecimento, informação, ideias, propriedade intelectual, processos, especialização, tecnologia e experiência. Na nova sociedade, estes materiais geram riqueza. São uma espécie de matéria-prima da economia.

Qual o impacto que isto tem, por exemplo, nas empresas (a mais representativa e mais comum das organizações humanas)? Tremendo. Peguemos num exemplo: a Nike, um dos maiores e mais famosos fabricantes de calçado desportivo. Na realidade, a Nike não fabrica nada. Se você é um operário da indústria de calçado escusa de escrever-lhe a candidatar-se para um lugar na linha de fabrico. A Nike não precisa de operários para nada. O trabalho central da empresa é investigação e desenvolvimento de novos modelos de calçado desportivo, design, marketing e distribuição. Quem então fabrica os produtos da marca Nike? Outras empresas com quem a Nike estabelece contratos de produção. Como a Nike muitas outras empresas seguem este estilo de gestão. Um outro caso exemplar é a dos modernos aviões comerciais. São totalmente projectados em computador sem desenhos nem maquetes feitas manualmente e são pilotados por computadores a maior parte do tempo de cada viagem. O combustível é gasolina mas o avião voa e depende de informação. Finalmente, vejamos o caso dos automóveis actuais. Eles têm mais microchips do que quaisquer outras peças e a sua electrónica custa mais do que o aço que os compõem. Os microchips, que hoje estão em todos os aparelhos electrónicos, não mais são do que armazéns de informação útil.

Como refere o professor T. Stewart, "a força muscular, o trabalho das máquinas, o próprio trabalho produzido pela energia eléctrica estão a ser contínua e progressivamente substituídos pela inteligência".

Podemos dizer que vivemos uma revolução à escala planetária só que muito mais rápida, mais ampla e mais demolidora do que a Revolução Industrial do século XIX. As novas "ferramentas" estão a crescer exponencialmente mais depressa e a tornar-se mais baratas e mais poderosas do que alguma vez aconteceu na história humana.

O investigador James Canton, presidente do Institute for Global Futures, diz que os novos "tijolos" da economia são quatro: bites, átomos, genes e neurónios! "Eles representam - escreve Canton - o afastamento do aço e do petróleo do passado e apontam-nos uma remodelação radical na economia e do poder das novas ideias".

Uma revolução inimaginável
Numerosos estudos sustentam que o futuro próximo e a médio prazo (10 a 15 anos) será moldado por 8 inovações determinantes: a biomimética (fabrico de produtos a partir da imitação dos mecanismos na Natureza), a fotónica (utilização da luz para criar produtos), a nanobiotecnologia (combinação de nanotecnologia com a biologia), a genómica orientada (utilização da informação genética para produzir fármacos e alimentos), a biodetecção (utilização da informação biológica para detectar riscos), os neurodispositivos (micromáquinas para reparar funções cerebrais), nanoenergia (para a criação de combustíveis renováveis) e encriptação quântica (para protecção de informação, produtos e pessoas).

Para quem não esteja a par desta terminologia técnica pode pensar que estamos a descrever um mundo de ficção. Olhando à nossa volta parece que vivemos ainda num mundo simples e acessível ao nosso entendimento. Mas a verdade é que há grandes vagas de mudança a ocorrerem longe dos nossos olhos. De facto, como refere James Canton, muitas das inovações que vão mudar o nosso mundo ainda não foram captadas pelo "radar das empresas e dos países", e muito menos pelo cidadão comum. Também aconteceu o mesmo nas primeiras décadas da Revolução Industrial. E depois, quase de um dia para o outro, a vida das pessoas mudou, os transportes sofreram um forte impulso, surgiram milhares de fábricas e novos produtos, criaram-se novos empregos e escolas para um mundo novo e quase desconhecido. Nós estamos num estádio similar. Só que agora podemos ter a certeza de que as mudanças vão ser muito maiores.

E isto faz-nos regressar ao tema inicial: a informação, o conhecimento e a inteligência, isto é, o capital intelectual; algo que cada um de nós possui e que pode (e deve), obviamente, aumentar. A nova sociedade (da Informação, do Conhecimento, da Inteligência) exige capital humano talentoso e especializado, gente com "cabeça", inovadora e autónoma. É que no futuro próximo os empregos exigirão capacidades ainda mais avançadas, mais instrução e formação mais sofisticada.

Segundo o governo norte-americano mais de 75% dos actuais empregados dos Estados Unidos vão necessitar de receber nova formação para poderem manter os seus empregos. Estima-se que, dentro de 8 anos, cerca de 80% de todos os empregos exigirão algum tipo de formação superior. Problema (para os americanos e não só): as escolas não estão a preparar adequadamente a futura força laboral para competir na economia global. Este é o maior desafio do ensino nos próximos tempos. Nos Estados Unidos e não só, obviamente.

Bibliografia:
Canton, J. The Extreme Future, IGF, 2006
Devlin, K. Info-Senso, Livros do Brasil, 1999
DeMarco, T. Human Capital, Unmasked, NYT, 1996
Stewart, T.A., Capital Intelectual, Sílabo,1999

Peter Olsen me entrevistou

Peter  D. Olsen e Nelson S Lima

O escritor, ex-correspondente de guerra e atual jornalista freelancer Peter D. Olsen, de origem britânica, e que trabalha para vários jornais e revistas de renome mundial, fez-me uma longa entrevista para próxima publicação/divulgação. 

Da entrevista retirei algumas perguntas/respostas que aqui deixo considerando que poderão ter interesse para os meus leitores.

Perter Olsen - Nelson, como você se define?
Nelson S Lima - Difícil essa pergunta. Temos sempre uma visão egocêntrica e egoista de nós mesmo, além de que somos vítimas de erros de interpretação de nossa vida e experiências. Diria, então, com carácter provisório (porque nós estamos sempre em transformação) que me sinto uma pessoa observadora do mundo, procurando entendê-lo e que, não obstante as dificuldades em conviver com o "status quo", se mantém fiel a uma missão que é ajudar os outros a repensar e a mudar o mundo e a não aceitá-lo passivamente.

PO - Você se apresenta como inconformista, um pouco ao estilo de Seth Godin e Chris Guillebeau?
NSL - Seth Godin e Chris Guillebeau são muito diferentes entre si mas não deixam de ser, de facto, dois irreverentes inconformistas, mais o Godin do que Guillebeau. Identifico-me mais com o Seth, até porque está mais ligado ao mundo da escrita, da criatividade e da inovação. Como eu escrevi no meu blogue "Manual do Inconformista" considero-me um livre-pensador, muito crítico da sociedade não tanto pelos seus problemas atuais mas pelas causas que persistem em manter esses mesmos problemas. Isto é, gosto de ir ao fundo das questões e a pergunta que me move é "Porquê?". Isso me faz andar numa roda viva tentando compreender, por exemplo, porque o ser humano é capaz de tantos atos de estupidez e pura maldade quando se vangloria de sua inteligência e superioridade. Sou inconformista ao ponto de acusar a educação (familiar e escolar) como um dos maiores cancros de uma sociedade que está cada vez complexa e que exige que abandonemos rapidamente ideias, crenças e soluções que já não fazem sentido hoje em dia e que estão impedindo um progresso mais rápido ao nível do desenvolvimento humano e social.

PO - Quem você mais detesta?
NSL - Os políticos em geral, da direita à esquerda. Tornaram-se profissionais sem preparação para a maioria dos cargos que desempenham e bloqueiam todas as possibilidades de acesso de independentes aos lugares da governação. Tenho também uma opinião muito desfavorável das religiões e dos seus líderes. Considero que em muitas partes do mundo são eles os instigadores de conflitos cujo objetivo é manter tudo como dantes e manterem a cenoura e o chicote sobre as populações. 

PO - Que país mais o surpreende?
NSL - Os Estados Unidos pela positiva e pela negativa. É uma terra de oportunidades e de grande poder em muitas áreas mas também é, pela sua legislação, um país excessivamente puritano e assustador. Não compreendo como sendo uma democracia aberta se autoriza a pena de morte quando a condenam fora de suas fronteiras. Surpreendem-me pela positiva os países do Norte da Europa, incluindo o Reino Unido onde legalmente resido e trabalho.

POMas você é também reitor e professor na Universidade do Futuro, no Brasil...
NSLSim, em tempo parcial, pois tenho outros afazeres e a minha própria agência de divulgação científica estabelecida em Londres e que vai este ano, finalmente, avançar decididamente para o mercado, nomeadamente o da América do Sul. Sou pró-reitor para as Relações Internacionais.

PO - Vendo seu CV, como você tem tempo para tanta atividade?
NSL - Sim, não terei tanto tempo quanto precisaria, como terminar meus livros, mas com uma boa agenda e estabelecendo prioridades consegue-se trabalhar não mais do que 12 horas por dia e  atingir os resultados desejados.

PO - Quais são os seus grandes projectos para 2014?
NSL - Tornar minha agência em Londres operacional (ela já está dirigindo 2 institutos em vários países), terminar meus livros, realizar conferências e aguardar novas oportunidades de trabalho pois eu gosto de variar dentro de um certo espaço de manobra que estabeleci para mim.

PO - Consta que você leva uma vida regrada apesar de sua vida agitada. Como faz isso?
NSL - Primeiro devo dizer que eu amo meu organismo e quero tê-lo em forma para manter minha saúde e um "envelhecimento ótimo", com mais sabedoria. Sigo uma alimentação praticamente vegetariana, faço muitos intervalos para caminhar ou pedalar em minha bicicleta estática que tenho na minha sala de trabalho e dedico-me a ajudar as pessoas que me pedem conselhos e dicas sobre saúde mental e cerebral. Não tenho qualquer segredo especial para manter a minha forma e que me protege das doenças típicas da minha idade. Por enquanto meus exames revelam uma juventude biológica de que me orgulho pois é fruto de esforço meu.

PO - O que o preocupa mais na humanidade?
NSL - As fronteiras, sejam elas territoriais (bairristas, regionais, nacionais) ou religiosas, ideológicas, políticas, raciais e tudo o mais que separa em vez de unir os homens. Preocupa-me também a intolerância, o egoísmo feroz, o consumismo desmedido, a incompetência e a impreparação de muitas pessoas ocupando lugares de decisão para os novos tempos tão cheios de novidades e surpresas que nos aguardam. 

PO - Se fosse um governante qual seria o seu guião?
NSL - Não quereria ser governante. É impossível ser-se um bom governante com uma população humana que não se une em torno de grandes causas, preferindo matar, roubar, ignorar os mais desfavorecidos, empanturrar-se de comida, deixar-se alienar frente à televisão e preferir viver com medicamentos para travar doenças que um simples mudar de estilo de vida resolveria.

PO - Tem inimigos?
NSL - Sei que tenho mas considero-os patetas porque me atacam por inveja ou por desconhecimento dos factos que fazem a minha vida. E além de patetas são execráveis pois se escondem no anonimato não dando a cara. Felizmente são poucos ou então os restantes estão, para já, calados. Mas penso que devem estar prontos a tentar abater-me pois as minhas ideias - que procuro não difundir muito - vão contra o sistema, o "status quo" onde eles se alimentam.

A MEDICINA DO FUTURO

Viver mais e melhor!


No mundo actual, ter-se mais de 70 anos de idade é cada vez mais vulgar. Com o decréscimo da natalidade nos países em desenvolvimento e o aumento da longevidade é evidente que haverá cada vez mais pessoas idosas.

Mas as boas notícias abundam. Quem estiver ainda na casa dos 50/60 pode contar, de futuro, com a medicina da longevidade para prolongar a sua passagem na Terra. Ou seja, muitas pessoas desta faixa etária poderão viver facilmente mais 50 anos! Surpreendido?

Veja as boas notícias:
A medicina do futuro vai sofrer grandes transformações e prevê-se que daqui por uns 10 a 15 anos se divida nas seguintes categorias:

MEDICINA PREDIZENTE
Mantém a pessoa, saudável, sob vigilância médica, prevendo as doenças antes que apareçam.

MEDICINA PREVENTIVA
Detém ou evita doenças e disfunções (já em andamento).

MEDICINA RECUPERATIVA
Memória, mobilidade e saúde em geral é recuperada (é a forma de medicina tradicional).

MEDICINA REGENERATIVA
Regenera ossos, músculos, órgãos e células.

MEDICINA DA LONGEVIDADE
Prolonga a vida, mantendo a saúde e a produtividade dos indivíduos.
Medicina de Optimização: desenvolve todo o potencial mental e físico dos indivíduos para lhes proporcionar o desempenho máximo ao nível da saúde.

MEDICINA SUBSTITUITIVA
Proporciona substitutos viáveis para o corpo e a mente das pessoas, para repor a funcionalidade saudável.

MEDICINA DE POTENCIALIZAÇÃO
Melhora as funções mentais ou físicas com objectivos especiais, algumas eventualmente sobre-humanas (superdotação).

MEDICINA DE OTIMIZAÇÃO
Desenvolve todo o potencial mental e físico dos indivíduos para lhes proporcionar o desempenho máximo ao nível da saúde

Conheça minha agência!

À beira-mar me reencontro


Tive sempre uma relação afectiva com a natureza, em especial com os grandes espaços como o céu, as pradarias, os desertos, os grandes deltas e o mar.

Já sobrevoei oceanos e já neles naveguei. Já atravessei o Atlântico Norte de barco entre Funchal-Nova Iorque e Nova Iorque-Bilbao (Espanha) num total de 23 dias.

Tenho doces recordações de quando ainda muito jovem me sentava na praia a olhar o mar imaginando os mundos que ficariam para lá do horizonte.... Foi nesses momentos - e tantos foram - que me punha a fazer planos para a vida.

Perante aquela imensidão de água e sobretudo quando os meus pensamentos se alargavam até à linha indefinida que, lá bem distante, separava o mar do céu azul, eu idealizava aquilo que esperava da vida e pelo qual estava disposto a lutar.

Ainda ontem fui à beira-mar, a uma praia onde me sentei num bar. E voltou a acontecer. A minha mente como que se desprendeu de mim e de um momento para o outro pus-me a pensar no futuro. E reencontei-me com os meus desejos antigos.

A maioria têm-se cumprido e já passaram muitos anos desde que faço esse exercício. E a vida que levo, agora aos 67 anos, está condizente com o que eu queria e com o que sempre sonhei. Daí este meu fascínio pelo mar.

Lembro-me que quando tinha uns 14 ou 15 anos (não tinha mais) adquiri um livro bastante completo sobre a história do mar (nunca li livros infantis mas aventurei-me sempre por leituras "impróprias" da minha idade - era o que os professores me diziam, ao ponto de me alcunharem de "o poeta", "o cientista" da mesma forma que os meus vizinhos me chamavam "o psicólogo"). Enfim....podia ser pior.

E, assim, acontece que tenho necessidade de viver em cidades junto ao mar. Nas terras do interior, por muito bonitas que sejam, sinto-me fora do meu meio. Eu preciso do mar. Da mesma forma que preciso de, nas noites de verão, contemplar a vastidão do céu pontilhado de "estrelas" e de mundos eternos....para nele ir buscar outras ideias.

Tipos de Memórias na Psicologia Multifocal


Na Psicologia Multifocal existem dois tipos de memória que são centrais para entendermos o funcionamento da mente:

- a memória existencial (ME); e
- a memória de uso contínuo (MUC).

Estas duas memórias formam a totalidade da história intrapsíquica de um ser humano, contendo, portanto, todos os segredos da sua vida.

A Memória Existencial (que os neurocientistas chamam de Memória Autobiográfica) representa as experiências que vão sendo registradas ao longo da vida. A Memória de Uso Contínuo representa as informações que vão sendo usadas e rearquivadas continuamente, tais como os endereços das residências e dos e-mails, os números telefónicos, as fórmulas matemáticas, as palavras que compõe uma língua.

É fácil de perceber: por que conseguimos nos "lembrar" de maneira mais exacta de determinadas informações? Porque elas são usadas continuamente e, consequentemente, são novamente arquivadas, ficando mais disponíveis para serem lidas. Se deixarmos de usar determinadas informações, elas vão sendo substituídas e arquivadas na memória em zonas de acesso mais difícil.

O que será um mundo perfeito?


O conceito de perfeição é relativo e nem sei se se pode medir. Os dicionários dizem que a "perfeição (do latim perfectione) caracteriza um ser ou objeto ideal que reúne todas as qualidades e não tem nenhum defeito".

Valha-nos o senso comum para apreendermos a ideia pois tudo isto é muito relativo. O que é "perfeito" para uma pessoa poderá não ser para outra.

Quando as pessoas falam de um ideal de sociedade humana perfeita estarão a pensar num mundo a funcionar como um relógio de alta precisão? Penso que isso seria insuportável, uma rotina medonha.

No meu entender, devemos envolver-nos na transformação do que está mal para que fique bem e a favor da qualidade de vida, dos direitos humanos, da ética e da moral.

Esse é um desafio que enfrentamos mais do que alguma vez na história da humanidade pois, finalmente, há já um número considerável de pessoas que tomaram consciência dos problemas existentes. Isso é evolução.

Há pessoas que pensam ainda que a pedofilia e o abuso sexual, por exemplo, são fruto da nossa época. Ora estão enganadas. A nossa época passou a considerar essas práticas ofensivas dos direitos humanos e por isso são atos criminosos (como muitos outros que sempre existiram). O que aconteceu foi que passaram a ser notícia e antigamente não. No passado, tudo se passava com alguma naturalidade pois eramos menos "humanos" e menos conscientes da dignidade humana a que cada pessoa (incluindo crianças) tinha direito.

Temos enormes desafios para as próximas centenas de anos até porque a evolução arrasta novos problemas, mesmo de adaptação ao novo mundo tecnológico que nos rodeia.

Vale a pena envolver-nos nesses desafios visando um mundo melhor, cada vez melhor mas não sei se rumo a um "mundo perfeito" (acho que essa perfeição estará sempre um passo à frente de nós e nunca a atingiremos; mas é precisamente isso que nos motivará a prosseguir).

Como tomar decisões em tempo de incertezas!



Mais do que nunca, vivemos tempos conturbados e cheios de surpresas. O ambiente da nossa vida tornou-se ambíguo e indeterminado, e o futuro passou a fazer parte das nossas preocupações de uma forma mais intensa.

Deparamo-nos cada vez mais com o factor "incerteza". E, mais ainda, os "acasos" - eventos imprevisíveis e até improváveis - assumiram proporções nunca antes alcançadas. Para piorar o cenário os estudiosos afirmam que a  sociedade humana tende para uma complexidade cada vez maior.

O ritmo e a variedade da vida estão intrinsecamente ligados ao conceito de transitoriedade, que neste contexto quer dizer rotatividade entre as relações que estabelecemos na vida, um rompimento ao apego das conexões do passado e a efemeridade das situações emergentes. Um número considerável de antigas "certezas" da vida passaram a ser passageiras e efémeras.

Temos então uma sociedade marcada pela transitoriedade, pela diversidade e pelas novidade.

O caos de adaptabilidade ocorre quando esses fatores convergem criando uma ambiência tão efémera, tão estranha e tão complexa que passou a ameaçar milhões de seres humanos com uma sensação de "fracasso de adaptação".

COMO VIVER NA MUDANÇA

A resposta ao "choque do futuro" não é a não-mudança das coisas, mas uma diferente espécie de mudança. Deve-se, por conseguinte, experimentar uma série nova de medidas reguladoras de mudanças, inventando e abandonando esses meios, à medida que avançamos no nosso projeto de vida. Problemas novos exigem soluções novas.

Uma das consequências mais sérias das mudanças que o mundo tem vivido é o bombardeamento dos nossos sentidos, o excesso de estimulação. Se a sobrestimulação sensorial aumentar deformamos a nossa perceção da realidade. A sobrestimulação cognitiva interfere com a nossa capacidade de pensar e de sentir. E tomamos más decisões.

Quando as pessoas são lançadas em situações que mudam depressa e irregularmente ou vivem num contexto rico de novidades, surpresas e acasos, o comportamento racional pode ficar perturbado por desgaste emocional e sensorial. É o que está a acontecer a milhões de pessoas em todo o mundo.

O que o futuro também traz de novo é a "aceleração da mudança". No turbilhão dos acontecimentos que nos cercam resta o nosso espaço de manobra que deverá focalizar-se mais no traçar objetivos do que confiarmos em previsões e em planos a longo prazo.

Para melhor nos defendermos dos eventos aleatórios marcados pela ambiguidade e a indeterminação do amanhã resta-nos a preparação e a adaptação constante. Neste capítulo a aprendizagem de novos saberes e a aquisição (ou a melhoria) de novas competências é fundamental.

A grande vantagem desta sociedade "radical" é que ela também está cheia de possibilidades em aberto que deveremos procurar insistentemente quando queremos  mudanças efetivas na nossa vida.

O viver, ao contrário do que alguns autores querem fazer crer, não é uma ciência, e nem sempre está de acordo com a lógica. É mais um saber criativo, uma arte das mais exigentes, sempre em mudança - ela própria!

Veja-se como cada vez mais as pessoas se socorrem de astrólogos, magos e oráculos tentando encontrar respostas para as suas dúvidas, incertezas e desconhecimentos. Não é de estranhar que até muitos líderes se façam acompanhar de videntes lembrando tempos muito recuados quando faltava informação que servisse de apoio à tomada de decisões.

O ACASO NA NOSSA VIDA

Muitos acontecimentos da vida (desde o Universo ao ser mais simples que nele habite) são simplesmente obra do acaso, totalmente imprevisíveis e inesperados. Não significa que cada "acaso" não tenha uma causa. Nada aparece sem ter uma origem e esta mesmo resulta de uma sucessão de acasos.

Com o aumento da complexidade da vida humana também aumenta o número de acasos, em muitos dos quais nem reparamos e nem lhes damos importância pois já intuímos que o "acaso" faz parte da vida.

Há quem prefira chamar-lhe "sorte" ou até "destino". Esses termos não estão corretos pois trata-se de coisas diferentes. A sorte pode ter vários significados e quanto ao destino faz pensar que a vida está pré-determinada. Mas não é assim, embora muita gente acredite nisso.

O "acaso" resulta da arbitrariedade. Um acontecimento algures no passado e num qualquer local determina um ou mais acontecimentos no presente e no futuro, e que influenciarão o percurso da nossa vida. Entramos no campo do imprevisível.

O mais perigoso disto tudo é que, como o cérebro humano não está preparado para lidar com a incerteza (ele procura sempre que acreditemos na racionalidade e na lógica dos acontecimentos para nos sentirmos em segurança), nós acabamos por correr demasiados riscos ao longo da vida. E só com alguma sorte pelo meio escapamos até da autodestruição.

Mas uma nova visão está em curso: o acaso, a que nunca poderemos fugir, pode ser nosso aliado. Pelo menos de forma mais segura do que o habitual (em que simplesmente vivemos como que dependentes do acaso mesmo quando tomamos decisões com base em muitas previsões e planos matematicamente construídos). Nisso, verdade seja dita, somos muito irresponsáveis pois confiamos em demasia naquilo em que acreditamos e esquecemo-nos que, à medida que a vida vai seguindo o seu curso, vão ocorrer mudanças provocadas pelo acaso.

ESTRATÉGIAS PARA VENCER A INCERTEZA

Gosto muito da palavra inglesa "chance", a qual significa não apenas "sorte" e "acaso" como também "oportunidade".

Tirar partido dos "acasos" da vida é uma boa estratégia para vivermos. E isso exige uma certa ciência. Ou, se quisermos ser mais rigorosos, uma boa dose de inteligência e perspicácia. Além, obviamente, de uma mente aberta para as possibilidades e as oportunidades da vida.

Disse o grande sociólogo Edgar Morin que "o maior contributo de conhecimento do século XX foi o "o conhecimento dos limites do nosso conhecimento", o que - digo eu agora - nos faz viver ainda mais nos territórios da incerteza.

Cerca de 70% dos estudantes universitários, sobretudo dos cursos de humanidades, desistem ou mudam de curso por terem feito escolhas com poucas certezas relativamente ao que os esperava. Ou seja, praticamente escolhem ao "acaso" deixando que o futuro lhes troque as voltas.

Num mundo de futuro incerto temos ao nosso dispor duas estratégias que se têm mostrado serem as melhores para a tomada de decisões. A primeira é fazer "pequenos planos" em vez de grandes projetos tendo em vista os objetivos a atingir.  Quando fazemos pequenos planos de cada vez, os riscos que corremos são muito menores quando algo corre mal (é o que faz a Natureza: ela evolui lentamente). Sonhar "alto", acreditar no futuro e dar grandes passos empurraram milhões de pessoas para situações financeiras catastróficas porque estavam confiantes em cenários onde não vislumbraram problemas.

A segunda estratégia é diversificar, isto é, apostar em mais do que uma resposta. Se alguma escolha falhar restam outras. E se aplicarmos simultaneamente a estratégia dos "pequenos passos" conseguimos avançar com mais confiança mesmo que os inevitáveis acasos da vida nos tragam surpresas desagradáveis.

Esta sabedoria milenar é atualmente de uma pertinência inquestionável. Podemos, enfim, avançar na vida traçando objetivos e fazendo pequenas conquistas de cada vez ao contrário de nos aventurarmos com grandes planos, projetos e investimentos que, devido ao imprevisível, podem fazer  desmoronar tudo aquilo que construímos e em que acreditámos.

Se soubermos conviver com a possibilidade das incertezas e dos acasos da vida acabamos por ser premiados bem mais vezes do que esperávamos.

O cérebro e as novas tecnologias (entrevista à revista PREVENIR)

Ramón Campayo, considerado o homem com o cérebro mais "rápido" do mundo.
Revista: PREVENIR
Entrevistado: Nelson S. Lima

1. O autor Nicolas Carr foi nomeado para um prémio Pulitzer com o livro "Os superficiais, o que a Internet está a fazer ao nosso cérebro". Do ponto de vista da neurologia, o que se sabe sobre a forma como as novas tecnologias estão a afetar a nossa forma de pensar e processar a informação?
- O cérebro é um órgão que se distingue pela sua alta capacidade de adaptação a novos desafios. É assim que ele está continuamente a permitir-nos aprender novas matérias e a guardar imensa informação que nos chega de todos os recetores sensoriais usando o chamado "registo automático da memória".
Toda a exposição a novos desafios, problemas e ambientes ajuda a estimular e a desenvolver as diferentes áreas cerebrais que sejam solicitadas. Isso deve-se à neuroplasticidade, isto é, a capacidade do cérebro em se desenvolver já que é um órgão altamente dinâmico e flexível que recebe milhares de estímulos por segundo, permitindo-nos caminhar, ouvir, reconhecer rostos, falar, criar, aprender, sentir, planificar atividades, antecipar situações, etc. As novas tecnologias são apenas mais um desafio de adaptação neurológica mas o seu impacto é maior a nível psicológico e comportamental.

2. É verdade que a receção de uma informação provoca a libertação de dopamina, associada ao prazer e entusiasmo? Podemos dizer que tem um efeito “viciante” ou compulsivo”?
- O cérebro liberta inúmeros neuroquímicos que são necessários a toda a atividade mental. A "injeção" de qualquer estímulo (seja visual, auditivo ou qualquer outro que nos dê algum tipo de prazer e recompensa) é suscetível de gerar um efeito viciante em determinadas circunstâncias e em função de inúmeros fatores que também podem ser sociais e culturais. É o caso do tabaco ou do álcool.

3. Existem limites para a quantidade, velocidade e intensidade da informação processada pelo nosso cérebro?
- Cada pessoa, conforme a sua estrutura cerebral e psicológica, tem um limite relativamente à quantidade, à velocidade e à intensidade de informação que é capaz de processar. A maioria dessa informação (cerca de 90 a 95%) processa-se em níveis não conscientes. Apenas conseguimos perceber e ter consciência de uma quantidade ínfima de estímulos. Todos são processados e depois "arrumados" sob a forma de memórias (emocionais, autobiográficas, etc.)

4. Como pode a exposição a informação em excesso afetar...
- A nossa capacidade de memória a curto e/ou longo prazo?
- Excessiva informação leva a perda de focalização e perda de muita informação.
- A nossa capacidade de distinguir informação importante de acessória?
- O síndrome do pensamento acelerado e o stress são duas consequências da exposição ao excesso de informação e, eventualmente, à perda da capacidade de análise e do sentido crítico para separar o importante do acessório. Por outro lado, não podemos esquecer que o excesso de informação obtida num prazo curto leva também à fadiga visto que o cérebro é chamado a um esforço suplementar. Essa fadiga provoca diminuição da concentração e fraca  memorização das matérias que interessem fixar.
- A qualidade do nosso sono?
- A fadiga é a principal consequência do excesso de informação sobre os nossos ritmos biológicos, nomeadamente o da vigília-sono. Também a ansiedade devida a esse esforço gera dificuldade ao nível do sono, sendo responsável por muitas insónias (que afetam cerca de 25% das pessoas no mundo ociental).
- Os nossos níveis de stress e ansiedade?
- A saturação de informação aumenta os níveis de stress e ansiedade, em particular se essa informação for relevante para a nossa vida. É o que acontece com os estudantes que em vésperas de exames tentam memorizar muita matéria. Geralmente, os seus níveis de ansiedade ficam elevados e perdem muita informação que fica bloqueada na hora em que mais dela precisam.

5. A alternância constante entre tarefas diferentes (multitasking) afeta a nossa capacidade de concentração e consolidação do conhecimento? Como?
- É uma das causas mais frequentes do stress ocupacional, do esgotamento e da perda de concentração, o que dificulta a construção do conhecimento. A alternância de tarefas obriga a um desdobramento da atenção, a qual rapidamente perde a sua força inicial, reduzindo a nossa capacidade de resposta e reação.

Saber usar a tecnologia

6. No dia-a-dia, que sinais e/ou sintomas podem denunciar que estamos a atingir o limite da nossa capacidade de processar informação?
- São muitos os sintomas conhecidos e que geralmente se acumulam: dificuldade de concentração, dificuldade de memorização, dificuldade de recordação, fadiga, perda de reflexos, insónias, ansiedade, stress e problemas psicossomáticos (disfunções orgânicas de origem psicológica), etc.

7. Indique algumas medidas que recomendaria a alguém que tem de gerir e trabalhar com várias tecnologias diariamente (email, internet, telemóvel, ipad...)  para conseguir aproveitar o que de melhor elas têm para oferecer e também...
1º Gerir bem o tempo, definindo prioridades, instituindo intervalos entre tarefas.
2º Ter tempos livres mais repousantes e regulares.
3º Dormir melhor (socorrendo-se de estratégias naturais e de uma alimentação "light".
4º Diminuir o stress, nomeadamente gerindo o pensamento e evitando a ruminação em problemas.
5º Caminhar (diminui a ansiedade e baixa a tensão) e evitar o sedentarismo.
6º Melhorar a concentração e produtividade (organizando-se melhor)
7º Melhorar o uso consciente da memória (agendando as tarefas)
.

Mais-valias tecnológicas

8. Existem cada vez mais aplicações para ipad e iphone que se propõem ajudar a melhorar a saúde (da alimentação, ao sono, exercício físico, medicação, etc.). No seu dia-a-dia recorre a algumas? Pode sugerir algumas às leitoras da Prevenir?
- Trabalho bastante com o computador - chega a tomar-me 8 horas ou mais diariamente -  e tenho múltiplas tarefas e viagens de trabalho. A minha primeira preocupação centra-se em manter uma boa saúde pelo que procuro controlar o stress fazendo caminhadas, exercício físico variado, interrupções entre tarefas, exercícios de stopping (fechar os olhos alguns minutos várias vezes por dia), meditação, exercícios de relaxamento, uma alimentação frugal tendencialmente vegetariana, pequenas refeições e bons relacionamentos sociais e familiares.
Dou uma grande importância à estabilidade emocional pelo que, com tudo isto  junto, consigo atingir um elevado nível de produtividade. Considero também importante a adoção de uma postura otimista e positiva perante a vida em geral, mesmo perante problemas prementes.
Desde que modifiquei o meu estilo de vida e passei a adotar o que atrás descrevo deixei de me cansar ou queixar-me de falta de concentração e, todavia, trabalho muito mais do que há 20 anos. 

O papel da mente na saúde e na longevidade


Não há nada de novo mas a medicina tem dado muito pouca importância ao tema, mesmo depois de se ter criado o termo "psicossomática" para descrever as alterações orgânicas e as enfermidades que são provocadas, afectadas ou estimuladas pela psique, os comportamentos e os estilos de vida.

Ao contrário do que geralmente está convencionado, a mente não está alojada na cabeça. Ela está centrada no cérebro mas os seus efeitos distribuem-se por todo o organismo a cada instante. Já todos percebemos como uma emoção forte acelera o coração ou como ficamos "gelados" com uma notícia aterradora. Mas, subtilmente, mesmo o estado do nosso humor e do nosso ânimo, afectam todo o corpo, ainda que disso não tenhamos consciência.

Quantas indisposições "físicas", quantas doenças e perturbações não têm origem no nosso mundo psíquico, por vezes nas memórias emocionais, sem que disso tenhamos consciência. Infelizmente, os médicos, de uma maneira geral, tratam os problemas psicossomáticos com alguma indiferença, até mesmo com algum desprezo. E, não obstante, o tema é científico e não esotérico. Faria muito bem a muitos médicos perceberem um pouco mais da psicologia humana e tratarem dos doentes mais do que das doenças propriamente ditas.

O assunto é sério, ultrapassa o entendimento de alguns curiosos e aventureiros que debutam no campo das medicinas alternativas e seus anexos, exige especialização e, por isso, aqui fica o meu alerta.

Tenha em conta que todas as enfermidades têm algum tipo de ligação íntima com a psique e o estado de espírito; variam de aspecto, frequência, predisposição e gravidade em função da personalidade (a pessoa no seu todo) e dos padrões de comportamento e, finalmente, devem ser objectivamente estudadas e acompanhadas por quem sabe.

A influência da mente (das disposições, dos pensamentos, das emoções, etc) sobre o corpo (incluindo o próprio cérebro) é muito grande (estima-se que 80% das doenças atualmente conhecidas são "alimentadas", quando não provocadas, pelos estados de espírito).

Mais do que o tão badalado "pensamento positivo" (uma já estafada crença nem sempre fácil de cumprir) necessitamos é de melhorar o nosso auto-conhecimento, o nosso equilíbrio emocional e sentimental, a nossa auto-estima e a nossa capacidade de tomarmos decisões e assumir escolhas. Com isso iremos melhorar o nosso sistema imunitário, isto é, as defesas que o corpo gera de forma natural. Ficaremos então menos vezes doentes e a cura será mais rápida.

E, assim, a longevidade pode então ser uma conquista da inteligência mais do que dos genes, dos fatores ambientais e da sorte. Porque ser inteligente é saber fazer opções. Mesmo na saúde.

Porque a mente influencia a saúde....


O Dr. Mehmet Oz, um brilhante cirurgião cardiovascular, autor de vários livros de divulgação científica e que foi presença regular no famoso programa Oprah (ver Oz Diet), escreveu, em 1998, um pequeno livro com um título muito sugestivo: "A Cura Que Vem Do Coração" (Edit. Cultrix, Brasil) (*).

Nessa obra, o Dr. Oz remete a nossa atenção para o papel que a mente desempenha na cura das doenças orgânicas, em particular as do coração.

Ele relata muitos casos de doentes seus em que, sem colocar de lado os seus conhecimentos científicos e o uso das modernas tecnologias, os ajudou a compreender como as emoções, a atitude e o espírito deles influenciavam tanto os aspectos físicos da doença como a maneira de encará-las. A leitura do livro entusiasma-nos pois podemos acompanhar como todos os doentes evoluiram positivamente e superaram mais facilmente os seus problemas e angústias.

Na verdade, o livro realça o papel do pensamento e o poder deste sobre os estados emocionais e a cura. Quando o li, já lá vão uns 8 anos, lembrei-me de imediato de Augusto Cury e da sua obra onde este autor descreve precisamente como é importante sermos capazes de usar a nossa mente para nos tornarmos donos do nosso destino.

Porque é que a mente pode ser assim tão poderosa? Porque ela não é apenas o palco dos pensamentos e das emoções. Ela apresenta-se também como um complexo campo de energia (psíquica) muito dinâmica que influencia o estado da saúde.

O Dr. Oz é um humanista e um ser humano de mente bem aberta. Ele escreveu que o verdadeiro cientista deve ser receptivo a novas ideias e, ao mesmo tempo, conservar certo nível de ceticismo, o que lhe permite assim aceder a conhecimentos que estão fora das salas das universidades. Na sua prática clínica ele faz abordagens médicas integrais e eficazes para complementar os tratamentos mais convencionais, baseados em medicamentos e cirurgia.

No hospital-universidade em que trabalha ele manda ensinar e aplicar musicoterapia, hipnose, reflexologia, aromaterapia, massagem, ioga, acupunctura, homeopatia e outros processos complementares. 

Foi proibido pelas poderosas autoridades médicas norte-americanas? Não! Pelo contrário, o seu trabalho bem sucedido está a ser copiado por outras instituições de saúde nos Estados Unidos e outros países.

Aqui está o exemplo de um livre-pensador, um homem que se libertou das amarras do conhecimento clássico e se abriu a novas ideias e possibilidades de cura, desafiando a ciência e as práticas médicas convencionais!

Um autêntico engenheiro de ideias que sabe aplicar sua inteligência multifocal! Um exemplo para todos os médicos do mundo.

(*) O Dr. Mehmet Oz é considerado um dos melhores cirurgiões americanos. Esteve envolvido no desenvolvimento de métodos para o implante do dispositivo de suporte do ventrículo esquerdo LVDA (Left Ventricular Assist Device), um complexo coração mecânico parcial que ajuda a manter os pacientes vivos enquanto aguardam um transplante.

Use a inteligência para também ser feliz!


Perguntar-se-á: o que é que a inteligência tem a ver com a felicidade? A resposta é simples.

É a inteligência que nos permite compreender o mundo, começando por nós próprios. É a inteligência que nos permite observar, pensar, reflectir, exercer a arte da dúvida, criar, procurar soluções, descobrir novos caminhos. É a inteligência que faz de nós pensadores.

Um pensador é, antes de tudo, alguém que procura, em tudo o que faz e crê, respeitar sua própria inteligência, ser fiel aos seus pensamentos e desenvolver a consciência crítica - essa extraordinária faculdade humana que nos autoriza o exercício do senso crítico e que alimenta a nossa personalidade e a nossa auto-estima.


Muitas pessoas de hoje, devido à falta de auto-crítica, apreciam muito mais o misticismo, o esoterismo e o sobrenatural do que se interiorizarem e desenvolverem as funções mais nobres da sua própria inteligência.

Para ser feliz e vencer as suas adversidades você não tem que se ajoelhar perante falsos profetas nem integrar novas doutrinas espirituais que mais não fazem que o manter na fantasia e na ilusão!


Todos os poderes estão em você, na sua inteligência, na sua capacidade de reflectir e pensar. Não recue perante os desafios deste mundo novo que está à nossa frente e que todos os dias se transforma. Não tenha medo de viver!


Conhecer as emoções para SER FELIZ


Numa época caracterizada por medos, incertezas, pensamentos acelerados, angústias e depressões, "treinar a emoção é desenvolver as funções mais importantes da inteligência tais como aprender a gerenciar os pensamentos, proteger a emoção dos focos de tensão, pensar antes de agir, se colocar no lugar dos outros, perseguir os sonhos, valorizar o espectáculo da vida" - escreve A. Cury no prefácio do livro "Treinando a Emoção para Ser Feliz".

Há, nesta obra, uma advertência muito curiosa e oportuna: "muitos livros de auto-ajuda vendem uma ideia inadequada do que é ser feliz" - escreve Cury. "A felicidade - diz ele - tem muitas filhas e filhos: o amor, a tranquilidade, a sabedoria, a alegria, a paciência, a tolerância, a solidariedade, o perdão, a perseverança, o domínio próprio, a bondade, a auto-estima. Nunca se viu uma família tão unida!".

E essa unidade aqui descrita através dos nomes dos seus vários membros (amor, alegria, perdão, etc.) não pode ser desfeita. "Se você maltratar alguns dos seus membros, tem grande chance de perder a família toda" - adverte Augusto Cury.

De forma que a melhor maneira de você cultivar a felicidade é "aprender a conhecer o mundo da emoção". Veja: a felicidade, diz o mestre, é amiga do tempo e nós precisamos de tempo para treinar a emoção. Mas, como treinar a emoção? Não são as emoções demasiado biológicas, arreigadas em nosso organismo e nossa psique, para poderem ser treinadas? Sim, as emoções são feitas de estruturas pesadas.

O medo, por exemplo. É uma emoção básica, essencial à vida. Em doses normais, o medo apenas aparece quando se justifica. Ajuda a nos proteger contra os perigos. Mas, quando incentivado por uma sociedade complexa como a nossa, o medo pode tornar-se num monstro horrível e aniquilar nossas potencialidades para sermos felizes (você sabia, por exemplo, que 1% das crianças têm medo de aprender assuntos novos?

Parece estranho quando sabemos como as crianças são curiosas e gostam de aprender. Pois é. Mas há crianças que têm medo que as coisas novas que vão aprender na escola lhes tragam surpresas desagradáveis. Preferem o comodismo da ignorância (infelizmente, muitos adultos também sofrem do mesmo mal e preferem - mesmo! - manter-se incultos e analfabetos, recusando novos saberes que só poderiam enriquecer suas vidas).

As emoções podem ser chamadas de "básicas" ou primitivas quando, como o medo ou a ira, vêm inscritas em nosso código genético como instrumentos de defesa e sobrevivência. Nascemos com elas. Outras, como a vergonha, são aprendidas. São emoções de 2º nível. Adquirimo-las ao longo do nosso crescimento através da interacção social com os outros. Veja como os outros podem então ser determinantes para a nossa vida emocional: podem fazer-nos sofrer ou fazer felizes. Podem ajudar-nos a sermos senhores de nossas emoções ou escravos delas (pais e professores tenham cuidado com o que dizem às crianças!).

Para que possamos viver mais felizes, Augusto Cury ofecere-nos algumas dicas precisosas. Veja:

- não faça o velório antes do tempo, não sofra por antecipação (os que sofrem por antecipação treinam ser infelizes, gastam uma energia vital, fazem de suas vidas um canteiro de preocupações e stress);
- não faça de sua vida enocional uma lata de lixo social; proteja-se dos focos de tensão, não permita que as perdas e as frustações invadam sua vida;
- não seja carrasco de si mesmo (não seja ambicioso ao ponto de colocar metas inatingíveis para si, não tenha medo de falhar e errar, proiba-se a si mesmo de sentimentos de culpa e nem cobre dos outros o que eles não podem dar!). 

A vida das pessoas é semelhante a uma viagem.

As formigas estão tão dependentes da sua comunidade que quando alguma se perde ela morre.

Adoro ler biografias de pessoas que de alguma forma ajudaram a mudar o nosso mundo. E gosto disso porque muitas vidas foram verdadeiramente inspiradoras, não tanto pelo que alcançaram mas pela forma como enfrentaram os desafios, os problemas, os acasos da vida, as oportunidades e também os riscos.


E uma conclusão eu tirei até ao momento: a maioria das pessoas que a sociedade considera "equilibradas" (ou seja, que vivem em conformidade com as regras e os costumes, o "status quo", e que funcionam como as formigas) não têm grandes "chances" de trazerem grandes mudanças ao mundo. 

As que reviraram as coisas (de causas humanas a inventos socialmente úteis) foram, de alguma forma, pessoas que divergiram da maioria, não tanto por terem algum talento especial mas pela maneira como atuaram, deixando o seu legado para além da sua própria vida (por vezes anónimas e tantas vezes repudiadas).

A vida das pessoas é semelhante a uma viagem. O escritor Chris Guillebeau disse algo que explica bem isso: "o meu sentimento é que uma viagem vulgar não produz grandes memórias". É como a vida.

Ao contrário das formigas (que morrem quando se perdem da sua comunidade), o ser humano, mesmo sendo um animal social, tem sempre uma possibilidade em aberto: pode criar os seus próprios objetivos, seguir o seu próprio caminho, criar as suas próprias regras e ser diferente dos demais.

Infelizmente, essa possibilidade em aberto, que esconde, por vezes, tantas oportunidades, não é explorada pela maioria das pessoas que se contenta em levar uma vida certinha e regrada como as formigas.

À beira-mar me reencontro

Tive sempre uma relação afectiva com a natureza, em especial com os grandes espaços como o céu, as pradarias, os desertos, os grandes deltas e o mar.

Já sobrevoei oceanos e já neles naveguei. Já atravessei o Atlântico Norte num navio cargueiro entre Funchal-Nova Iorque e Nova Iorque-Bilbao (Espanha) num total de 23 dias.

Tenho doces recordações de quando ainda muito jovem me sentava na praia a olhar o mar imaginando os mundos que ficariam para lá do horizonte.Foi nesses momentos - e tantos foram - que me punha a fazer planos para a vida.

Perante aquela imensidão de água e sobretudo quando os meus pensamentos se alargavam até à linha indefinida que, lá bem distante, separava o mar do céu azul, eu idealizava aquilo que esperava da vida e pelo qual estava disposto a lutar.

Lembro-me que, quando tinha uns 14 ou 15 anos (não tinha mais), adquiri um livro bastante completo sobre a história do mar. Nunca li livros infantis mas aventurei-me sempre por leituras "impróprias" para a minha idade - era o que os professores me diziam, ao ponto de me alcunharem de "o poeta", "o cientista" da mesma forma que os meus vizinhos me chamavam "o psicólogo".

E, assim, acontece que tenho necessidade de viver em cidades junto ao mar. Nas terras do interior, por muito bonitas que sejam, sinto-me fora do meu meio.

Eu preciso do mar. Da mesma forma que preciso, nas noites de verão, de contemplar a vastidão do céu pontilhado de "estrelas" e de mundos eternos....para neles ir buscar outras ideias.

O mar em Dorset, no sul da Inglaterra, onde resido. Canal da Mancha, já perto do Atlàntico.

As aves e os seus afectos


As emoções são frequentemente entendidas como os produtos menos disciplinados e lúcidos da mente humana. Na verdade, esse entendimento constitui um erro. As emoções são um dos mais inteligentes sistemas adaptativos de que dispomos (e que também servem muitas outras espécies animais). Elas existem para cumprir vários papéis, um dos quais é a sobrevivência.

Estudar e compreender as emoções e as suas nuances deve ser uma preocupação de todos aqueles que buscam o prazer de viver e a felicidade. Infelizmente, não é matéria escolar e isso constitui um dos pontos fracos do sistema de ensino. As crianças aprendem a usar o intelecto para registar muita informação mas nada lhes é fornecido para aprenderem a conhecer-se melhor a si mesmas e aos outros. Quando muito, têm aulas de educação cívica, moral e ética que pouco mais informam do que umas quantas regras básicas de comportamento.

O papel do prazer
Um dos sentimentos mais curiosos do nosso mundo emocional é o prazer. O prazer é decididamente um instrumento de sobrevivência que também está presente num largo número de espécies animais, mesmo entre aqueles que nos parecem menos dotados de racionalidade como são os répteis.

Buscando o prazer sensorial, os animais partem à procura de situações que os façam sentir bem. Com isso diminuem o stress, melhoram suas defesas imunitárias e sentem prazer de viver pois dá-lhes uma sensação de bem-estar. Podem não raciocinar sobre isso, como nós fazemos, mas está provado que o prazer altera as suas reações e comportamentos.

As animais também amam ou são meras respostas adaptativas?
Um dos fenómenos que está sendo estudado é a aliestesia, isto é, a capacidade que os animais têm de perceber o que é agradável e o que é desagradável fazendo-os mudar de ambiente para procurar sentirem-se melhor. Poderá ser instintivo mas isso acontece.

Outro aspeto interessante é que muitos animais, tidos como "menores", como muitos mamíferos e as aves, podem demonstrar comportamentos afetuosos, amor entre si mesmos e até com os humanos que os tratem bem. É conhecido o caso dos corvos que acasalam com o mesmo parceiro ao longo da vida. Para muitos cientistas este comportamento reflecte alguma forma de prazer partilhado, ou seja, um reflexo afetivo, talvez não percebido pelos próprios mas que seus cérebros denunciam quando examinados em laboratório.

OUSAR: um livro e uma carruagem de transportes



No final dos anos 1970, era eu responsável pelas Relações Públicas e Comunicação de uma grande empresa de transportes públicos urbanos, quando me interessei pela história da locomoção humana e da invenção dos meios de transportes.

Desse interesse nasceu o meu primeiro livro ("5.000 anos de transportes") - atualmente na Biblioteca Nacional de Portugal e em alguns museus de transportes de comunicação de vários países) - e a reconstrução de uma carruagem de passageiros que timha circulado na cidade do Porto nos finais do século XIX. Essa carruagem, que retomou a cor original (verde e branco), era do chamado tipo "americano". Circulava sobre carris e era puxada por cavalos (ver foto, da referida carruagem descendo a Avenida da Boavista, no Porto). Atualmente, está exposta no Museu de Transportes do Porto.

Nunca pensara, até então, que viesse a ser autor destas duas criações.

QUEM SOU. A minha insatisfação permanente.

Recentemente, uma jornalista de conhecida revista, pediu-me para responder a algumas questões de forma sintética visando incluí-la num livro cujo título ainda não está decidido. Com a sua autorização, transcrevo aqui algumas das perguntas. E as respostas para vos ajudar a conhecerem-me melhor. As minhas respostas foram dadas pensando o menos tempo possível para que saíssem em bruto, o mais fiel possível, sem auto-censura.


- COMO SE AUTO-DEFINE?
- Um homem com algumas certezas sobre a permanência da incerteza. Um homem que viveu e sofreu metamorfoses várias, e que se sente em nova fase de transformação. Tendo quase 68 anos continuo cada vez mais diferente dos da minha idade, como se eu estivesse a desacelerar a entropia (o que leva ao envelhecimento) ou então a seguir por outros caminhos que não sei onde vão dar. Já me questionei se, caso fosse avaliado por um psiquiatra, ele não estaria tentado a atribuir-me um transtorno qualquer (um sujeito "anormal" como eu, tem, por detrás, uma doença de foro mental a justificar os comportamentos desajustados da sua idade). Vivo numa insatisfação permanente porque preciso de viver mais - mais amplamente - para poder saber mais e descobrir mais. 

- O QUE O FASCINA?
- O desconhecido. Até mesmo aquilo que desconheço de mim mesmo seduz-me e empurra-me para a auto-descoberta. É um processo que se renova a todo o momento mas que deixa as pessoas, por vezes, confusas. Fascina-me aquilo que entendemos por Sabedoria e Maturidade e que inclui a Reflexão, o Senso Crítico e as diferentes "visões do mundo". Atrai-me o futuro e o muito que ele nos vai trazer de transformações radicais nos próximos tempos. Tenho pena que as pessoas não se preocupem com isso e depois se queixem por o mundo ter mudado. Admiro as mentes brilhantes que têm feito do mundo um lugar melhor do que alguma vez foi.

- O QUE DETESTA?
- A alienação em que as pessoas vivem e sobretudo aquela que transmitem aos mais novos, muitos deles já alienados por modas, marcas, ídolos, necessidade compulsiva de projeção e de fama. Não compreendo como crianças de 14 e 15 anos podem estar 3 dias ao frio e à chuva na rua só para garantirem um bom lugar num concerto de um cantor da moda. E questiono-me sobre o tipo de pais é que permitem isso e porque os filhos faltam às aulas para poderem fazer aquilo tipo de disparates. Detesto também a mesmice, o seguidismo, a politiquice e o conservadorismo das instituições como os Estados, os Governos e os Partidos, sejam de Esquerda ou de Direita (aliás, esta distinção está mais do que ultrapassada).

- E EMOCIONALMENTE, COMO É?
- Ansioso e muito psicossomático. Sou um sentimental pragmático. Criativo e prático. Adoro a gentileza e a simpatia verdadeiras. Apaixono-me por muitos projetos mas que abandono sem problemas quando sinto que não têm futuro. Amo o conhecimento e por isso devoro livros e revistas de muitas matérias. Gosto de partilhar o que aprendo. Não gosto de ser um professor convencional mas sim ser um desafiador do pensamento daqueles que podem aprender comigo (a quem chamamos alunos).

- VIVÊNCIAS INESQUECÍVEIS?

- Davam um livro. Adoro a aventura e tive muitas experiências formidáveis. A minha infância foi intensa. Era um líder nato. Adorei também a forma como arranjei o meu primeiro emprego com 6 empresas interessadas em mim, e a quem desafiei a convencerem-me que eram as que eu merecia. Outro momento inesquecível foi ter conhecido uma Miss Finlândia tinha eu 17 anos e entrevistá-la para a Rádio Renascença. O ter sido chamado à Embaixada da Finlândia para receber um presente do Presidente da República daquele país por ter criado a Associação Juvenil Luso-Finlandesa e divulgado o seu país em Portugal (nos anos 60). Foi o atravessar o Atlântico (para lá e para cá, num cargueiro), ter visto peixes-voadores e deslumbrar-me com Nova Iorque, de noite, quando o barco lentamente se aproximou da costa americana. O ter sido piloto de automóveis. O ter criado uma revista de desportos radicais quando ninguém sabia o que isso era (e como consequência a revista faliu por falta de leitores). Ora bem, ainda estou a falar de coisas que aconteceram antes de chegar aos 35 anos de idade. Fica a amostra.

Inimigos do Cérebro

TER SORTE! O que você tem feito por isso?

A sorte está muito relacionada com o acaso. Sorte e acaso sempre fizeram parte da história humana. Mas, atualmente, com o aumento da população mundial e da complexidade social, o factor "acaso" atingiu um peso impressionante. Ou seja, o "acaso", se pudesse ser quantificado, chegaria a valores inimagináveis.

A vida de cada um de nós está repleta de acasos e muitos mais virão, no próximo minuto, nas horas seguintes, em qualquer altura do futuro próximo ou longínquo. De um momento para o outro encontramos pessoas ou deparamo-nos com acontecimentos e situações que podem modificar completamente a nossa vida (por vezes de forma radical).

Não interessa aqui discutir se "está escrito no destino" ou se qualquer acaso surge como que do nada ou de nada alguma vez imaginado. O acaso quase sempre surpreende porque nos apanha desprevenidos e porque temos tendência a não pensar que a vida está cheia de surpresas (boas, neutras, más).

É aqui que entra o factor sorte. Muitas vezes, o que o acaso nos traz é generoso. Muitas outras, é simplesmente horrível e difícil de assimilar. Tudo depende de muitos factores e da conjugação de vários elementos tais como o "estar na hora e no lugar certo" para que algo nos surpreenda pela sua imprevisibilidade.


O ser humano não dá muito valor ao acaso a não ser quando se depara com ele. Poucas pessoas pensam que o acaso vai ainda surpreendê-las mais vezes no futuro e que não estão protegidas dele. Com sorte, os acasos poderão ter um "final feliz". Sem ela, o risco de nos magoar ou nos derrubar é enorme.

O ACASO, A SORTE E O CÉREBRO
Curiosamente, quer o acaso quer a sorte, têm a sua componente psicológica. Há pessoas com mais hipóteses de terem a sorte do seu lado enquanto outras parecem destinadas ao azar.

Cientistas como o inglês Richard Wiseman e o alemão Stefan Klein (admirado por António Damásio) estudaram, de forma independente, os factores "sorte" e "acaso" e descobriram que podemos ter alguma influência em qualquer um deles. Essa conclusão abre portas para que cada um de nós possa ter um maior poder sobre o que chamamos "destino" conhecendo melhor como o nosso cérebro funciona. Até nisto, o cérebro tem um papel muito importante.

Mudanças inconformistas!

Com muita frequência ouvimos dizer que é melhor não arriscarmos demais, num mundo que se mostra cada vez mais complexo, incerto e inseguro. A alternativa é a estabilidade, o deixar as coisas correrem sem fazermos muitas "ondas", mantendo-nos agarrados à nossa zona de conforto.

Não é um mau conselho. Sim, é uma forma possível de se levar a vida evitando tanto quanto possível surpresas por nos arriscarmos demais, nomeadamente no mundo dos negócios, na vida profissional, nas carreiras independentes, etc.

Mas tenho visto que muitas pessoas, sozinhas ou associadas com outras, têm decidido mesmo arriscar, algumas deixando o emprego para trás e para encetar um novo rumo às suas vidas.

Ora esta é uma regra de ouro, hoje em dia: a de arriscarmos, ponderando todos os prós e contras, mas não desistindo só porque isso significa mudar, e por vezes mudar muita coisa.

Mudar faz parte da evolução e aplica-se a muitas outras áreas da vida humana quando sentimos que estamos a ficar saturados ou a precisar de enfrentar novos desafios.

Seth Godin, considerado uma das mentes mais brilhantes da área dos negócios e do marketing (áreas que exigem muita ação, ideias e espírito empreendedor), deixou confusas algumas pessoas quando afirmou que "a vida inteira mentiram-nos porque não há risco maior do que não correr risco nenhum" (veja o site do autor em www.sethgodin.com).

Ele é um dos inconformistas mais destemidos que conheci na minha vida profissional e um exemplo de criatividade, tendo uma visão do mundo que deixa muitas pessoas estupefactas, incrédulas.

Caterina Fake, fundadora do Flickr (o conhecido site de hospedagem e partilha de imagens fotográficas - ver www.flickr.com - não lhe fica atrás e aborda o tema dos vírus mentais que nos contaminam. Disse ela: "hoje em dia toda a gente procura a ATENÇÃO dos outros; o problema é que isso tornou-se na mais irresistível das drogas". Mas é uma droga boa? Não quando ela ofusca "qualquer outro tipo de recurso que podemos ter para dar aos outros e ao mundo".

Vemos hoje uma sociedade carente de atenção. Escrevem-se livros sobre isso pois é cada maior o número de pessoas que dela carecem. Vejam-se as televisões e esse mundo cada vez mais alargado de gente famosa. De que vivem elas? De atenção. Não são lá muito originais no processo mas fazem o que podem para estar nas bocas do mundo.

Não são o melhor exemplo de inconformistas pois a maior parte dos "famosos" que conhecemos - especialmente do mundo do espectáculo - são personalidades frágeis e facilmente descartáveis. Podem ter muito talento mas o mundo procura novidade e há cada vez mais novos talentos. E, assim, a reciclagem humana está na ordem do dia, até nos empregos.

De nada serve reclamarmos contra os poderes instalados e o sistema. A sociedade evoluiu assim desde há muitos milhares de anos. Então, o que temos de fazer é elevarmo-nos como pessoas, puxarmos pelas nossas capacidades e saberes, e arriscarmo-nos a mudar. Mudar é pois a palavra-chave, por muito batida que ela esteja.

Eu sou de opinião que não é o mundo que tem de mudar, mas nós próprios, cada um com o seu próprio esforço, servindo de exemplo aos outros que, embora reclamando e protestando, pouco mais fazem (e alguns até conseguiriam mais do que fazem). E se todos o fizermos, então o mundo mudará.

O que mudou com a mudança de ano?

Infelizmente, nada. Ou melhor, mudou o que mudaria mesmo sem mudança de ano!

Ouvem-se as notícias ou lêem-se os jornais e sente-se que, afinal, o que há de novo não tem nada a ver com o ano, a não ser leis, impostos e novas regras ditadas pelos governantes. Talvez nas empresas se iniciem novos projetos na prossecução de novos objetivos. Mas, saltemos para o nosso quotidiano: está tudo na mesma (salvo raras exceções, certamente)!

E isso acontece todos os anos. Festejam-se os "anos novos" como se acreditássemos que, por ser um novo ano, as coisas poderão ser diferentes. Fazem-se então planos, traçam-se novas metas ("desta vez é que vai ser"). E os anos passam e o que tem de mudar continua a mudar sem precisar do calendário.

Hoje, dia 2, olhamos e o que vemos de realmente diferente que tenha merecido tanta festa, tanto fogo de artifício pelo mundo fora?

Ok, bebés que nasceram à meia-noite de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro e são notícia nos jornais. Mas, e as pessoas - tantas - que na mesma hora morreram nos hospitais, em guerras ou até de fome e miséria nos países esquecidos? Esses ficam nas lágrimas de quem os perde. Ninguém fala deles e até esquecemos que muitas famílias necessitam é de mudar de vida e não mudar de ano (isso é uma mera convenção ditada pela necessidade de organização do trabalho).

Que andamos nós a fazer com estas brincadeiras ingénuas de festejar mudanças de ano como se isso mudasse o mundo? Engano nosso. O mundo continua indiferente ao calendário. Nós é que somos umas crianças grandes que adoram festas por tudo e por nada.

Acho sempre interessante o pormenor de ao meio-dia de 31 de Dezembro os povos no distante Extremo-Oriente já estarem em 2014 e depois, hora a hora, ir-se festejando de alto a baixo do planeta (conforme os meridianos) um novo ano. Ou seja, foram 23 horas de festejos como se houvesse 23 novos 2014. E cada povo foi festejando o seu quando, na verdade, nas "terras onde nascem os dias", já era 2014. O mundo voltou ao normal: já estamos todos em 2014.

Somos assim mesmo. Vivemos encurralados em crendices, em sistemas, em modelos, em padrões, em rotinas, em calendários, em agendas e tudo o mais que só tem servido para tornar a vida em algo muito complexo. Na verdade, somos prisioneiros do mundo que construímos. E, não obstante, queixamo-nos dele a toda a hora.

E porquê? Porque as verdadeiras mudanças de que a humanidade necessita não precisam de datas marcadas. Poderão ocorrer em qualquer data porque não são elas que as determinam. Estamos à espera de quê? De 2015?

O perigo das rotinas

Sabe qual é um dos maiores problemas das rotinas? É o risco de cometermos erros, podendo alguns ser fatais!

De facto, o que acontece é que quando entramos em "piloto automático", isto é, quando agimos seguindo rotinas aprendidas com a prática, a nossa atenção diminui bastante e não damos conta de pequenas alterações no que nos rodeia, o que pode ser perigoso!

É normal que o nosso cérebro adquira rotinas. É uma forma dele poupar energia em tarefas que já não exigem que nos concentremos nelas.

Acredite, porem, nisto: grandes acidentes (rodoviários, ferroviários, de aviação, em desportos, etc.) resultam de proporcionarem rotinas, o que leva as pessoas a descurarem a sua atenção. Está provado!

Vários estudos experimentais indicaram o seguinte: há mais acidentes nas ruas e estradas "seguras" (bem sinalizadas) do que naquelas com pior piso, mal iluminadas e pouco sinalizadas. Porquê? Porque estas últimas exigem mais atenção e as pessoas tornam-se mais prudentes. Nesses casos, desligamos o "piloto automático" - ou seja, o comportamento rotineiro e assim podemos evitar surpresas desagradáveis por excesso de confiança.