Bem-vindo ao blogue do meu PROGRAMA EVOLUÇÃO E MUDANÇA

SIGA-ME NO FACEBOOK

Conheça também o meu face "Mais Saúde e Longevidade"

AS BOAS IDEIAS E O FUTURO DA HUMANIDADE

As ideias costumam nascer e evoluir dando origem, muitas vezes, a coisas extraordinárias. Numa primeira fase parecem disparatadas e sem qualquer utilidade. Numa segunda fase, mais evoluída, adquirem algum tipo de forma que faz nascer apoiantes e descrentes.

Parece que apenas 15% das pessoas apoiam as ideias arrojadas. As restantes 85% dividem-se: umas são completamente indiferentes às novas ideias, outras combatem-nas (pelas mais diversas razões) e outras ficam confortavelmente na expectativa mas com muita descrença à mistura. Vencem, afinal, as ideias que são impulsionadas pela paixão dos seus criadores e apoiantes!

Muitas boas ideias que poderiam mudar o mundo morreram porque os seus criadores sentiram-se isolados, incompreendidos ou desmoralizados. Felizmente, muitas outras escaparam a esse destino e a elas devemos o mundo de hoje onde parece que tudo já foi inventado.

Felizmente, apenas avançamos umas etapas e há ainda muita coisa por criar. Aliás, eu penso que o espírito humano, naturalmente inventivo, não tem limites. Pode-se sempre melhorar alguma coisa (e não apenas máquinas!).

Por exemplo, falta inventar....
- uma sociedade humana mais solidária, fraterna e pacífica;
- uma educação mais integral e ajustada às novas necessidades do mundo;
- outras formas de vivermos mais otimistas, motivados e empenhados;
- uma forma de governar mais inteligente, íntegra e criativa.....

Enfim, há tantos espaços onde podemos aplicar a nossa criatividade que podemos dizer, sem medo de errar, que a reinvenção do mundo é também uma possibilidade em aberto! Sim, por que não reinventamos o mundo?

A cada de nós cabe o papel de manter a mente aberta a todas as possibilidades nunca rejeitando qualquer ideia (nossa ou de outros) que, no início, pelos seus contornos, pareça estranha e ousada.

Sempre que tiver ideias que possam ter alguma aplicação útil na melhoria da sua vida e da dos outros nunca desista perante o primeiro descrente nem face aos muitos obstáculos que a sociedade é pródiga em "inventar".

Se procura uma forma de sentir-se feliz ou mais feliz.....talvez seja ótimo começar por se reinventar!!!! Será um grande desafio? Talvez. Mas que bela e excitante forma de se aproveitar a vida!!!

Nelson S Lima

Informação para professores


Informação


POR QUE HÁ CADA VEZ MAIS DOENTES?

O problema maior da medicina é, em meu humilde entendimento, o de não dar a devida atenção ao doente e à capacidade de auto-cura do seu organismo.

Quando falo em "doente" quero com isso dizer tudo o que ele é: uma personalidade única (não há dois doentes iguais), com capacidades únicas, incluindo tudo o que se refere à sua saúde em particular.

Muitas pessoas têm mal-estares e doenças cuja resolução não passa pela imediata receita de algum complexo químico (como são todos os medicamentos) mas antes pela pesquisa do que pode estar a originar as suas queixas. O diagnóstico é a etapa mais decisiva no processo da cura.

Os médicos queixam-se que não têm tempo (para nos atender e entender) e culpam os sistemas de saúde (com a sua organização geralmente mal construída). Mas muitos deles também não sabem fazer um diagnóstico apesar de seguirem certos protocolos, infelizmente incompletos e que ignoram os doentes como pessoas (com sua psicologia, suas crenças, suas ideias, seus estilos de vida, sua visão do mundo e até seu entendimento do que significa a saúde).

A medicina é uma atividade multidisciplinar. A doença não é apenas "a doença". Ela "é" o doente, o seu portador. E o doente, se "quiser" ou até sem querer, pode sabotar completamente a atividade médica ao não ser honesto consigo mesmo e com o médico. É que os doentes também mentem e enganam (ou por medo, ou por qualquer outro motivo) deixando a medicina incapaz de o ajudar.

O EXCESSO DE MEDICAÇÃO
Mas não será tudo isso consequência de uma medicina que está mal estruturada, muito focalizada na cura e não tanto na prevenção e na auto-cura? Não será porque a medicina confia demasiado em medicamentos que têm, na generalidade, efeitos contrários aos desejados e que o paciente não sabe?

Muitos medicamentos são, eles próprios, os causadores de doenças, alergias, agravamentos (por vezes fatais) e incompatibilidades (até mesmo com a natureza psicossomática do doente) impedindo que o corpo se auto-regenere. Muitos medicamentos fazem precisamente o contrário ao impedirem o sistema imunitário e a inteligência do organismo de agirem com todo o seu vigor. O nosso organismo, convém lembrar, é fruto de milhões de anos de evolução e em geral é de muito boa qualidade (pelo menos no momento de nascer). Mas damos-lhe muitos maus tratos (nós, a medicina, a educação, a sociedade em geral).

A nossa saúde parece então estar cada vez mais dependente da medicina e não tanto do nosso estilo de vida, de nossa psique, de nossa alimentação, de nossa forma de estar na vida.

Continua a ser estranho para mim que haja tantas pessoas doentes, sobretudo neste mundo dito civilizado onde a qualidade de vida e as condições de higiene melhoraram consideravelmente.

Penso que a medicina (e nós próprios relativamente à nossa saúde) necessita de uma mudança qualquer que a torne mais eficiente e com menos custos para todos. Tal e qual como na educação.

Infelizmente, nestas coisas, que são fundamentais, somos excessivamente lentos a mudar. O pensamento conservador ainda predomina.

Quando é que ousamos mudar de comportamento? Porque temos nós tanto medo (por vezes, inconsciente) de mudar o que inevitavelmente tem de ser mudado?

ALTERAR A MEMÓRIA DO CORPO?

Embora voltado para o "futuro já" (o futuro que enfrentamos a todo o instante) eu sou feito de passado: o meu organismo, os meus pensamentos, as minhas memórias vêm de lá (se entendermos o passado como algo que "aconteceu").

O "presente" é fugidio, acaba de imediato conquistando uma fração do futuro e registando-se no arquivo "passado". Mas o presente é também o que se conquistou no passado.

Aliás, recuso a ideia de que tudo o que aconteceu no passado ficou no passado. Ou que apenas temos testemunhos ou memórias. Não. O passado não acabou. O passado está mergulhado no presente e influencia constantemente o presente e até o futuro.

No campo da saúde, toda a doença (como todo o bem-estar), tem uma história. Tem um momento em que começa. E começa a uma escala subatómica, invisível e que as análises médicas vulgares não captam. Por isso (e apesar da sua importância) as análises clínicas que fazemos anualmente revelam praticamente e apenas a "superfície" do estado do organismo (colesterol, ureia, etc) no dia da análise. É arriscado e tonto dizer-se que "ah, estou com a saúde a 100% pois as análises que fiz há um mês deram tudo bem". Há um mês....(quantas mudanças se operaram, entretanto, no organismo a um nível subatómico?).

As alterações orgânicas começam muito tempo antes de se manifestarem ao ponto de não poderem ser analisadas pelos processos convencionais. Um tumor começa por vezes 10 ou mais anos antes de se manifestar e a um nível não detectável.

O psicólogo William G. Braud, da Fundação da Ciência da Mente, estudou a possibilidade de se ir ao passado e alterar as reacções do organismo perante um elemento preverso que despoletará uma doença. Não é uma viagem de regresso ao passado (como nos filmes) que se pretende. Nem o processo deve ser confundido com as práticas da hipnoterapia ou da psicanálise.

Objectivamente, a estratégia é mergulhar a mente mais fundo no organismo e influenciar os átomos do corpo e, a partir daí, as células e em especial as imunitárias e alterar a sua memória. Sem hipnose.

Da mesma forma que podemos alterar a nossa memória podemos alterar a memória do corpo. Alterar a memória, neste contexto, é alterar a percepção inicial e os processos seguintes que ficam registados na RAM (memória de registo automático inconsciente).

Tudo isto está ainda em investigação mas já há muitos casos conhecidos em que a mente agiu sobre a memória do corpo, alterando as etapas seguintes e reconquistando a saúde.

À falta de melhor, têm-se chamado a esses acontecimentos "milagres". Mas não é de milagres que se trata. É de vida e conhecimento.

Nelson S Lima 

O QUE ANALISEI EM JOSÉ MOURINHO (treinador)

Minha entrevista para o livro:


J. Marinho (Sport TV) - Do que se conhece, do seu estilo, da sua aprendizagem, dos meios que utiliza, dos seus conhecimentos, do seu domínio dos vários instrumentos de construção do sucesso, pode dizer-se que José Mourinho é um caso de sobredotação?
Nelson S. Lima - José Mourinho é, indubitavelmente, um caso de sucesso na sua profissão sendo reconhecido como um técnico de excepcional craveira. Que se trata de uma pessoa sagaz, inteligente e muito competente na sua especialidade, ninguém dúvida. Saindo fora da vulgaridade estaremos perante um caso de sobredotação ou de talento.

Num meio – o futebolístico – que valoriza o esforço, a aptidão, a destreza, como é que a inteligência pode diferenciar os talentos e, no caso de Mourinho, ser instrumental para o sucesso?
O tipo de talento excepcional que Mourinho manifesta como treinador inscreve-se no que os psicólogos cognitivos chamam de “inteligência executiva”. Ela está geralmente presente em pessoas dotadas de excelentes capacidades de gestão e liderança. Assenta em três pilares determinantes para o sucesso: aptidão para a correcta tomada de decisões em tempo oportuno na sua área de actuação, aptidão para a condução de equipas e auto-conhecimento. Os grandes treinadores assim como os estrategas e decisores excepcionais revelam-se através do atingimento certeiro dos objectivos que se propõem atingir utilizando aquelas habilidades com elevada destreza e sagacidade (no estudo das situações, na gestão dos recursos, etc.).

Acha que Mourinho conhece a sua inteligência, valorizou-a como ponto de partida no seu projecto de construção de carreira. Foi isso que fez a diferença, ainda numa altura em que acumulava conhecimentos…É possível apercebemo-nos da nossa inteligência e que essa percepção se torne a nossa vantagem comparativa sobre os outros?
Estudando o passado de Mourinho descobre-se que ele desde muito novo tinha consciência de que teria mais talento para treinar equipas de futebol do que para jogar. Essa percepção é determinante para uma carreira de sucesso e deve-se ao auto-conhecimento. Nas pessoas muito inteligentes a percepção das suas próprias capacidades e talentos faz com que desde muito cedo comecem a lutar para a concretização das suas ambições. Mourinho conseguiu isso: chegou, agiu e venceu.

Acha que Mourinho podia ser um bom case study para os grandes conhecedores da inteligência humana?
Sim, certamente. A sua rápida ascenção como treinador e os êxitos obtidos, sobretudo no F.C.Porto e no Chelsea, atrairam o interesse dos estudiosos da gestão e da liderança, em especial os que se interessam pela “inteligência executiva” aplicada no dia-a-dia das organizações humanas. Muitos se interessarão também por tentar descobrir porque motivo Mourinho adopta aquele estilo por vezes descarado de auto-elogío que leva os seus opositores a defini-lo como arrogante e vaidoso. Quando se declara, ele mesmo, por exemplo, como “the special one”, deixa no ar uma impressão de sinal narcisista. Parece-me uma postura incompatível com o seu estatuto de homem de sucesso podendo ser interpretado como um ponto fraco da sua personalidade. Não sei se isto é bom ou mau para o seu futuro mas, se eu fosse seu conselheiro de imagem, sugeria-lhe moderação.

É recorrente, em certos comentários, fazer-se o uso de expressões “inteligência em movimento”, ou “é uma jogada inteligente”, ou até dizer-se, na caracterização de certo jogador, que “é um jogador inteligente”. A inteligência marca a diferença no futebol? Mourinho foi dos primeiros a aperceber-se disso? Será por isso que, por mais de uma vez, Mourinho já admitiu que detesta jogadores burros? E como se distinguem os treinadores e jogadores inteligentes?
Ao que consta Mourinho não foi um jogador excepcional mas é um analista por excelência e um estudioso do futebol. Ele sabe que o talento para jogar futebol não se resume às habilidades de movimento, equilíbrio e decisão com a bola. O futebol de alta competição exige outras competências tais como disciplina, visão de conjunto, rapidez de decisão, capacidade de concentração, carácter, etc. E nisso ele é um bom gestor potenciando as capacidades de cada jogador.
A inteligência que torna um jogador eficaz dentro da sua especialidade (guarda-redes, avançado, etc.) contem, na verdade, um conjunto de talentos mentais e físicos que actuam em conjunto e no mesmo instante e que fazem parte daquilo que podemos chamar de inteligência corporal-cinestésica. É diferente, como é fácil perceber, daquela que se espera dominar num treinador de sucesso. O facto de Mourinho ter tido êxito como treinador e não como futebolista reside assim no facto de ser dotado de uma elevada inteligência executiva, mais do que qualquer outra que o futebol exija. Ele sabe isso desde o início da sua carreira futebolística. Um dos segredos do seu sucesso começou também aí: o de ter sabido optar, no momento oportuno, pela profissão onde podia dar o seu melhor.

Sendo que existem vários tipos de inteligência, quais serão aquelas que Mourinho parece dominar melhor?
Sem dúvida que os dados apontam para uma elevada e consistente inteligência executiva. Não é por acaso que os seus colegas o reconhecem como um treinador excepcional e os gestores de empresas detectem nele superiores capacidades executivas.
Das várias habilidades que fazem parte daquele tipo de inteligência destacam-se a capacidade para a análise aprofundada das situações, a tomada de boas decisões e a condução de pessoas. Ora é nestas áreas de actuação que Mourinho se tem mostrado invulgarmente talentoso, o que lhe tem permitido ser objectivo, realizador e eficaz.

ARQUIVO 5 de Abril de 2007
Nelson S Lima (entrevista para o livro "José Mourinho Vencedor Nato", de J. Marinho)

O futuro que estamos a construir




A complexidade do mundo actual e as profundas mudanças que se observam, permitem concluir que o futuro trará exigências cada vez maiores para as organizações humanas e as pessoas em geral.

Em poucos anos passámos de um mundo baseado na indústria e transporte para outro com base no conhecimento, na informação e na inteligência.

Como alertou o professor Keith Devlin, autor de Goodbye Descartes, "essa pesada dependência do conhecimento e da informação aumentará nos próximos anos". E chama a atenção para o facto de, na nossa Era, nenhum cidadão conseguir funcionar devidamente sem uma compreensão básica da informação e avaliação do que é necessário para tornar esta última em conhecimento. Como veremos, isto exigirá uma nova política de Educação e novos modelos de Ensino.

Thomas Stewart acentua a importância das novas ferramentas da sociedade. "O conhecimento - diz - tem muito mais valor e é mais poderoso do que os recursos naturais, as grandes fábricas ou as chorudas contas bancárias". Nasceu, por conseguinte, um novo "capital": o capital intelectual. Este é constituído por material intelectual: conhecimento, informação, ideias, propriedade intelectual, processos, especialização, tecnologia e experiência. Na nova sociedade, estes materiais geram riqueza. São uma espécie de matéria-prima da economia.

Qual o impacto que isto tem, por exemplo, nas empresas (a mais representativa e mais comum das organizações humanas)? Tremendo. Peguemos num exemplo: a Nike, um dos maiores e mais famosos fabricantes de calçado desportivo. Na realidade, a Nike não fabrica nada. Se você é um operário da indústria de calçado escusa de escrever-lhe a candidatar-se para um lugar na linha de fabrico. A Nike não precisa de operários para nada. O trabalho central da empresa é investigação e desenvolvimento de novos modelos de calçado desportivo, design, marketing e distribuição. Quem então fabrica os produtos da marca Nike? Outras empresas com quem a Nike estabelece contratos de produção. Como a Nike muitas outras empresas seguem este estilo de gestão. Um outro caso exemplar é a dos modernos aviões comerciais. São totalmente projectados em computador sem desenhos nem maquetes feitas manualmente e são pilotados por computadores a maior parte do tempo de cada viagem. O combustível é gasolina mas o avião voa e depende de informação. Finalmente, vejamos o caso dos automóveis actuais. Eles têm mais microchips do que quaisquer outras peças e a sua electrónica custa mais do que o aço que os compõem. Os microchips, que hoje estão em todos os aparelhos electrónicos, não mais são do que armazéns de informação útil.

Como refere o professor T. Stewart, "a força muscular, o trabalho das máquinas, o próprio trabalho produzido pela energia eléctrica estão a ser contínua e progressivamente substituídos pela inteligência".

Podemos dizer que vivemos uma revolução à escala planetária só que muito mais rápida, mais ampla e mais demolidora do que a Revolução Industrial do século XIX. As novas "ferramentas" estão a crescer exponencialmente mais depressa e a tornar-se mais baratas e mais poderosas do que alguma vez aconteceu na história humana.

O investigador James Canton, presidente do Institute for Global Futures, diz que os novos "tijolos" da economia são quatro: bites, átomos, genes e neurónios! "Eles representam - escreve Canton - o afastamento do aço e do petróleo do passado e apontam-nos uma remodelação radical na economia e do poder das novas ideias".

Uma revolução inimaginável
Numerosos estudos sustentam que o futuro próximo e a médio prazo (10 a 15 anos) será moldado por 8 inovações determinantes: a biomimética (fabrico de produtos a partir da imitação dos mecanismos na Natureza), a fotónica (utilização da luz para criar produtos), a nanobiotecnologia (combinação de nanotecnologia com a biologia), a genómica orientada (utilização da informação genética para produzir fármacos e alimentos), a biodetecção (utilização da informação biológica para detectar riscos), os neurodispositivos (micromáquinas para reparar funções cerebrais), nanoenergia (para a criação de combustíveis renováveis) e encriptação quântica (para protecção de informação, produtos e pessoas).

Para quem não esteja a par desta terminologia técnica pode pensar que estamos a descrever um mundo de ficção. Olhando à nossa volta parece que vivemos ainda num mundo simples e acessível ao nosso entendimento. Mas a verdade é que há grandes vagas de mudança a ocorrerem longe dos nossos olhos. De facto, como refere James Canton, muitas das inovações que vão mudar o nosso mundo ainda não foram captadas pelo "radar das empresas e dos países", e muito menos pelo cidadão comum. Também aconteceu o mesmo nas primeiras décadas da Revolução Industrial. E depois, quase de um dia para o outro, a vida das pessoas mudou, os transportes sofreram um forte impulso, surgiram milhares de fábricas e novos produtos, criaram-se novos empregos e escolas para um mundo novo e quase desconhecido. Nós estamos num estádio similar. Só que agora podemos ter a certeza de que as mudanças vão ser muito maiores.

E isto faz-nos regressar ao tema inicial: a informação, o conhecimento e a inteligência, isto é, o capital intelectual; algo que cada um de nós possui e que pode (e deve), obviamente, aumentar. A nova sociedade (da Informação, do Conhecimento, da Inteligência) exige capital humano talentoso e especializado, gente com "cabeça", inovadora e autónoma. É que no futuro próximo os empregos exigirão capacidades ainda mais avançadas, mais instrução e formação mais sofisticada.

Segundo o governo norte-americano mais de 75% dos actuais empregados dos Estados Unidos vão necessitar de receber nova formação para poderem manter os seus empregos. Estima-se que, dentro de 8 anos, cerca de 80% de todos os empregos exigirão algum tipo de formação superior. Problema (para os americanos e não só): as escolas não estão a preparar adequadamente a futura força laboral para competir na economia global. Este é o maior desafio do ensino nos próximos tempos. Nos Estados Unidos e não só, obviamente.

Bibliografia:
Canton, J. The Extreme Future, IGF, 2006
Devlin, K. Info-Senso, Livros do Brasil, 1999
DeMarco, T. Human Capital, Unmasked, NYT, 1996
Stewart, T.A., Capital Intelectual, Sílabo,1999

Peter Olsen me entrevistou

Peter  D. Olsen e Nelson S Lima

O escritor, ex-correspondente de guerra e atual jornalista freelancer Peter D. Olsen, de origem britânica, e que trabalha para vários jornais e revistas de renome mundial, fez-me uma longa entrevista para próxima publicação/divulgação. 

Da entrevista retirei algumas perguntas/respostas que aqui deixo considerando que poderão ter interesse para os meus leitores.

Perter Olsen - Nelson, como você se define?
Nelson S Lima - Difícil essa pergunta. Temos sempre uma visão egocêntrica e egoista de nós mesmo, além de que somos vítimas de erros de interpretação de nossa vida e experiências. Diria, então, com carácter provisório (porque nós estamos sempre em transformação) que me sinto uma pessoa observadora do mundo, procurando entendê-lo e que, não obstante as dificuldades em conviver com o "status quo", se mantém fiel a uma missão que é ajudar os outros a repensar e a mudar o mundo e a não aceitá-lo passivamente.

PO - Você se apresenta como inconformista, um pouco ao estilo de Seth Godin e Chris Guillebeau?
NSL - Seth Godin e Chris Guillebeau são muito diferentes entre si mas não deixam de ser, de facto, dois irreverentes inconformistas, mais o Godin do que Guillebeau. Identifico-me mais com o Seth, até porque está mais ligado ao mundo da escrita, da criatividade e da inovação. Como eu escrevi no meu blogue "Manual do Inconformista" considero-me um livre-pensador, muito crítico da sociedade não tanto pelos seus problemas atuais mas pelas causas que persistem em manter esses mesmos problemas. Isto é, gosto de ir ao fundo das questões e a pergunta que me move é "Porquê?". Isso me faz andar numa roda viva tentando compreender, por exemplo, porque o ser humano é capaz de tantos atos de estupidez e pura maldade quando se vangloria de sua inteligência e superioridade. Sou inconformista ao ponto de acusar a educação (familiar e escolar) como um dos maiores cancros de uma sociedade que está cada vez complexa e que exige que abandonemos rapidamente ideias, crenças e soluções que já não fazem sentido hoje em dia e que estão impedindo um progresso mais rápido ao nível do desenvolvimento humano e social.

PO - Quem você mais detesta?
NSL - Os políticos em geral, da direita à esquerda. Tornaram-se profissionais sem preparação para a maioria dos cargos que desempenham e bloqueiam todas as possibilidades de acesso de independentes aos lugares da governação. Tenho também uma opinião muito desfavorável das religiões e dos seus líderes. Considero que em muitas partes do mundo são eles os instigadores de conflitos cujo objetivo é manter tudo como dantes e manterem a cenoura e o chicote sobre as populações. 

PO - Que país mais o surpreende?
NSL - Os Estados Unidos pela positiva e pela negativa. É uma terra de oportunidades e de grande poder em muitas áreas mas também é, pela sua legislação, um país excessivamente puritano e assustador. Não compreendo como sendo uma democracia aberta se autoriza a pena de morte quando a condenam fora de suas fronteiras. Surpreendem-me pela positiva os países do Norte da Europa, incluindo o Reino Unido onde legalmente resido e trabalho.

POMas você é também reitor e professor na Universidade do Futuro, no Brasil...
NSLSim, em tempo parcial, pois tenho outros afazeres e a minha própria agência de divulgação científica estabelecida em Londres e que vai este ano, finalmente, avançar decididamente para o mercado, nomeadamente o da América do Sul. Sou pró-reitor para as Relações Internacionais.

PO - Vendo seu CV, como você tem tempo para tanta atividade?
NSL - Sim, não terei tanto tempo quanto precisaria, como terminar meus livros, mas com uma boa agenda e estabelecendo prioridades consegue-se trabalhar não mais do que 12 horas por dia e  atingir os resultados desejados.

PO - Quais são os seus grandes projectos para 2014?
NSL - Tornar minha agência em Londres operacional (ela já está dirigindo 2 institutos em vários países), terminar meus livros, realizar conferências e aguardar novas oportunidades de trabalho pois eu gosto de variar dentro de um certo espaço de manobra que estabeleci para mim.

PO - Consta que você leva uma vida regrada apesar de sua vida agitada. Como faz isso?
NSL - Primeiro devo dizer que eu amo meu organismo e quero tê-lo em forma para manter minha saúde e um "envelhecimento ótimo", com mais sabedoria. Sigo uma alimentação praticamente vegetariana, faço muitos intervalos para caminhar ou pedalar em minha bicicleta estática que tenho na minha sala de trabalho e dedico-me a ajudar as pessoas que me pedem conselhos e dicas sobre saúde mental e cerebral. Não tenho qualquer segredo especial para manter a minha forma e que me protege das doenças típicas da minha idade. Por enquanto meus exames revelam uma juventude biológica de que me orgulho pois é fruto de esforço meu.

PO - O que o preocupa mais na humanidade?
NSL - As fronteiras, sejam elas territoriais (bairristas, regionais, nacionais) ou religiosas, ideológicas, políticas, raciais e tudo o mais que separa em vez de unir os homens. Preocupa-me também a intolerância, o egoísmo feroz, o consumismo desmedido, a incompetência e a impreparação de muitas pessoas ocupando lugares de decisão para os novos tempos tão cheios de novidades e surpresas que nos aguardam. 

PO - Se fosse um governante qual seria o seu guião?
NSL - Não quereria ser governante. É impossível ser-se um bom governante com uma população humana que não se une em torno de grandes causas, preferindo matar, roubar, ignorar os mais desfavorecidos, empanturrar-se de comida, deixar-se alienar frente à televisão e preferir viver com medicamentos para travar doenças que um simples mudar de estilo de vida resolveria.

PO - Tem inimigos?
NSL - Sei que tenho mas considero-os patetas porque me atacam por inveja ou por desconhecimento dos factos que fazem a minha vida. E além de patetas são execráveis pois se escondem no anonimato não dando a cara. Felizmente são poucos ou então os restantes estão, para já, calados. Mas penso que devem estar prontos a tentar abater-me pois as minhas ideias - que procuro não difundir muito - vão contra o sistema, o "status quo" onde eles se alimentam.

A MEDICINA DO FUTURO

Viver mais e melhor!


No mundo actual, ter-se mais de 70 anos de idade é cada vez mais vulgar. Com o decréscimo da natalidade nos países em desenvolvimento e o aumento da longevidade é evidente que haverá cada vez mais pessoas idosas.

Mas as boas notícias abundam. Quem estiver ainda na casa dos 50/60 pode contar, de futuro, com a medicina da longevidade para prolongar a sua passagem na Terra. Ou seja, muitas pessoas desta faixa etária poderão viver facilmente mais 50 anos! Surpreendido?

Veja as boas notícias:
A medicina do futuro vai sofrer grandes transformações e prevê-se que daqui por uns 10 a 15 anos se divida nas seguintes categorias:

MEDICINA PREDIZENTE
Mantém a pessoa, saudável, sob vigilância médica, prevendo as doenças antes que apareçam.

MEDICINA PREVENTIVA
Detém ou evita doenças e disfunções (já em andamento).

MEDICINA RECUPERATIVA
Memória, mobilidade e saúde em geral é recuperada (é a forma de medicina tradicional).

MEDICINA REGENERATIVA
Regenera ossos, músculos, órgãos e células.

MEDICINA DA LONGEVIDADE
Prolonga a vida, mantendo a saúde e a produtividade dos indivíduos.
Medicina de Optimização: desenvolve todo o potencial mental e físico dos indivíduos para lhes proporcionar o desempenho máximo ao nível da saúde.

MEDICINA SUBSTITUITIVA
Proporciona substitutos viáveis para o corpo e a mente das pessoas, para repor a funcionalidade saudável.

MEDICINA DE POTENCIALIZAÇÃO
Melhora as funções mentais ou físicas com objectivos especiais, algumas eventualmente sobre-humanas (superdotação).

MEDICINA DE OTIMIZAÇÃO
Desenvolve todo o potencial mental e físico dos indivíduos para lhes proporcionar o desempenho máximo ao nível da saúde

Conheça minha agência!

À beira-mar me reencontro


Tive sempre uma relação afectiva com a natureza, em especial com os grandes espaços como o céu, as pradarias, os desertos, os grandes deltas e o mar.

Já sobrevoei oceanos e já neles naveguei. Já atravessei o Atlântico Norte de barco entre Funchal-Nova Iorque e Nova Iorque-Bilbao (Espanha) num total de 23 dias.

Tenho doces recordações de quando ainda muito jovem me sentava na praia a olhar o mar imaginando os mundos que ficariam para lá do horizonte.... Foi nesses momentos - e tantos foram - que me punha a fazer planos para a vida.

Perante aquela imensidão de água e sobretudo quando os meus pensamentos se alargavam até à linha indefinida que, lá bem distante, separava o mar do céu azul, eu idealizava aquilo que esperava da vida e pelo qual estava disposto a lutar.

Ainda ontem fui à beira-mar, a uma praia onde me sentei num bar. E voltou a acontecer. A minha mente como que se desprendeu de mim e de um momento para o outro pus-me a pensar no futuro. E reencontei-me com os meus desejos antigos.

A maioria têm-se cumprido e já passaram muitos anos desde que faço esse exercício. E a vida que levo, agora aos 67 anos, está condizente com o que eu queria e com o que sempre sonhei. Daí este meu fascínio pelo mar.

Lembro-me que quando tinha uns 14 ou 15 anos (não tinha mais) adquiri um livro bastante completo sobre a história do mar (nunca li livros infantis mas aventurei-me sempre por leituras "impróprias" da minha idade - era o que os professores me diziam, ao ponto de me alcunharem de "o poeta", "o cientista" da mesma forma que os meus vizinhos me chamavam "o psicólogo"). Enfim....podia ser pior.

E, assim, acontece que tenho necessidade de viver em cidades junto ao mar. Nas terras do interior, por muito bonitas que sejam, sinto-me fora do meu meio. Eu preciso do mar. Da mesma forma que preciso de, nas noites de verão, contemplar a vastidão do céu pontilhado de "estrelas" e de mundos eternos....para nele ir buscar outras ideias.

Tipos de Memórias na Psicologia Multifocal


Na Psicologia Multifocal existem dois tipos de memória que são centrais para entendermos o funcionamento da mente:

- a memória existencial (ME); e
- a memória de uso contínuo (MUC).

Estas duas memórias formam a totalidade da história intrapsíquica de um ser humano, contendo, portanto, todos os segredos da sua vida.

A Memória Existencial (que os neurocientistas chamam de Memória Autobiográfica) representa as experiências que vão sendo registradas ao longo da vida. A Memória de Uso Contínuo representa as informações que vão sendo usadas e rearquivadas continuamente, tais como os endereços das residências e dos e-mails, os números telefónicos, as fórmulas matemáticas, as palavras que compõe uma língua.

É fácil de perceber: por que conseguimos nos "lembrar" de maneira mais exacta de determinadas informações? Porque elas são usadas continuamente e, consequentemente, são novamente arquivadas, ficando mais disponíveis para serem lidas. Se deixarmos de usar determinadas informações, elas vão sendo substituídas e arquivadas na memória em zonas de acesso mais difícil.

O que será um mundo perfeito?


O conceito de perfeição é relativo e nem sei se se pode medir. Os dicionários dizem que a "perfeição (do latim perfectione) caracteriza um ser ou objeto ideal que reúne todas as qualidades e não tem nenhum defeito".

Valha-nos o senso comum para apreendermos a ideia pois tudo isto é muito relativo. O que é "perfeito" para uma pessoa poderá não ser para outra.

Quando as pessoas falam de um ideal de sociedade humana perfeita estarão a pensar num mundo a funcionar como um relógio de alta precisão? Penso que isso seria insuportável, uma rotina medonha.

No meu entender, devemos envolver-nos na transformação do que está mal para que fique bem e a favor da qualidade de vida, dos direitos humanos, da ética e da moral.

Esse é um desafio que enfrentamos mais do que alguma vez na história da humanidade pois, finalmente, há já um número considerável de pessoas que tomaram consciência dos problemas existentes. Isso é evolução.

Há pessoas que pensam ainda que a pedofilia e o abuso sexual, por exemplo, são fruto da nossa época. Ora estão enganadas. A nossa época passou a considerar essas práticas ofensivas dos direitos humanos e por isso são atos criminosos (como muitos outros que sempre existiram). O que aconteceu foi que passaram a ser notícia e antigamente não. No passado, tudo se passava com alguma naturalidade pois eramos menos "humanos" e menos conscientes da dignidade humana a que cada pessoa (incluindo crianças) tinha direito.

Temos enormes desafios para as próximas centenas de anos até porque a evolução arrasta novos problemas, mesmo de adaptação ao novo mundo tecnológico que nos rodeia.

Vale a pena envolver-nos nesses desafios visando um mundo melhor, cada vez melhor mas não sei se rumo a um "mundo perfeito" (acho que essa perfeição estará sempre um passo à frente de nós e nunca a atingiremos; mas é precisamente isso que nos motivará a prosseguir).

Como tomar decisões em tempo de incertezas!



Mais do que nunca, vivemos tempos conturbados e cheios de surpresas. O ambiente da nossa vida tornou-se ambíguo e indeterminado, e o futuro passou a fazer parte das nossas preocupações de uma forma mais intensa.

Deparamo-nos cada vez mais com o factor "incerteza". E, mais ainda, os "acasos" - eventos imprevisíveis e até improváveis - assumiram proporções nunca antes alcançadas. Para piorar o cenário os estudiosos afirmam que a  sociedade humana tende para uma complexidade cada vez maior.

O ritmo e a variedade da vida estão intrinsecamente ligados ao conceito de transitoriedade, que neste contexto quer dizer rotatividade entre as relações que estabelecemos na vida, um rompimento ao apego das conexões do passado e a efemeridade das situações emergentes. Um número considerável de antigas "certezas" da vida passaram a ser passageiras e efémeras.

Temos então uma sociedade marcada pela transitoriedade, pela diversidade e pelas novidade.

O caos de adaptabilidade ocorre quando esses fatores convergem criando uma ambiência tão efémera, tão estranha e tão complexa que passou a ameaçar milhões de seres humanos com uma sensação de "fracasso de adaptação".

COMO VIVER NA MUDANÇA

A resposta ao "choque do futuro" não é a não-mudança das coisas, mas uma diferente espécie de mudança. Deve-se, por conseguinte, experimentar uma série nova de medidas reguladoras de mudanças, inventando e abandonando esses meios, à medida que avançamos no nosso projeto de vida. Problemas novos exigem soluções novas.

Uma das consequências mais sérias das mudanças que o mundo tem vivido é o bombardeamento dos nossos sentidos, o excesso de estimulação. Se a sobrestimulação sensorial aumentar deformamos a nossa perceção da realidade. A sobrestimulação cognitiva interfere com a nossa capacidade de pensar e de sentir. E tomamos más decisões.

Quando as pessoas são lançadas em situações que mudam depressa e irregularmente ou vivem num contexto rico de novidades, surpresas e acasos, o comportamento racional pode ficar perturbado por desgaste emocional e sensorial. É o que está a acontecer a milhões de pessoas em todo o mundo.

O que o futuro também traz de novo é a "aceleração da mudança". No turbilhão dos acontecimentos que nos cercam resta o nosso espaço de manobra que deverá focalizar-se mais no traçar objetivos do que confiarmos em previsões e em planos a longo prazo.

Para melhor nos defendermos dos eventos aleatórios marcados pela ambiguidade e a indeterminação do amanhã resta-nos a preparação e a adaptação constante. Neste capítulo a aprendizagem de novos saberes e a aquisição (ou a melhoria) de novas competências é fundamental.

A grande vantagem desta sociedade "radical" é que ela também está cheia de possibilidades em aberto que deveremos procurar insistentemente quando queremos  mudanças efetivas na nossa vida.

O viver, ao contrário do que alguns autores querem fazer crer, não é uma ciência, e nem sempre está de acordo com a lógica. É mais um saber criativo, uma arte das mais exigentes, sempre em mudança - ela própria!

Veja-se como cada vez mais as pessoas se socorrem de astrólogos, magos e oráculos tentando encontrar respostas para as suas dúvidas, incertezas e desconhecimentos. Não é de estranhar que até muitos líderes se façam acompanhar de videntes lembrando tempos muito recuados quando faltava informação que servisse de apoio à tomada de decisões.

O ACASO NA NOSSA VIDA

Muitos acontecimentos da vida (desde o Universo ao ser mais simples que nele habite) são simplesmente obra do acaso, totalmente imprevisíveis e inesperados. Não significa que cada "acaso" não tenha uma causa. Nada aparece sem ter uma origem e esta mesmo resulta de uma sucessão de acasos.

Com o aumento da complexidade da vida humana também aumenta o número de acasos, em muitos dos quais nem reparamos e nem lhes damos importância pois já intuímos que o "acaso" faz parte da vida.

Há quem prefira chamar-lhe "sorte" ou até "destino". Esses termos não estão corretos pois trata-se de coisas diferentes. A sorte pode ter vários significados e quanto ao destino faz pensar que a vida está pré-determinada. Mas não é assim, embora muita gente acredite nisso.

O "acaso" resulta da arbitrariedade. Um acontecimento algures no passado e num qualquer local determina um ou mais acontecimentos no presente e no futuro, e que influenciarão o percurso da nossa vida. Entramos no campo do imprevisível.

O mais perigoso disto tudo é que, como o cérebro humano não está preparado para lidar com a incerteza (ele procura sempre que acreditemos na racionalidade e na lógica dos acontecimentos para nos sentirmos em segurança), nós acabamos por correr demasiados riscos ao longo da vida. E só com alguma sorte pelo meio escapamos até da autodestruição.

Mas uma nova visão está em curso: o acaso, a que nunca poderemos fugir, pode ser nosso aliado. Pelo menos de forma mais segura do que o habitual (em que simplesmente vivemos como que dependentes do acaso mesmo quando tomamos decisões com base em muitas previsões e planos matematicamente construídos). Nisso, verdade seja dita, somos muito irresponsáveis pois confiamos em demasia naquilo em que acreditamos e esquecemo-nos que, à medida que a vida vai seguindo o seu curso, vão ocorrer mudanças provocadas pelo acaso.

ESTRATÉGIAS PARA VENCER A INCERTEZA

Gosto muito da palavra inglesa "chance", a qual significa não apenas "sorte" e "acaso" como também "oportunidade".

Tirar partido dos "acasos" da vida é uma boa estratégia para vivermos. E isso exige uma certa ciência. Ou, se quisermos ser mais rigorosos, uma boa dose de inteligência e perspicácia. Além, obviamente, de uma mente aberta para as possibilidades e as oportunidades da vida.

Disse o grande sociólogo Edgar Morin que "o maior contributo de conhecimento do século XX foi o "o conhecimento dos limites do nosso conhecimento", o que - digo eu agora - nos faz viver ainda mais nos territórios da incerteza.

Cerca de 70% dos estudantes universitários, sobretudo dos cursos de humanidades, desistem ou mudam de curso por terem feito escolhas com poucas certezas relativamente ao que os esperava. Ou seja, praticamente escolhem ao "acaso" deixando que o futuro lhes troque as voltas.

Num mundo de futuro incerto temos ao nosso dispor duas estratégias que se têm mostrado serem as melhores para a tomada de decisões. A primeira é fazer "pequenos planos" em vez de grandes projetos tendo em vista os objetivos a atingir.  Quando fazemos pequenos planos de cada vez, os riscos que corremos são muito menores quando algo corre mal (é o que faz a Natureza: ela evolui lentamente). Sonhar "alto", acreditar no futuro e dar grandes passos empurraram milhões de pessoas para situações financeiras catastróficas porque estavam confiantes em cenários onde não vislumbraram problemas.

A segunda estratégia é diversificar, isto é, apostar em mais do que uma resposta. Se alguma escolha falhar restam outras. E se aplicarmos simultaneamente a estratégia dos "pequenos passos" conseguimos avançar com mais confiança mesmo que os inevitáveis acasos da vida nos tragam surpresas desagradáveis.

Esta sabedoria milenar é atualmente de uma pertinência inquestionável. Podemos, enfim, avançar na vida traçando objetivos e fazendo pequenas conquistas de cada vez ao contrário de nos aventurarmos com grandes planos, projetos e investimentos que, devido ao imprevisível, podem fazer  desmoronar tudo aquilo que construímos e em que acreditámos.

Se soubermos conviver com a possibilidade das incertezas e dos acasos da vida acabamos por ser premiados bem mais vezes do que esperávamos.

O cérebro e as novas tecnologias (entrevista à revista PREVENIR)

Ramón Campayo, considerado o homem com o cérebro mais "rápido" do mundo.
Revista: PREVENIR
Entrevistado: Nelson S. Lima

1. O autor Nicolas Carr foi nomeado para um prémio Pulitzer com o livro "Os superficiais, o que a Internet está a fazer ao nosso cérebro". Do ponto de vista da neurologia, o que se sabe sobre a forma como as novas tecnologias estão a afetar a nossa forma de pensar e processar a informação?
- O cérebro é um órgão que se distingue pela sua alta capacidade de adaptação a novos desafios. É assim que ele está continuamente a permitir-nos aprender novas matérias e a guardar imensa informação que nos chega de todos os recetores sensoriais usando o chamado "registo automático da memória".
Toda a exposição a novos desafios, problemas e ambientes ajuda a estimular e a desenvolver as diferentes áreas cerebrais que sejam solicitadas. Isso deve-se à neuroplasticidade, isto é, a capacidade do cérebro em se desenvolver já que é um órgão altamente dinâmico e flexível que recebe milhares de estímulos por segundo, permitindo-nos caminhar, ouvir, reconhecer rostos, falar, criar, aprender, sentir, planificar atividades, antecipar situações, etc. As novas tecnologias são apenas mais um desafio de adaptação neurológica mas o seu impacto é maior a nível psicológico e comportamental.

2. É verdade que a receção de uma informação provoca a libertação de dopamina, associada ao prazer e entusiasmo? Podemos dizer que tem um efeito “viciante” ou compulsivo”?
- O cérebro liberta inúmeros neuroquímicos que são necessários a toda a atividade mental. A "injeção" de qualquer estímulo (seja visual, auditivo ou qualquer outro que nos dê algum tipo de prazer e recompensa) é suscetível de gerar um efeito viciante em determinadas circunstâncias e em função de inúmeros fatores que também podem ser sociais e culturais. É o caso do tabaco ou do álcool.

3. Existem limites para a quantidade, velocidade e intensidade da informação processada pelo nosso cérebro?
- Cada pessoa, conforme a sua estrutura cerebral e psicológica, tem um limite relativamente à quantidade, à velocidade e à intensidade de informação que é capaz de processar. A maioria dessa informação (cerca de 90 a 95%) processa-se em níveis não conscientes. Apenas conseguimos perceber e ter consciência de uma quantidade ínfima de estímulos. Todos são processados e depois "arrumados" sob a forma de memórias (emocionais, autobiográficas, etc.)

4. Como pode a exposição a informação em excesso afetar...
- A nossa capacidade de memória a curto e/ou longo prazo?
- Excessiva informação leva a perda de focalização e perda de muita informação.
- A nossa capacidade de distinguir informação importante de acessória?
- O síndrome do pensamento acelerado e o stress são duas consequências da exposição ao excesso de informação e, eventualmente, à perda da capacidade de análise e do sentido crítico para separar o importante do acessório. Por outro lado, não podemos esquecer que o excesso de informação obtida num prazo curto leva também à fadiga visto que o cérebro é chamado a um esforço suplementar. Essa fadiga provoca diminuição da concentração e fraca  memorização das matérias que interessem fixar.
- A qualidade do nosso sono?
- A fadiga é a principal consequência do excesso de informação sobre os nossos ritmos biológicos, nomeadamente o da vigília-sono. Também a ansiedade devida a esse esforço gera dificuldade ao nível do sono, sendo responsável por muitas insónias (que afetam cerca de 25% das pessoas no mundo ociental).
- Os nossos níveis de stress e ansiedade?
- A saturação de informação aumenta os níveis de stress e ansiedade, em particular se essa informação for relevante para a nossa vida. É o que acontece com os estudantes que em vésperas de exames tentam memorizar muita matéria. Geralmente, os seus níveis de ansiedade ficam elevados e perdem muita informação que fica bloqueada na hora em que mais dela precisam.

5. A alternância constante entre tarefas diferentes (multitasking) afeta a nossa capacidade de concentração e consolidação do conhecimento? Como?
- É uma das causas mais frequentes do stress ocupacional, do esgotamento e da perda de concentração, o que dificulta a construção do conhecimento. A alternância de tarefas obriga a um desdobramento da atenção, a qual rapidamente perde a sua força inicial, reduzindo a nossa capacidade de resposta e reação.

Saber usar a tecnologia

6. No dia-a-dia, que sinais e/ou sintomas podem denunciar que estamos a atingir o limite da nossa capacidade de processar informação?
- São muitos os sintomas conhecidos e que geralmente se acumulam: dificuldade de concentração, dificuldade de memorização, dificuldade de recordação, fadiga, perda de reflexos, insónias, ansiedade, stress e problemas psicossomáticos (disfunções orgânicas de origem psicológica), etc.

7. Indique algumas medidas que recomendaria a alguém que tem de gerir e trabalhar com várias tecnologias diariamente (email, internet, telemóvel, ipad...)  para conseguir aproveitar o que de melhor elas têm para oferecer e também...
1º Gerir bem o tempo, definindo prioridades, instituindo intervalos entre tarefas.
2º Ter tempos livres mais repousantes e regulares.
3º Dormir melhor (socorrendo-se de estratégias naturais e de uma alimentação "light".
4º Diminuir o stress, nomeadamente gerindo o pensamento e evitando a ruminação em problemas.
5º Caminhar (diminui a ansiedade e baixa a tensão) e evitar o sedentarismo.
6º Melhorar a concentração e produtividade (organizando-se melhor)
7º Melhorar o uso consciente da memória (agendando as tarefas)
.

Mais-valias tecnológicas

8. Existem cada vez mais aplicações para ipad e iphone que se propõem ajudar a melhorar a saúde (da alimentação, ao sono, exercício físico, medicação, etc.). No seu dia-a-dia recorre a algumas? Pode sugerir algumas às leitoras da Prevenir?
- Trabalho bastante com o computador - chega a tomar-me 8 horas ou mais diariamente -  e tenho múltiplas tarefas e viagens de trabalho. A minha primeira preocupação centra-se em manter uma boa saúde pelo que procuro controlar o stress fazendo caminhadas, exercício físico variado, interrupções entre tarefas, exercícios de stopping (fechar os olhos alguns minutos várias vezes por dia), meditação, exercícios de relaxamento, uma alimentação frugal tendencialmente vegetariana, pequenas refeições e bons relacionamentos sociais e familiares.
Dou uma grande importância à estabilidade emocional pelo que, com tudo isto  junto, consigo atingir um elevado nível de produtividade. Considero também importante a adoção de uma postura otimista e positiva perante a vida em geral, mesmo perante problemas prementes.
Desde que modifiquei o meu estilo de vida e passei a adotar o que atrás descrevo deixei de me cansar ou queixar-me de falta de concentração e, todavia, trabalho muito mais do que há 20 anos. 

O papel da mente na saúde e na longevidade


Não há nada de novo mas a medicina tem dado muito pouca importância ao tema, mesmo depois de se ter criado o termo "psicossomática" para descrever as alterações orgânicas e as enfermidades que são provocadas, afectadas ou estimuladas pela psique, os comportamentos e os estilos de vida.

Ao contrário do que geralmente está convencionado, a mente não está alojada na cabeça. Ela está centrada no cérebro mas os seus efeitos distribuem-se por todo o organismo a cada instante. Já todos percebemos como uma emoção forte acelera o coração ou como ficamos "gelados" com uma notícia aterradora. Mas, subtilmente, mesmo o estado do nosso humor e do nosso ânimo, afectam todo o corpo, ainda que disso não tenhamos consciência.

Quantas indisposições "físicas", quantas doenças e perturbações não têm origem no nosso mundo psíquico, por vezes nas memórias emocionais, sem que disso tenhamos consciência. Infelizmente, os médicos, de uma maneira geral, tratam os problemas psicossomáticos com alguma indiferença, até mesmo com algum desprezo. E, não obstante, o tema é científico e não esotérico. Faria muito bem a muitos médicos perceberem um pouco mais da psicologia humana e tratarem dos doentes mais do que das doenças propriamente ditas.

O assunto é sério, ultrapassa o entendimento de alguns curiosos e aventureiros que debutam no campo das medicinas alternativas e seus anexos, exige especialização e, por isso, aqui fica o meu alerta.

Tenha em conta que todas as enfermidades têm algum tipo de ligação íntima com a psique e o estado de espírito; variam de aspecto, frequência, predisposição e gravidade em função da personalidade (a pessoa no seu todo) e dos padrões de comportamento e, finalmente, devem ser objectivamente estudadas e acompanhadas por quem sabe.

A influência da mente (das disposições, dos pensamentos, das emoções, etc) sobre o corpo (incluindo o próprio cérebro) é muito grande (estima-se que 80% das doenças atualmente conhecidas são "alimentadas", quando não provocadas, pelos estados de espírito).

Mais do que o tão badalado "pensamento positivo" (uma já estafada crença nem sempre fácil de cumprir) necessitamos é de melhorar o nosso auto-conhecimento, o nosso equilíbrio emocional e sentimental, a nossa auto-estima e a nossa capacidade de tomarmos decisões e assumir escolhas. Com isso iremos melhorar o nosso sistema imunitário, isto é, as defesas que o corpo gera de forma natural. Ficaremos então menos vezes doentes e a cura será mais rápida.

E, assim, a longevidade pode então ser uma conquista da inteligência mais do que dos genes, dos fatores ambientais e da sorte. Porque ser inteligente é saber fazer opções. Mesmo na saúde.

Porque a mente influencia a saúde....


O Dr. Mehmet Oz, um brilhante cirurgião cardiovascular, autor de vários livros de divulgação científica e que foi presença regular no famoso programa Oprah (ver Oz Diet), escreveu, em 1998, um pequeno livro com um título muito sugestivo: "A Cura Que Vem Do Coração" (Edit. Cultrix, Brasil) (*).

Nessa obra, o Dr. Oz remete a nossa atenção para o papel que a mente desempenha na cura das doenças orgânicas, em particular as do coração.

Ele relata muitos casos de doentes seus em que, sem colocar de lado os seus conhecimentos científicos e o uso das modernas tecnologias, os ajudou a compreender como as emoções, a atitude e o espírito deles influenciavam tanto os aspectos físicos da doença como a maneira de encará-las. A leitura do livro entusiasma-nos pois podemos acompanhar como todos os doentes evoluiram positivamente e superaram mais facilmente os seus problemas e angústias.

Na verdade, o livro realça o papel do pensamento e o poder deste sobre os estados emocionais e a cura. Quando o li, já lá vão uns 8 anos, lembrei-me de imediato de Augusto Cury e da sua obra onde este autor descreve precisamente como é importante sermos capazes de usar a nossa mente para nos tornarmos donos do nosso destino.

Porque é que a mente pode ser assim tão poderosa? Porque ela não é apenas o palco dos pensamentos e das emoções. Ela apresenta-se também como um complexo campo de energia (psíquica) muito dinâmica que influencia o estado da saúde.

O Dr. Oz é um humanista e um ser humano de mente bem aberta. Ele escreveu que o verdadeiro cientista deve ser receptivo a novas ideias e, ao mesmo tempo, conservar certo nível de ceticismo, o que lhe permite assim aceder a conhecimentos que estão fora das salas das universidades. Na sua prática clínica ele faz abordagens médicas integrais e eficazes para complementar os tratamentos mais convencionais, baseados em medicamentos e cirurgia.

No hospital-universidade em que trabalha ele manda ensinar e aplicar musicoterapia, hipnose, reflexologia, aromaterapia, massagem, ioga, acupunctura, homeopatia e outros processos complementares. 

Foi proibido pelas poderosas autoridades médicas norte-americanas? Não! Pelo contrário, o seu trabalho bem sucedido está a ser copiado por outras instituições de saúde nos Estados Unidos e outros países.

Aqui está o exemplo de um livre-pensador, um homem que se libertou das amarras do conhecimento clássico e se abriu a novas ideias e possibilidades de cura, desafiando a ciência e as práticas médicas convencionais!

Um autêntico engenheiro de ideias que sabe aplicar sua inteligência multifocal! Um exemplo para todos os médicos do mundo.

(*) O Dr. Mehmet Oz é considerado um dos melhores cirurgiões americanos. Esteve envolvido no desenvolvimento de métodos para o implante do dispositivo de suporte do ventrículo esquerdo LVDA (Left Ventricular Assist Device), um complexo coração mecânico parcial que ajuda a manter os pacientes vivos enquanto aguardam um transplante.

Use a inteligência para também ser feliz!


Perguntar-se-á: o que é que a inteligência tem a ver com a felicidade? A resposta é simples.

É a inteligência que nos permite compreender o mundo, começando por nós próprios. É a inteligência que nos permite observar, pensar, reflectir, exercer a arte da dúvida, criar, procurar soluções, descobrir novos caminhos. É a inteligência que faz de nós pensadores.

Um pensador é, antes de tudo, alguém que procura, em tudo o que faz e crê, respeitar sua própria inteligência, ser fiel aos seus pensamentos e desenvolver a consciência crítica - essa extraordinária faculdade humana que nos autoriza o exercício do senso crítico e que alimenta a nossa personalidade e a nossa auto-estima.


Muitas pessoas de hoje, devido à falta de auto-crítica, apreciam muito mais o misticismo, o esoterismo e o sobrenatural do que se interiorizarem e desenvolverem as funções mais nobres da sua própria inteligência.

Para ser feliz e vencer as suas adversidades você não tem que se ajoelhar perante falsos profetas nem integrar novas doutrinas espirituais que mais não fazem que o manter na fantasia e na ilusão!


Todos os poderes estão em você, na sua inteligência, na sua capacidade de reflectir e pensar. Não recue perante os desafios deste mundo novo que está à nossa frente e que todos os dias se transforma. Não tenha medo de viver!


Conhecer as emoções para SER FELIZ


Numa época caracterizada por medos, incertezas, pensamentos acelerados, angústias e depressões, "treinar a emoção é desenvolver as funções mais importantes da inteligência tais como aprender a gerenciar os pensamentos, proteger a emoção dos focos de tensão, pensar antes de agir, se colocar no lugar dos outros, perseguir os sonhos, valorizar o espectáculo da vida" - escreve A. Cury no prefácio do livro "Treinando a Emoção para Ser Feliz".

Há, nesta obra, uma advertência muito curiosa e oportuna: "muitos livros de auto-ajuda vendem uma ideia inadequada do que é ser feliz" - escreve Cury. "A felicidade - diz ele - tem muitas filhas e filhos: o amor, a tranquilidade, a sabedoria, a alegria, a paciência, a tolerância, a solidariedade, o perdão, a perseverança, o domínio próprio, a bondade, a auto-estima. Nunca se viu uma família tão unida!".

E essa unidade aqui descrita através dos nomes dos seus vários membros (amor, alegria, perdão, etc.) não pode ser desfeita. "Se você maltratar alguns dos seus membros, tem grande chance de perder a família toda" - adverte Augusto Cury.

De forma que a melhor maneira de você cultivar a felicidade é "aprender a conhecer o mundo da emoção". Veja: a felicidade, diz o mestre, é amiga do tempo e nós precisamos de tempo para treinar a emoção. Mas, como treinar a emoção? Não são as emoções demasiado biológicas, arreigadas em nosso organismo e nossa psique, para poderem ser treinadas? Sim, as emoções são feitas de estruturas pesadas.

O medo, por exemplo. É uma emoção básica, essencial à vida. Em doses normais, o medo apenas aparece quando se justifica. Ajuda a nos proteger contra os perigos. Mas, quando incentivado por uma sociedade complexa como a nossa, o medo pode tornar-se num monstro horrível e aniquilar nossas potencialidades para sermos felizes (você sabia, por exemplo, que 1% das crianças têm medo de aprender assuntos novos?

Parece estranho quando sabemos como as crianças são curiosas e gostam de aprender. Pois é. Mas há crianças que têm medo que as coisas novas que vão aprender na escola lhes tragam surpresas desagradáveis. Preferem o comodismo da ignorância (infelizmente, muitos adultos também sofrem do mesmo mal e preferem - mesmo! - manter-se incultos e analfabetos, recusando novos saberes que só poderiam enriquecer suas vidas).

As emoções podem ser chamadas de "básicas" ou primitivas quando, como o medo ou a ira, vêm inscritas em nosso código genético como instrumentos de defesa e sobrevivência. Nascemos com elas. Outras, como a vergonha, são aprendidas. São emoções de 2º nível. Adquirimo-las ao longo do nosso crescimento através da interacção social com os outros. Veja como os outros podem então ser determinantes para a nossa vida emocional: podem fazer-nos sofrer ou fazer felizes. Podem ajudar-nos a sermos senhores de nossas emoções ou escravos delas (pais e professores tenham cuidado com o que dizem às crianças!).

Para que possamos viver mais felizes, Augusto Cury ofecere-nos algumas dicas precisosas. Veja:

- não faça o velório antes do tempo, não sofra por antecipação (os que sofrem por antecipação treinam ser infelizes, gastam uma energia vital, fazem de suas vidas um canteiro de preocupações e stress);
- não faça de sua vida enocional uma lata de lixo social; proteja-se dos focos de tensão, não permita que as perdas e as frustações invadam sua vida;
- não seja carrasco de si mesmo (não seja ambicioso ao ponto de colocar metas inatingíveis para si, não tenha medo de falhar e errar, proiba-se a si mesmo de sentimentos de culpa e nem cobre dos outros o que eles não podem dar!). 

A vida das pessoas é semelhante a uma viagem.

As formigas estão tão dependentes da sua comunidade que quando alguma se perde ela morre.

Adoro ler biografias de pessoas que de alguma forma ajudaram a mudar o nosso mundo. E gosto disso porque muitas vidas foram verdadeiramente inspiradoras, não tanto pelo que alcançaram mas pela forma como enfrentaram os desafios, os problemas, os acasos da vida, as oportunidades e também os riscos.


E uma conclusão eu tirei até ao momento: a maioria das pessoas que a sociedade considera "equilibradas" (ou seja, que vivem em conformidade com as regras e os costumes, o "status quo", e que funcionam como as formigas) não têm grandes "chances" de trazerem grandes mudanças ao mundo. 

As que reviraram as coisas (de causas humanas a inventos socialmente úteis) foram, de alguma forma, pessoas que divergiram da maioria, não tanto por terem algum talento especial mas pela maneira como atuaram, deixando o seu legado para além da sua própria vida (por vezes anónimas e tantas vezes repudiadas).

A vida das pessoas é semelhante a uma viagem. O escritor Chris Guillebeau disse algo que explica bem isso: "o meu sentimento é que uma viagem vulgar não produz grandes memórias". É como a vida.

Ao contrário das formigas (que morrem quando se perdem da sua comunidade), o ser humano, mesmo sendo um animal social, tem sempre uma possibilidade em aberto: pode criar os seus próprios objetivos, seguir o seu próprio caminho, criar as suas próprias regras e ser diferente dos demais.

Infelizmente, essa possibilidade em aberto, que esconde, por vezes, tantas oportunidades, não é explorada pela maioria das pessoas que se contenta em levar uma vida certinha e regrada como as formigas.

À beira-mar me reencontro

Tive sempre uma relação afectiva com a natureza, em especial com os grandes espaços como o céu, as pradarias, os desertos, os grandes deltas e o mar.

Já sobrevoei oceanos e já neles naveguei. Já atravessei o Atlântico Norte num navio cargueiro entre Funchal-Nova Iorque e Nova Iorque-Bilbao (Espanha) num total de 23 dias.

Tenho doces recordações de quando ainda muito jovem me sentava na praia a olhar o mar imaginando os mundos que ficariam para lá do horizonte.Foi nesses momentos - e tantos foram - que me punha a fazer planos para a vida.

Perante aquela imensidão de água e sobretudo quando os meus pensamentos se alargavam até à linha indefinida que, lá bem distante, separava o mar do céu azul, eu idealizava aquilo que esperava da vida e pelo qual estava disposto a lutar.

Lembro-me que, quando tinha uns 14 ou 15 anos (não tinha mais), adquiri um livro bastante completo sobre a história do mar. Nunca li livros infantis mas aventurei-me sempre por leituras "impróprias" para a minha idade - era o que os professores me diziam, ao ponto de me alcunharem de "o poeta", "o cientista" da mesma forma que os meus vizinhos me chamavam "o psicólogo".

E, assim, acontece que tenho necessidade de viver em cidades junto ao mar. Nas terras do interior, por muito bonitas que sejam, sinto-me fora do meu meio.

Eu preciso do mar. Da mesma forma que preciso, nas noites de verão, de contemplar a vastidão do céu pontilhado de "estrelas" e de mundos eternos....para neles ir buscar outras ideias.

O mar em Dorset, no sul da Inglaterra, onde resido. Canal da Mancha, já perto do Atlàntico.

As aves e os seus afectos


As emoções são frequentemente entendidas como os produtos menos disciplinados e lúcidos da mente humana. Na verdade, esse entendimento constitui um erro. As emoções são um dos mais inteligentes sistemas adaptativos de que dispomos (e que também servem muitas outras espécies animais). Elas existem para cumprir vários papéis, um dos quais é a sobrevivência.

Estudar e compreender as emoções e as suas nuances deve ser uma preocupação de todos aqueles que buscam o prazer de viver e a felicidade. Infelizmente, não é matéria escolar e isso constitui um dos pontos fracos do sistema de ensino. As crianças aprendem a usar o intelecto para registar muita informação mas nada lhes é fornecido para aprenderem a conhecer-se melhor a si mesmas e aos outros. Quando muito, têm aulas de educação cívica, moral e ética que pouco mais informam do que umas quantas regras básicas de comportamento.

O papel do prazer
Um dos sentimentos mais curiosos do nosso mundo emocional é o prazer. O prazer é decididamente um instrumento de sobrevivência que também está presente num largo número de espécies animais, mesmo entre aqueles que nos parecem menos dotados de racionalidade como são os répteis.

Buscando o prazer sensorial, os animais partem à procura de situações que os façam sentir bem. Com isso diminuem o stress, melhoram suas defesas imunitárias e sentem prazer de viver pois dá-lhes uma sensação de bem-estar. Podem não raciocinar sobre isso, como nós fazemos, mas está provado que o prazer altera as suas reações e comportamentos.

As animais também amam ou são meras respostas adaptativas?
Um dos fenómenos que está sendo estudado é a aliestesia, isto é, a capacidade que os animais têm de perceber o que é agradável e o que é desagradável fazendo-os mudar de ambiente para procurar sentirem-se melhor. Poderá ser instintivo mas isso acontece.

Outro aspeto interessante é que muitos animais, tidos como "menores", como muitos mamíferos e as aves, podem demonstrar comportamentos afetuosos, amor entre si mesmos e até com os humanos que os tratem bem. É conhecido o caso dos corvos que acasalam com o mesmo parceiro ao longo da vida. Para muitos cientistas este comportamento reflecte alguma forma de prazer partilhado, ou seja, um reflexo afetivo, talvez não percebido pelos próprios mas que seus cérebros denunciam quando examinados em laboratório.