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CONTROLO DA MENTE


O controlo da mente é um assunto delicado, pois levanta questões éticas e morais. Todavia, o controlo da mente também pode realizar-se em contextos social e moralmente aceitáveis. O controlo da mente - sobre os outros - se faz facilmente pois o ser humano tem pouco desenvolvida sua capacidade de defesa face aos instrumentos e às mensagens de controlo que lhe são aplicados.

O ser humano é, neste domínio, ingênuo e crédulo. Seus recursos defensivos não estão musculados e, por isso, é facilmente manipulável mesmo sem o sentir, isto, sem disso ter consciência.

No nível básico, o exercício do controlo da mente, se faz quando tentamos convencer os outros da validade da nossa argumentação e procuramos estabelecer crenças em suas mentes. É o que se faz, por exemplo, na escola tradicional em que as crianças aprendem as instruções ditadas pelos professores. Ninguém discute a "sabedoria" e as "certezas" dos professores. Esta atitude torna as crianças altamente vulneráveis aos "ensinamentos" da autoridade que a criança sente no professor.

Desde esse momento seu cérebro fica preparado para futuras manipulações. E porquê? Porque a escola não desenvolve o senso crítico nem permite a contestação, a dúvida ou negação. Professor manda. Professor sabe. Professor é autoridade. E os pais confirmam.

Nos níveis superiores chegamos à propaganda: a comercial e a eleitoral. Aqui, muitos esforços têm sido feitos para que as mensagens sejam credíveis e aceites como verdades indiscutíveis. Formam-se crenças. Veja-se o poder que certas marcas têm sobre os jovens ao ponto de estarmos certos de que muitos consumidores não compram os produtos mas as marcas que lhe dão nome. Os exemplos, nas últimas décadas, têm sido muitos e variados: Coca-Cola, Adidas, Nike, etc.

Ingenuamente, milhões de consumidores "confundem" as marcas com os produtos de tal forma que através de "testes cegos" (em que os voluntários ignoram as marcas) eles perdem o sentido de escolha. Os erros que cometem revelam como a "marca" influi suas preferências. Isto é aceite pacificamente mas a verdade deve ser dita: é manipulação da mente. Consumidor informado e dotado de sentido crítico e racional não reage por impulso nem emotivamente ao ponto de ser controlado. Infelizmente isso é difícil porque nosso cérebro é honesto.

Na espionagem e na política de alto nível, as técnicas de controlo da mente para impor ideias, crenças, ideologias e outros vírus mentais são mais refinadas.

Nelson S Lima

ESTADOS CEREBRAIS E COMPORTAMENTOS

Tive recentemente acesso a um estudo de meus colegas norte-americanos em que estes defendem a existência de 5 estados cerebrais que conduzem a pensamentos, sentimentos e comportamentos que variam conforme o nível desses mesmos estados.

Por exemplo, quando estou a dormir estou num estado cerebral marcado por um conjunto de condições cerebrais que podem ser verificadas num eletroencefalograma (que mede as ondas elétricas cerebrais). Quando estou num "estado de fluxo", profundamente concentrado e quase em transe hipnótico (ou de atenção fascinada), estou num outro estado cerebral.


 Vamos então ver esses cinco "estados".

O "estado cerebral nível 1"
Origina o pensamento abstrato, sentimento de alegria e bem-estar,  boas relações íntimas,  atenção focalizada e seletiva e comportamentos óptimos.

O "estado cerebral nível 2"
Facilita mais os pensamentos concretos, o equilíbrio emocional, as relações amigáveis, um bom nível de consciência e um comportamento saudável.

O "estado cerebral nível 3"
Desce de qualidade. O pensamento torna-se mais rígido, as emoções são mais oscilantes embora as relações se mantenham cordiais, predomina já alguma desatenção ou desinteresse e os comportamentos primam pela moderação, sem entusiasmos.

O "estado cerebral nível 4"
O pensamento é reativo, as emoções revelam algum desequilíbrio, com extremos, a pessoa mostra algum desligamento da realidade (desinteresse) e os comportamentos chegam a ser doentios.

O "estado cerebral nível 5"
Predomina a irracionalidade do pensamento, o stress profundo, um grande desprendimento nas relações, obsessões e comportamentos destrutivos. A pessoa, neste estado, está no seu pior.

Nelson S Lima

CONTROLAR AS PREOCUPAÇÕES


Confesso que tive uma vida interessante mas onde não faltaram (nem faltam) motivos para preocupações. No passado consegui vencer algumas, outras não. Nem sempre conseguimos livrar-nos delas, sobretudo quando elas têm origen em outras pessoas que não podemos evitar (profissionalmente, por exemplo).

Como devem imaginar eu levo uma vida onde não faltam preocupações, algumas delas viscosas e desgastantes. São os compromissos, as diferentes tarefas, as rotinas saturantes, os afazeres que sou por vezes obrigado a adiar, a atenção dada à família (e, muito em especial, aos filhos), etc. Vocês sabem como é pois, mesmo com vidas diferentes, todos nós estamos sempre envolvidos por preocupações.

As preocupações decorrem de prazos que temos de cumprir, de atividades que têm de ser feitas (sobretudo as que não nos cativem), de aborrecimentos variados, de indisposições, de doenças e tratamentos, até mesmo de pessoas que nos aborrecem, e tudo o mais que vocês sabem tão bem como eu.

Ao fim de uns anos de sermos assolados constantemente por preocupações chegamos a um ponto em que quase só nos restam duas saídas: ou desistir de tudo (que é o que às vezes nos apetece fazer); ou arranjar um modo qualquer de contornar os problemas. É óbvio que só teremos a chance de escolher uma delas se, entretanto, o stresse, a ansiedade ou a depressão (ou todas juntas) não nos tiverem abatido e colocado fora de combate.

UMA SOLUÇÃO NÃO IMPOSSÍVEL

Eu aprendi, em tempos, a preocupar-me o mínimo possível, distanciando-me das coisas. É difícil e nem sempre tenho êxito nessa estratégia. Mas vale a pena tentar, embora apeteça desistir quando nos sentimos sufocados.

O que costumo fazer é não me preocupar muito com assuntos que não passam ainda de pensamentos acerca de algo não concretizado. Há pessoas que começam cedo demais a preocupar-se com isto e com aquilo (tarefas, exames, entrevistas, viagens, decisões distantes no tempo, etc.) e ocupam o pensamento com toda a tralha que são capazes de imaginar, criando uma espiral de ansiedade da qual não se libertam facilmente.

Também defino prioridades para as próprias preocupações para que não me sufoquem. Ou seja, perante um novo problema, pergunto-me se tenho que me preocupar mal ele surja. Geralmente, não vale a pena o desgaste. Além de que, se me preocupar antes de tempo, corro o risco de perder energia e discernimento para o resolver na hora devida.

Depois, tento quantificar a urgência e a importância do assunto. É mesmo urgente pensar já nele? Quão grave é? Que impacto pode ter na minha vida?

Se mantivermos alguma hipótese de nos distanciarmos temporalmente e emocionalmente desse tipo de assuntos, as preocupações terão menor impacto. Assim, quando chegar a altura de os enfrentarmos, estaremos mais fortes para o fazer.

OUTROS ERROS

Muitas vezes antecipamos excessivamente cedo os motivos das preocupações que infestam a nossa vida. E isto não é bom porque nos cansa e até desmotiva.

Salvo raríssimas exceções, a maioria das preocupações não valem a energia que nos fazem despender antes de tempo. Vivemos tempos difíceis e atormentados. Temos de nos preocupar com isso, é verdade. Mas não poderemos adiar para depois tudo aquilo que o simples pensar nisso possa trazer de mau? Na hora certa, atuaremos. Sofrer antes, não. Se tivermos de sofrer, que seja na hora certa.

Muitas vezes somos também contagiados pela atmosfera emocional das pessoas facilmente preocupadas até com pequenas coisas, daquelas que nem se pode dizer que são problemas. Mas que nos infetam com os seus lamentos, os medos infundados, as repetições sucessivas das suas preocupações quotidianas e banais, lá isso é verdade.

E, FINALMENTE...
Paremos para pensar. Façamos uma lista de tudo aquilo que mereça a classificação de "motivo de preocupação"e arrumemos as coisas conforme a sua urgência e importância.

Assim, mentalmente organizados, é mais fácil viver. Mesmo que se avizinhem novas preocupações. Na hora certa, pensaremos nelas. Agora, não. É a minha nova regra.

Nelson S. Lima 

QUANDO DESAFIAMOS OS LIMITES


Na vida não devemos acomodar-nos a rotinas e situações que nos tornem prisioneiros do tempo e do espaço ao ponto de perdermos de vista outras alternativas e possibilidades.

Pela própria forma como estamos organizados é bem mais fácil não deixarmos que muitas coisas mudem. Sentimo-nos mais seguros quando estamos familiarizados com aquilo que conhecemos. A novidade desperta a curiosidade mas daí até à mudança vai um passo que nem sempre queremos ou não somos capazes de enfrentar.

Em outras pessoas dá-se o contrário. Elas adoram experimentar o extremo, desafiando os limites de tudo o que possa estar em jogo. São atraídas pelo risco e os picos de adrenalina que o cérebro injeta no sangue. Em muitas ocasiões é a própria vida que fica em causa quando elas ultrapassam os limites do que poderemos chamar "segurança".

Ora, na vida, devemos conciliar as duas situações: a manutenção do que nos dá conforto e confiança, e também o experimentar as sensações do que está fora daquela zona segura e comodista.

Devemos apenas ter em mente que nesse exercício de experimentarmos os limites corremos sempre algum risco. E assim sendo é bom lembrar a Natureza. Por exemplo, a flexibilidade é a regra para que as árvores possam aguentar os ventos fortes do inverno dentro dos seus limites (que, quando ultrapassados, as deitam por terra).

No que respeita ao nosso corpo ele usa um mecanismo de equilíbrio (homeostase) que está sempre ajustando a atividade de todos os órgãos para manter-se saudável, mesmo quando o expomos a adversários de peso como uma alimentação desajustada, falta de sono, stress crónico, fadiga, tensão e outros elementos de esforço radical.

Saibamos correr riscos mas com bom senso e inteligência para não nos arrependermos de termos ido muito além das nossas capacidades efetivas. Nunca nos esqueçamos que os excessos desafiam sempre os nossos limites (na saúde, nas relações sociais, no trabalho, no desporto, no dinheiro, no comportamento, etc.).

Para ultrapassarmos os nossos limites temos de aprender a fazê-lo. E aprender também a administrá-los para que possamos superar-nos com segurança.

Nelson S Lima 

EDUCAR A PERSONALIDADE

Em defesa de uma Teoria Educativa da Personalidade


Será que a personalidade pode ser educada? Eu respondo que sim. Aliás, é um dos temas mais importantes daquilo que eu defendo na educação das crianças. É uma responsabilidade da família e também da sociedade em geral.

A personalidade é um verdadeiro património privado que determina como somos e que se expressa através dos nossos comportamentos. E, assim sendo, é o que revelamos aos outros (se bem que, cada pessoa, interprete os nossos comportamentos - e a nossa personalidade - à sua maneira; isto é, cada pessoa desenvolve uma "teoria" a nosso respeito logo a partir do momento em que nos conheça).

Segundo a psicologia, a personalidade é um agrupamento permanente e peculiar de características pessoais que podem mudar conforme as circunstâncias. Ou seja, embora tenhamos um determinado perfil de personalidade, ela não é rígida e imutável. Essa mesma capacidade de adaptação às situações da vida diz muito sobre quem somos. A nossa maior ou menor flexibilidade para a mudança já traduz, em parte, a nossa própria personalidade.

Conhecem-se cerca de 300 adjetivos que podem ajudar a descrever a  personalidade de alguém tais como "sensível", "ambiciosa", "introvertida", "forte" ou "exigente". Hoje em dia existem muitos testes que permitem distinguir os nossos principais traços.

PERSONALIDADE APRENDIDA

Nós já nascemos com uma personalidade! Mas isso não significa que ela esteja completamente formada. Nos primeiros anos, a personalidade vai-se reforçando com novos atributos que encaixam na nossa matriz biológica. A época, o local, a família e a sociedade intervêm na formação da personalidade.

Os alicerces da personalidade, dos quais faz parte o temperamento, tem uma forte composição genética mas durante a vida vai-se modificando - se bem que, a partir do final da adolescência, os principais traços estejam construídos e dificilmente poderão ser removidos. Por exemplo, quem for introvertido, terá sempre alguma dificuldade em socializar-se pois tende a ser tímido, a recolher-se no seu "cantinho" e a ter um comportamento "fechado".

Os nossos recursos básicos, nomeadamente a inteligência, a determinação, a afetividade, o sentido de justiça e muitos outros elementos, fazem a personalidade. Assim, a forma como gerimos a nossa vida, as nossas escolhas e os nossos comportamentos revelam a pessoa que somos, ou seja, a nossa personalidade.

Um número considerável de atributos são aprendidos, especialmente através do contacto com os outros. É aí que entra a educação. A Teoria Educativa da Personalidade, do professor espanhol J. A. Marina (2004), defende que "aquilo que define uma personalidade é o modo como um indivíduo escolhe e realiza os seus planos pessoais, aplicando os seus recursos numa determinada situação". 

O modo como agiremos na vida dependerá de um conjunto de aptidões cognitivas, afetivas e executivas aprendidas. Essas aptidões incluem hábitos e competências adquiridas que iremos aplicar nas diferentes situações da vida conforme os interesses em jogo e também as expectativas (as nossas e as dos outros). 

Se, enquanto crianças, estamos um pouco ao sabor de funções básicas da nossa matriz biológica, já em adultos estamos mais libertos do determinismo genético e temos mais poder de opção, ainda que seremos sempre influenciados pelos grandes traços de personalidade (geralmente estáveis e presentes em todas as situações).

A educação poderá (deverá) despertar características não despertas ou abafadas e fornecer-nos igualmente novas competências, nomeadamente intelectuais, emocionais e culturais que usaremos ao longo da vida. 

Defendo que é responsabilidade da educação ajudar as crianças a desenvolverem uma personalidade sadia e inteligente que lhes forneça a sabedoria necessária para serem capazes de agir adequadamente ao longo da vida, pondo em jogo os seus recursos cognitivos, afetivos, volitivos e sociais.

J. A. Marina diz que a educação deve colaborar na ampliação dos recursos de cada criança para que ela atue em todos os setores da vida, nomeadamente nas "ações dirigidas à sua felicidade". Eu concordo.

Nelson S. Lima

Bibliografia:
Marina, J.A.(2004) "Aprender a Vivir", Ed. Empresas Filosóficas, Madrid.
Schultz, D. e Schultz, S.E. (2001) "Theories of Personality", Wadsworth Publishing Company, Belmont (Califórnia).

RITMO BIOLÓGICO: OS TEMPOS DA VIDA


A perceção que temos do tempo é que ele é linear (parece existir no sentido do passado para o futuro) e simultaneamente cíclico (a noite e o dia, as estações do ano que se repetem, etc.). Uma representação gráfica destas duas perspetivas dá qualquer coisa como o que está representado na imagem acima e que explica o seguinte:

O círculo representa o tempo cíclico – o dia/noite, por exemplo, repete-se amanhã “como se” voltássemos para trás mas o dia/noite de amanhã já está no futuro “empurrado” pelo fluxo do tempo – a seta horizontal. Da mesma forma vamos “regressar” ao Inverno, à Primavera, etc. Trata-se de uma representação gráfica aceite pela cronobiologia atual.

Ou seja, na prática, significa que, embora tenhamos a noção de que seguimos para um tempo que designamos como futuro, há também uma repetição de horas, dias da semana, meses do ano e estações. Assim, sabemos que o dia tem 24 horas findas as quais segue-se mais um dia de 24 horas e por aí adiante. Da mesma forma sabemos que ao Inverno segue-se a Primavera, o Verão, o Outono e regressamos ao Inverno – ainda que também saibamos que já não o mesmo Inverno mas o Inverno do ano seguinte.

Com a cronobiologia, a ciência passou a estudar a organização temporal dos seres vivos. Eles estão sujeitos às variações cíclicas dos eventos que ocorrem na seta do tempo. Assim como à noite o nosso corpo responde com a necessidade de dormirmos, com o alvorecer do dia ele prepara-se para nos fazer acordar e entrar em atividade. Já nos animais de vida noturna, a situação é inversa.

Esta variação que não depende tanto do tempo mas mais das variações ambientais e biológicas que afetam o ser humano conforme as horas dos dias ou as estações do ano é hoje objeto de atenção crescente por diversas ciências, em especial as ligadas à saúde.

Com efeito, porque somos um composto complexo de trocas químicas que decorrem do nosso metabolismo, estamos sujeitos a variações reativas e à suscetibilidade face a esse mundo oculto dos acontecimentos biológicos. Sabemos, por exemplo, que a pressão arterial sobe de manhã e desce à noite – não porque ela tenha horas marcadas para aparecer mas porque o nosso organismo assim se fez ao longo de milhões de anos de adaptação ao mundo.

A importância que devemos dar a estas variações justifica-se plenamente sob pena de sacrificarmos o organismo contra a sua natureza, desencadeando distúrbios de diversa ordem. Por exemplo, os hipertensos estão mais sujeitos a problemas entre as 6 e as 10 horas da manhã do que ao fim do dia devido ao facto da pressão arterial subir naturalmente nas primeiras horas da atividade diurna.

Um outro aspecto a ter em conta é aquilo que ingerimos. Toda a gente conhece o caso das pessoas que têm dificuldade em adormecer se tomarem cafeína ao fim da tarde, contrariando a necessidade do sono. Outro exemplo é o efeito do álcool no início da madrugada que afeta os sentidos e o tempo de reação do cérebro.

Os medicamentos tem também idêntico efeito. Ou seja, as horas a que são tomados também surtem efeitos mais ou menos acentuados. A chamada “cronofarmacologia” designa as variações rítmicas dos efeitos dos medicamentos ao longo do dia (de um lado temos as horas da sua máxima eficácia e do outro aquelas em que a sua toxidade pode aumentar bastante). Por exemplo, o efeito da aspirina varia conforme a hora em que é tomada. A sua eliminação pelos rins é mais curta quando é ingerida às 19 horas e mais longa quando é tomada às 7 da manhã (a diferença é muito grande: cerca de 25%).

Nelson S Lima
(texto publicado originalmente no site da Stop Cancer Portugal.

O DÉFICE DE ATENÇÃO FAVORECE A CRIATIVIDADE?


Thomas Edison, Oscar Wilde, Picasso, Winston Churchill, Alexander Graham Bell, Sylvester Stallone, Tom Cruise, Robin Williams, John Lennon, Mozart, Dustin Hoffman, Steve McQueen, Richard Branson e muitas mais pessoas célebres foram diagnosticados com o que hoje chamamos "défice de atenção", com ou sem hiperatividade e/ou impulsividade.

O que é que gera o défice de atenção clinicamente significativo? Resposta simplificada: um abrandamento na atividade de certas áreas pré-frontais do cérebro (onde também se processa a nossa capacidade de planificar e o auto-controlo, por exemplo) é a principal causa do défice de atenção sendo por isso que se receitam psicoestimulantes para que essas áreas trabalhem em sincronia (também chamada "entrar em fase de encerramento neural"), o que permite a focalização da atenção eliminando os factores de distração, nomeadamente a chamada "divagação mental" (que as pessoas chamam "estar na lua", "estar com a cabeça no ar", "estar ausente", etc.).

Ora vamos lá à questão que aqui me traz. Se têm défice de atenção, não podendo facilmente concentrar-se, como é que poderão ser pessoas criativas e até empreendedoras e bem sucedidas?

Fácil de explicar! A chamada "deriva mental" ou "divagação mental" todos nós temos em boa parte do tempo (em 40 a 50% do nosso dia-a-dia). Mas nas pessoas com défice de atenção essa "divagação" é mais extensa e expressiva pois têm dificuldade em focalizar-se, ou seja, em atingir a chamada "atenção seletiva" (por razões neuroquímicas e elétricas).

O professor de psicologia Jonathon Schooler, num estudo apresentado em 2010, revela que a "divagação mental" é maior nas pessoas com défice de atenção MAS É PRECISAMENTE isso que as torna receptivas a mais "insights criativos". Porquê?

Porque é nesse estado aparentemente "distraído" que o cérebro abre-se para ideias e pensamentos criativos pois a mente, vagueando entre muitos temas de "auto conversa interior", entra num "estado de serendipismo" (uma condição mental que produz ideias inesperadas) e de "consciência aberta" (o que não acontece quando estamos focalizados, centrados em algo).

Estudando a vida de pessoas criativas e empreendedoras descobriu-se que muitas sofriam de dificuldade de concentração (o défice de atenção é precisamente uma dificuldade em focalizar-se em algo de forma sustentada).

Ora isto deve levar-nos a repensar o ensino das crianças com défice de atenção. Elas podem ser ajudadas a gerir a sua atenção através de técnicas como a "prática da atenção plena". Aliás, serve para todas as crianças a partir dos 3 anos de idade, o que lhes vai proporcionar mais tarde aquilo que chamamos de "domínio cognitivo" (auto-controlo mental), com espetaculares resultados nas aprendizagens e até na inteligência prática (também chamada "executiva").

Por exemplo, as autoridades de Singapura - uma cidade-estado da Ásia com mais de 5 milhões de habitantes - contratou cientistas americanos e ingleses para ensinarem os professores a desenvolver nos alunos o "domínio cognitivo" (foto) mas também a criatividade através da "divagação mental".

Nelson S Lima

AINDA NÃO VI CORAGEM PARA MUDAR O ENSINO

Desde há uns vinte anos que leio livros relativos à educação, sobretudo dedicados à sua reforma e, muito em especial, obras que apontem para a inovação e a modernização inteligente no ensino escolar.

Ora bem, passaram-se todos esses anos e continua-se a escrever sobre o tema. Percebe-se. É como a saúde. Quer um, quer outro são matérias da máxima importância social, pelo que, como tal, são temas recorrentes.

Só que, pelo menos no que à educação diz respeito, não tem havido grandes ideias e, por isso, não se verificam inovações, as tais que o setor carece cada vez mais e à medida que o mundo do conhecimento (e o mundo em geral) se vai transformando rapidamente.

Um grande pensador americano, Peter Drucker, afirmou um dia que "a educação é o setor da sociedade que mais lentamente evolui" sendo preciso esperar décadas para que uma qualquer boa ideia - chamemos-lhe criação - se reflita integralmente no sistema.

O que retenho de mais curioso dessa reflexão de Drucker é a lista de culpados (sim, fica melhor do que dizer simplesmente "responsáveis") da situação pelo atraso em que o ensino se encontra em muitos países (nomeadamente países chamados "ocidentais"). Ora vejam só:

-  os pais dos alunos (geralmente, no que se refere à educação dos filhos, eles não simpatizam com mudanças que ponham em causa o seu próprio entendimento do que deve ser a educação);

- os alunos (eles aceitam algumas mudanças desde que estas não lhes exijam mais esforço ou que sejam muito diferentes do que entendem ser a escola, a não ser que lhes retirassem disciplinas que muitos abominam tais como a matemática, a história, a filosofia, etc.);

- os professores (com a devida licença, deixem-me dizer que os professores também não se mostram muito colaborativos em mudanças de formato, de conteúdos e outras "revoluções" mais sérias ao estilo de Edgar Morin - ler "Os 7 Saberes da Educação", uma verdadeira bíblia para quem ensina); e, finalmente,

- o Estado (geralmente representado pelos Ministérios da Educação que, vivendo já atolados em burocracias e em constantes (des)arrumações na máquina administrativa e nos recursos humanos, em especial os professores, não têm "cabeça" nem competência para pensar em mudar aquilo que se ensina e como se ensina).

Ora bem, isto dava "pano para mangas" mas não é aqui o lugar ideal para o fazer.

LIBERDADE PARA INOVAR

Em muitos países que eu conheço o problema não é assim tão grave pois vivendo neles povos por natureza organizados já resolveram a maioria dos problemas burocráticos dos respetivos ministérios da educação e, por isso, têm mais tempo e calma (e até liberdade) para pensarem na inovação no ensino.

Entretanto, continuam a escrever-se os tais livros sobre educação, cada autor propondo ideias, pistas e até interessantes soluções para um melhor ensino só que, com raras exceções, estão a perder tempo (a não ser dando o seu contributo científico, filosófico ou moralista) pois ninguém lhes liga (raro é, se é que já aconteceu, um livro sobre educação tornar-se num "best-seller").

Houve em tempos uma conhecida editora que me convidou a escrever um livro sobre "educação". Pensei no assunto e disse dá para os meus botões "eu tenho algumas ideias, que até podem ser consideradas anormais mas acredito nelas". Mas não vou escrever o livro. Não. E jamais o farei.

Ia arranjar muitos inimigos e meter-me em sarilhos (bastou-me um dia ter dado uma entrevista sobre a "reforma da educação" a um conhecido jornal e meia dúzia de supostos professores, a coberto do anonimato - isto do anonimato dá muito jeito nestas coisas - desancaram na minha pessoa que até fiquei atordoado com a falta de caráter demonstrada. Curiosamente, essa mesma entrevista levou a que outros professores, mais alinhados com as minhas ideias, me tivessem convidado a proferir uma série de palestras sobre o tema, o que fiz com todo o agrado e sem que alguém me tivesse adomestado).

Continuaremos a ouvir a palavra "educação" no rol daquelas que são centrais para a modernização de uma sociedade, tal como acontece com a "saúde", a "justiça", etc., e que estão sempre na boca dos políticos e depois refletidas nos jornais e nos tais livros.

Acontece que atualmente já não iremos com reformas educativas (remendos) mas com uma revolução de alto a baixo. Mas quem é o ministro (ou o Governo) que tem coragem para mexer nos interesses (e comodismos) instalados, nomeadamente nos sindicatos (extremamente conservadores para o meu gosto), nos pais igualmente conservadores nos seus padrões mentais, nos alunos e nos professores (aqueles que teriam de aceitar uma reciclagem da sua própria formação)? Provavelmente, como acontece noutras coisas humanas, vai ser tudo feito à pressa e por força de circunstâncias para já imprevisíveis.

E aqui nada mais tenho a dizer nem a acrescentar (embora a lista de erros colossais que a educação tem vindo a acumular comece a ser muito preocupante para o futuro dos jovens estudantes que vão encontrar uma sociedade para a qual estão cada vez menos preparados).

Nelson S Lima

LIBERTE-SE DAS AMARRAS MENTAIS

Muitos dos nossos problemas residem em hábitos estabelecidos e dos quais não temos geralmente consciência. Eles dão origem a comportamentos, atitudes e escolhas que repetimos rotineiramente. Chamam-se padrões.

Alguns desses padrões são positivos mas muitos outros impedem-nos de usufruir de uma vida melhor. Quando cometemos repetidamente certos erros devido aos tais padrões inconscientes isso significa que, bem lá no fundo, nós acreditamos que, insistindo nos mesmos, conseguiremos algum dia atingir os nossos fins. E nós insistimos porque sofremos daquilo que Freud chamou de "compulsão de repetição", a qual chega a ser, segundo ele, "mais forte que a vontade de viver e mais forte que o medo de morrer".

E então surge a decepção quando verificamos que os nossos padrões de comportamento inconscientes não nos levam onde queremos. Na verdade, nós tornamo-nos escravos desses padrões porque eles são motivados pela esperança otimista de que algum dia resultarão.

Você não imagina quantas pessoas talentosas e cheias de potencialidades ficam longe de realizar os seus sonhos por causa desses resultados sistematicamente improdutivos. Muitas queixam-se da má sorte ou do mundo cruel que as impedem de ter sucesso na vida (pessoal, profissional, social, etc.).

É vulgar verificarmos que o problema está nelas próprias ao cometerem erros sistematicamente (e, regra geral, os mesmos). É como estarmos 2 ou 3 anos a responder a anúncios para um emprego, usando a mesma abordagem e sem nada mudar. Está bem de ver que 2 ou 3 anos a repetir as mesmas respostas são mais do que suficientes para concluirmos que essa não será a melhor estratégia ou o caminho mais adequado. Este é um bom exemplo de um padrão e de como insistimos nele esperançosamente. E, entretanto, o tempo passa e as coisas provavelmente pioram.

Ora, frequentemente, uma qualquer mudança na nossa vida (como arranjar um emprego) só é possível quando quebramos alguns dos nossos padrões de comportamento. O segredo está em aproveitarmos a energia que os anima. Temos de repensar, de fazer uma auto-psicanálise para descobrirmos onde estamos a errar ou onde está o obstáculo que nos impede de seguir para uma nova etapa com sucesso.

Em conclusão: nós precisamos de seguir determinados padrões e adquirir hábitos saudáveis para termos uma vida bem sucedida. Mas quando cometemos certos erros com alguma frequência ou nos sentimos infelizes com a nossa vida talvez precisemos de mudar alguns padrões.

O psicanalista Dr Farrell Silverberg, de Filadélfia (Estados Unidos) criou uma fórmula que nos pode ajudar a quebrar os tais padrões improdutivos. Diz ele que o processo é:

1º Descobrirmos os padrões que nos conduzem a erros ou insucessos que se repetem com alguma insistência.
2º Analisá-los e compreender como se formaram e funcionam.
3º Fase da mudança: quebrar os padrões que nos impedem de avançar e adotar outros mais produtivos.
4º Mexermos no nosso estilo de vida para defendermo-nos de cair nos padrões de comportamento anteriores.

Será precisa alguma coragem para mudarmos os nossos padrões? Talvez. Mas o mais importante é querer mudar e passarmos à ação. Sem adiar para amanhã (adiar para amanhã é um padrão de comportamento que afeta muita gente).

Nelson S Lima 

Como a cultura influencia o estado de saúde.

O meu trabalho de pesquisa sobre Biologia Evolutiva, visando uma nova pós-graduação, centra-se no impacto da evolução da cultura (desde há 10.000 ou 12.000 anos) no estado de saúde do homem atual e, obviamente, o que aconteceu até aqui.

É surpreendente como, a partir de uma certa época (a invenção da agricultura) houve uma transformação radical nas condições de vida dos humanos não para melhor como seria de esperar mas para pior. Nesse capítulo, como não houve tempo para evolução biológica (é muito mais lenta), a evolução cultural (que alterou hábitos, modos de vida, transformação de alimentos e até condições higiénicas) passou a ter um papel crucial na saúde dos humanos.

A evolução cultural trouxe o sedentarismo, as grandes crenças e religiões organizadas, a aquisição e transmissão de novos estilos de vida, mudanças profundas na dieta alimentar e novas doenças. Para muitos poderá ser surpresa que os achados arqueológicos mostrem que os nómadas (quer eram caçadores-recoletores) tinham melhor saúde do que os que viviam em comunidades e dependentes da transformação crescente dos alimentos.

Aos poucos o homem foi transformando plantas que antes eram silvestres e modificou radicalmente a dieta. O sedentarismo trouxe também doenças devido às más condições higiénicas com que se vivia nos grandes aglomerados. Ratos e parasitas passaram a fazer parte do "habitat" humano enquanto a sujidade aumentava de forma assustadores dando origem a grandes pragas frequentes.


Ainda estamos nesse ciclo que foi amplificado pela revolução industrial. Se é um facto que ela trouxe benefícios de origem tecnológica e mais conforto também temos de dizer que as condições de vida pioraram em cidades que já albergavam milhões de habitantes pobres nos finais do século 19.

Ao contrário de há 20 ou 30 mil anos, em que tudo o que alimentava o homem era produto da natureza (desde a caça à fruta e outros vegetais silvestres), atualmente é raro aquilo que comemos oriundo de produtos naturais, mesmo aqueles que chamamos de biológicos (agricultura biológica).

A introdução do açúcar, do sal e do amido em grandes quantidades na nossa alimentação deve-se à indústria alimentar. E, como todos sabemos (ou devíamos saber) esses alimentos (incluindo os lácteos) estão hoje comprovadamente classificados como causadores de uma série de patologias (onde destaco a diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e outras) que eram desconhecidas nos tempos antigos.

Produtos refinados e processados de mil maneiras enchem hoje as nossas dispensas e é ali que vamos buscar os nossos alimentos. Uma crescente percentagem de pessoas vive 80 ou mais anos mas à custa da medicina e de fármacos que procuram tratar sintomas, mantendo-as com uma série de doenças crónicas.

Leia sempre os rótulos e tenha cuidado com o excesso de açúcar, sal, leite, gordura trans, trigo e amido que quase todos os alimentos industrializados contêm. E não se esqueça também que a fruta que hoje ingerimos é manipulada industrialmente.

Nelson S Lima
Colaborador da Stop Cancer Portugal

Entrevista à revista SÁBADO



Edição desta semana de uma das revistas mais lidas em Portugal. O tema é aquele que está em destaque na capa: inteligência e ocupa 9 páginas (a partir da 36).
A jornalista Sara Capelo foi quem fez a reportagem. Ela foi ouvir diversos especialistas, nomeadamente Howard Gardner (o teórico das inteligências múltiplas), Branton Shearer, Brooke Macnamara e eu, Nelson S. Lima.
É um documento para o público leigo interessado nesta matéria pelo que não se esperem grandes novidades científicas nem tão pouco uma linguagem académica.
O tema já é - digamos - "velho" (as inteligências múltiplas foram tornadas públicas por Gardner já em 1992 e hoje em dia já muito mais se avançou nesse campo, havendo outras propostas com as quais eu estou mais de acordo - que é o caso da Teoria Triárquica da Inteligência, de Sternberg).
A minha participação é breve mas, ok, com direito a uma foto. O artigo, embora não traga quaisquer surpresas, recomenda-se pois inclui definições e um teste de simples elaboração, não se exigindo muita inteligência para o fazer (aliás, não é daqueles que supostamente avaliam o Q.I. mas, sim, quais as suas preferências em termos de "habilidades" conotadas com as inteligências múltiplas - a interpessoal, a intrapessoal, a espacial, a corporal-cinestésica, a musical e outras).
Nelson S Lima (13/03/2015)

RETARDAR O ENVELHECIMENTO....COM SAÚDE



Chamam-nos "cronies" e pensam que somos uns obcecados com as dietas. Nada mais errado (e tolo).

Os "cronies" são as pessoas que seguem uma "restrição calórica através de um nutrição ótima". E é daí que vem o nome de "cronies", sigla inglesa resultante do nome do programa Calorie Restriction with Optimal Nutrition.

Pertenço ao grupo dos "cronies" (desde que tive um melanoma há 30 anos) que estão a ser seguidos por cientistas especializados em biologia, gerontologia e neurociência cognitiva e que estudam os efeitos da restrição calórica e da otimização nutritiva no envelhecimento celular.
 
Os "cronies" com mais de 60 anos de idade, por exemplo, além de baixos níveis de colesterol e triglicerídeos podem ter uma média de pressão arterial próxima dos 100/60 (semelhante à de uma criança) e níveis baixos de glicemia (açúcar no sangue).

Por outro lado, apresentam artérias mais flexíveis e o músculo do coração apresenta-se saudável (sendo também não muito diferente dos jovens adultos).

Têm outras particularidades que resultam de uma dieta que é hipocalórica (controlada) pelo que são frequentemente vegetarianos e seguem um regime flexível em que comem com prazer, não passam fome nem ficam anoréticos pondo em risco a sua saúde. Antes pelo contrário.

O objectivo de seguir este regime (sempre que posso sou eu mesmo quem cozinho as minhas refeições) é a saúde integral e o retardamento do envelhecimento, podendo levar a uma vida mais longa e sem doenças crónicas.

Os estudos até hoje realizados mostram, efetivamente, que uma dieta ótima tem um limite de calorias que é cerca de 20 a 30% inferior ao das pessoas que comem "de tudo" (incluindo muita carne e gorduras nocivas).

Convém fazer algumas análises regularmente para verificar se os níveis de vitalidade estão dentro dos padrões desejados. Nem todas as pessoas são iguais pelo que temos de fazer, inicialmente, alguns ajustes.

Esta dieta não tem riscos mas há pessoas que exageram e quase deixam de comer. Isso então é um problema pois o objetivo não é esse. Os anoréticos não fazem parte dos "cronies".

Significa isto uma garantia total para uma vida isenta de doenças e com longevidade assegurada? Não. Mas nós, os "cronies", estamos revelando resultados muito encorajadores e um envelhecimento ótimo (com raras exceções devido a outros fatores muito pessoais não controláveis, geralmente genéticos).

ALGUNS DOS CIENTISTAS ENVOLVIDOS

Don Ingram, Ph.D, CALERIE Study, Pennington Biomedical Research Center;
Roz Anderson, Ph.D, Department of Medicine, U of Wisconsin;
Joseph Dhahbi, MD, Ph.D, Biochemistry, Spindler Lab, U. of California, Riverside;
Eric Ravussin, Ph.D, CALERIE Study, Pennington Biomedical Research Center;
Andrzej Bartke, PhD, Director of Geriatric Medicine and Professor of Physiology and Medicine, Department of Internal Medicine, Southern Illinois University School of Medicine;
Jennifer Fenton, MS, PhD, MPH Assistant Professor, Dept of Food Science and Human Nutrition, Michigan State University;
Luigi Fontana, MD, PhD Research Assistant Professor in Medicine, Geriatrics and Nutritional Science. Washington University in Saint Louis School of Medicine;
John O. Holloszy, MD Professor of Medicine; Director, Section of Applied Physiology, Geriatrics and Nutritional Science. Washington University in Saint Louis School of Medicine;
Pankaj Kapahi, PhD Associate Professor, Buck Institute for Research on Aging;
Thomas Seyfried, PhD Professor of Biology Boston College, specialist in alternative methods of cancer prevention and treatment;
David Sinclair, PhD Professor, Department of Genetics, Biological and Biomedical Sciences, Harvard Medical School;
Stephen Spindler, PhD Professor of Biochemistry & Biochemist, College of Natural and Agricultural Sciences, Department of Biochemistry, University of California at Riverside;
Eric Verdin, MD Associate Director and Senior Investigator, Gladstone Institutes; Professor, University of California at San Francisco.
George Roth, Ph.D, GeroScience, Inc.;

Nelson S Lima

TER OU NÃO TER SORTE NA SAÚDE

Para muitas pessoas, o fator sorte tem um grande peso na saúde. Ou seja, para elas esta depende muito de circunstâncias que escapam ao seu controlo. E daí a sua influência por vezes dramática nos diferentes domínios da vida.

Acontecimentos casuais, aleatórios, acasos impensáveis e outros elementos que, se revelados, se mostrariam absurdos e inacessíveis à compreensão, fazem parte da nossa vida. Todos os dias somos surpreendidos por ocorrências imprevisíveis, geralmente de pouca importância e às quais nem prestamos atenção. Mas a nossa vida também está cheia de surpresas, nem sempre boas.

E, assim sendo, desde sempre o ser humano considerou a sorte um fator muito importante, pelo que foi criando ao longo de milénios diferentes estratégias para o alcançarem. Os antigos gregos, por exemplo, confiavam as suas vidas a Moros, o seu deus da sorte e do destino.

Mesmo agora no imaginário popular, a sorte é algo indeterminado que depende de forças estranhas e ocultas pelo que as pessoas depositam a sua confiança na intervenção de energias superiores, nomeadamente entidades divinas ou, mais vulgarmente, em pessoas que se anunciam dotadas de poderes mágicos para manipularem a sorte (e o destino) dos seus clientes.

No que toca à saúde, a sorte também aparece como um fator decisivo. As pessoas esperam que, com alguma sorte, se mantenham saudáveis. É por isso que, muitas vezes, certos sinais de alerta do organismo são ignorados ou desvalorizados porque se espera que a sorte cumpra a sua função e o problema, se resolva.

ABUSAR DA SORTE
O assunto agrava-se quando, confiando na sorte, as pessoas desafiam as leis da vida e arriscam para além dos limites daquilo que chamamos “bom senso” (a que não é estranha a “prudência”). Nessas alturas, elas abrem as portas ao perigo, confrontando o destino e comportando-se como jogadores.

Muitas vezes, não se trata de audácia (“a sorte protege os audazes” – dizem) mas de pura negligência. E aí, sim, a saúde e a própria vida, podem ficar excessivamente nas mãos da sorte e do acaso.

De facto, o comportamento negligente, muito visto em pessoas que geralmente se consideram com sorte, é um dos principais causadores de acidentes, doenças e outros infortúnios.

Como diz o povo, “abusar da sorte” não é uma boa forma de se estar na vida. Aliás, pode ser uma aventura perigosa desafiar o desconhecido, isto é, aquilo que resulta como consequência de atitudes, decisões, escolhas e condutas impensadas e estúpidas.

Concluo dizendo que, na saúde, não devemos confiar apenas na sorte para ela nos proteger dos problemas ou ajudar a resolvê-los. É necessário que estejamos preparados para nos envolvermos no governo do nosso bem-estar, atuando preventivamente e ajudando também o organismo a recuperar dos problemas quando eles ousam dominar-nos.

A sorte, da mesma forma que a esperança, não são dons com que nascemos. São fatores que podem jogar a nosso favor se não deixarmos tudo nas mãos do acaso. Essa mudança de atitude pode, em muitas circunstâncias, salvar-nos a vida.

Nelson S Lima
Colaborador da STOP CANCER PORTUGAL

CONTRASTES

Nunca a sociedade humana viveu tempos tão interessantes como actualmente! Há cada vez mais pessoas na Terra, as cidades fervilham de vida, a tecnologia nos oferece cada vez mais conforto e qualidade de vida e o conhecimento nunca foi tão avançado! Esta é uma visão positiva da vida.

Mas também podemos ter uma visão diferente sobre as mesmas coisas. As cidades crescem mas estão cada vez mais inseguras e com muitas bolsas de pobreza em muitas regiões do mundo e a tecnologia também trouxe problemas: poluição, desemprego, stress, armas muito perigosas, etc. Esta é uma visão mais negativa pois incide apenas sobre os efeitos secundários do progresso.

Seja como for, devemos ter uma visão realista de vida e ao mesmo tempo positiva, oferecendo o nosso próprio contributo para que o mundo melhore. E esse contributo pessoal pode ser imenso. Veja: nós podemos melhorar a nossa cultura, pensar mais nos outros, ser mais solidários e humildes, cultivar a inteligência, educar bem as nossas crianças, cuidar dos indefesos, ajudar a manter nossas cidades limpas...Tantas coisas e tão boas nós podemos fazer!

O nosso espaço de manobra e de intervenção é ainda muito amplo. Não nos deixemos sufocar por nossos medos ou pelas inibições. Aprendamos a cultivar uma mentalidade aberta, a ter uma visão alargada da vida e do mundo.

Devemos entender que não somos apenas cidadãos de uma pequena ou de uma grande cidade. Isso não importa, porque, acima de tudo, somos cidadãos do mundo, habitantes deste maravilhoso planeta azul e brilhante onde não faltam oportunidades para fazermos uso dos nossos recursos fundamentais: a capacidade de amar, a capacidade de pensar, a capacidade de aprender e a capacidade de julgar!
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Competitivo, incerto, rápido, indeterminado, complexo, eis o nosso mundo. Colocar a cabeça na areia e ignorar que as transformações sociais, tecnológicas, económicas e outras interferem na nossa vida é má política e pode ser suicida. Por isso recordo aqui alguns conselhos de Augusto Cury que recolhi na sua teoria da Psicologia Multifocal. Dediquemos o nosso aperfeiçoamento pessoal a...

1º Desenvolver a Arte da Pergunta (sermos curiosos na procura de mais saberes).
2º Desenvolver a Arte da Dúvida (para que nos interroguemos sobre nós próprios e os outros antes de tomarmos decisões).
3º Desenvolver a Arte da Crítica (fundamental para decisões inteligentes).
4º Analisar as diversas variáveis que estão em jogo para atingirmos os nossos objectivos (procurando prever os obstáculos, o impensável e o inesperado mas não impossível).
5º Valorizar as relações sociais e procurarmos ser agentes sociais.
6º Aprender a expor as nossas ideias (o mundo hoje ferve de ideias e inovações).
7º Ter uma visão multifocal da espécie humana.
8º Expandir o mundo das ideias através do uso das artes da inteligência (a arte da pergunta, dúvida, crítica, observação, análise).
9º Aprender a colocar-nos como "eternos" aprendizes.
10º Procurar sermos engenheiros de ideias actuando com consciência crítica.
Muito do nosso futuro é previsível, mas pode surpreender-nos! Devemos então estar preparados!

Nelson S Lima 

O FUTURO É ABERTO

NÃO GOSTO DA PALAVRA IDOSO
E muito menos de "velho"....

Uma notícia oriunda de Inglaterra e que envolveu um estudo com 1.000 homens, os cientistas chegaram à conclusão que os homens apenas atingem a maturidade cerca dos 50 anos de idade!!! Segundo o estudo, os homens precisam, atualmente, de mais tempo para amadurecer do que as gerações anteriores, muito por causa da pressão financeira e da paternidade tardia. Dois terços dos bebés nascem depois de os pais completarem 30 anos. No meu caso, os meus filhos mais novos nasceram quando eu tinha 47 anos.

"Vivemos muito mais tempo e com os custos de vida a aumentar e a paternidade a ser adiada, os homens levam, inevitavelmente, mais tempo para se sentirem resolvidos", explicou Asim Shahmalak, da Crown Clinic, promotora do estudo.

Não tenho ainda muitos elementos que me permitam analisar o estudo e ficará para para uma próxima oportunidade. Mas retive uma informação preocupante: o jornal britânico Telepraph revelou que 80% das mulheres acreditam que homens nunca deixarão de ser infantis. Entre as formas de ser “criança”, elas consideram atos como achar graça a coisas patéticas e não conseguir cozinhar uma refeição simples (entre outras tarefas).

Ora, aprecio a palavra "sénior" que, aliás, se aplica a certas profissões. Por exemplo, um "gestor" ou "executivo" sénior é um "senhor", geralmente respeitável e ocupando posições de destaque e de grande responsabilidade tanto nas empresas como na governação. Mas não preciso ir tão longe. Um sénior pode ser altamente produtivo em qualquer área em que se sinta útil.

Na Inglaterra, por exemplo, salvo raras exceções, não há preconceitos contra os idosos. Todos os dias recebo no meu email ofertas de emprego para "executivo sénior" (isto porque em 2009 inscrevi-me, por mera curiosidade, em 3 ou 4 agências de emprego inglesas). E dá para ver que não falta a procura de "séniores" para os mais diferentes cargos (ver o jornal "The Guardian" aqui: http://jobs.theguardian.com/jobs/senior-executive/).

Ora ser-se "velho" pode acontecer em qualquer idade (através da psicologia, da biologia, etc., pode entender-se isso muito bem). Ser-se "idoso" também. Como diz o Doutor M. Oz "velho é uma ideia que se instala na cabeça das pessoas, por vezes bem antes do tempo em que se poderá sentir o peso da idade".

Essa de um idoso ser um "velhinho" (ou a caminho de o ser) é de uma grande hipocrisia. Os mais "novos" tendem a tratar os idosos como se fossem uns pré-inválidos e pré-senis (é certo que alguns idosos têm mesmo problemas que a idade arrasta consigo mas em 80% dos casos a culpa é da vida que levaram e não do desgaste natural do corpo).

Como há tantos tratamentos sociais diferenciados, eu geralmente prefiro, há muitos anos, usar a palavra sénior. É mais honesta e não tem preconceitos incluídos.

Se uma pessoa meter na cabeça que é velho - bem - fica mesmo velho em pouco tempo. A forma como nos vemos (e que também é influenciada pela sociedade) tem nisto um enorme peso. Chame velho a um sénior menos resistente a este tipo de ataques e ele envelhecerá rapidamente.

O sénior é a pessoa que já chegou ou está próximo da sabedoria que a vivência de muitos anos lhe ofereceu. E isso pode ser (deve ser) uma mais valia para a sociedade. Por isso tantos continuam a trabalhar, criam negócios, assumem novas responsabilidades, etc. É claro que há aqui questões culturais, educacionais e sociais.

Daqui por uns 20 anos haverá uma enormíssima percentagem de pessoas com mais de 70 anos de idade nos países mais desenvolvidos. É que, nessa altura, a esperança de vida estará bem perto dos 100 /120 anos. Ou seja, uma pessoa com 70 anos estará praticamente a meio da vida. Estará na "idade madura". E o que vamos fazer com eles? Reformá-los e pô-los em "lares de idosos"? 

Nelson S Lima 


Sir Richard Branson (63 anos) é um famoso empresário britânico, nascido na Inglaterra, o fundador do grupo Virgin. Os seus investimentos vão da música à aviação, vestuário, biocombustíveis e até viagens aeroespaciais. Tem uma formação básica mas é um empreendedor nato e muito irreverente. Símbolo da Arte do Inconformismo e de uma Inglaterra em renovação!

INTELIGÊNCIA CIENTÍFICA E IMORTALIDADE

No filme "Transcendence - a nova inteligência" um cientista, tendo sido assassinado, consegue manter viva e expandir a sua mente através de um artifício que muitos cientistas não dizem ser de todo impossível de vir a acontecer no futuro.

Antes de morrer, devido aos ferimentos de um atentado contra si, os colegas (neurocientistas) ligam o seu cérebro a um potente computador e retiram toda a informação guardada na sua memória, não apenas conhecimentos mas também tudo a respeito do seu passado, da sua vida e de si mesmo (a sua autoconsciência). E, assim, embora o corpo tivesse morrido, a mente manteve-se viva no mundo da realidade virtual.

Embora esta seja mais uma história de ficção científica, um pouco semelhante a outras do género, uma nova geração de neurocientistas, matemáticos, engenheiros, biólogos e físicos que têm vindo a dedicar-se à chamada inteligência artificial e ao estudo e desenvolvimento das novas tecnologias da computação acredita que, mais cedo ou mais tarde, tal artifício - guardar os nossos dados e atividades mentais num sistema informático de alta capacidade - será uma realidade, tornando-nos, de certa forma, imortais. Se isso acontecer estaremos diante de uma nova e derradeira fase da humanidade.

A verdade é que as nossas palavras e imagens pessoais já estão espalhadas pelo mundo através da internet. Estão guardadas no que se designou chamar "a núvem" ("núvem de informação" onde eu e você estamos) e que nos liga a todos através de sistemas que já fazem parte do nosso quotidiano como a internet (através da qual estamos agora aqui no "facebook" e não só).

Imagine você, antes de seu corpo falecer, decidir manter sua mente viva dentro de um computador. Mais: imagine que sua mente - que é você, com todas suas capacidades de memória, pensamento, inteligência e conhecimentos - aproveita a computação para continuar a viver e a desenvolver-se, interagindo com a família, os amigos e até trabalhando em algum tipo de teletrabalho. Você se torna numa espécie de "software" potentíssimo, vivendo num mundo artificial feito de silício (componente usado no fabrico de computadores e outros aparelhos eletrónicos).

Do filme: TRANSCENDENCE - A NOVA INTELIGÊNCIA
No filme "Transcendence" o protagonista aparece nos monitores usando a figura animada do seu rosto como se estivesse usando o "Skype" e fala com quem está à sua frente (veja foto). A coisa torna-se complicada quando a mente dele adquire um poder extraordinário. Ele "viaja" por todo o mundo digital usando as redes da internet.

Segundo os cientistas, isto pode acontecer em pouco menos de 50 a 100 anos se não se estabelecerem regras que impeçam a inteligência científica de ir além do que a ética e a moral considerem aceitável para proteção da própria humanidade.

Imagine podermos continuar vivos transferindo a nossa mente para dentro de computadores especiais. Andaríamos por aqui, eternamente (ou temporariamente), num mundo real mas de outra natureza, aquela a que chamamos "virtual" mas que terá, qualquer dia, uma outra designação.

Verdade seja dita. Já estivemos mais longe desta ficção. A mente é energia e informação fornecidas pelo cérebro/corpo. É por isso que, atualmente, já é possível escrever num computador apenas usando o pensamento. Mais: também se consegue fazer mover um corpo artificial introduzindo uma pessoa tetraplégica dentro de uma espécie de "armadura" permitindo que ela se erga e se movimente de pé.

É por isso que o neurocientista Miguel Nicolelis, que escreveu um livro sobre as suas experiências nesta área, escolheu para título esta espécie de aviso: "Muito Além do Nosso Eu". É isso mesmo, o título diz tudo.
Com tais possibilidades em aberto estamos pois no limiar de um novo mundo com espantosas e inacreditáveis possibilidades.

Mesmo receando falar-se em "imortalidade" é de tal matéria que se trata. Só que esta será uma imortalidade diferente de qualquer outra até aqui imaginada. É uma imortalidade mental e espiritual efetiva, visível, pois usaremos um imenso cérebro artificial para continuarmos vivos e participando na vida (lembremo-nos que a medicina apenas garante que uma pessoa está morta quando o seu cérebro deixa de trabalhar). Como será depois se o que está no cérebro biológico passar para um cérebro tecnológico? E, mais arrojado ainda, e se se conseguir criar cérebros biológicos a partir de moderna tecnologia dando nova vida a um cérebro doente ou envelhecido?

Os mais céticos que se recordem que a maioria dos objetos eletrónicos atuais (como os computadores que participam nos comandos dos grandes aviões e "dão vida" a muitos outros aparelhos, incluindo próteses) seriam considerados pura e louca ficção científica há apenas algumas décadas. Hoje, essa tecnologia está entre nós e já não prescindimos dela. Mais: ela continua a evoluir e rapidamente.

Veja só: em 2011, cientistas da Universidade Wake Forest e da Universidade do Sul da Califórnia conseguiram captar e gravar uma memória de um rato e guardá-la digitalmente num computador. Uma data histórica das neurociências!